Sem querer parecer pretensiosa...mas não resisto ao impulso de falar de Fernanda Young depois da apresentação da peça “Vergonha dos pés” exibida nesse final de semana. Como todos os que se destacam pela característica polêmica de seus pensamentos e atitudes, há os que a adoram e os que a odeiam...e o pior, há aqueles que nunca ouviram falar dela.
Ouvi críticas de todos os tipos.em relação à peça. Uma amiga chorou deprimida a noite toda. Outra, achou cansativa, mas não negou a belíssima originalidade do cenário, a atuação perfeita do incomparável Danton Melo e a performance surpreendente de Priscila Fantin.
Ouvi também comentários inteligentíssimos sobre a incrível barriga malhada da atriz. Foi o que mais chamou a atenção de um grupo de espectadores...plagiando a autora da peça, fiquei irritadíssima.Mas gosto não se discute. Ou melhor: Gosto respeita-se, mas discute-se sim. Enfim. Deixemos de lado a peça em questão e voltemos à Fernanda Young.
Sou daquelas que guardo seus textos. Volta e meia nas minhas arrumações encontro um ou outro dobradinho numa agenda antiga ou dentro de um bolso qualquer. Não resisto. Sua simplicidade em escrever me faz ficar, novamente, irritada ao ler textos ou poemas, dos que se dizem escritores ou poetas e procuram uma complicação exagerada, como se isso fosse sinônimo de inteligência e cultura. Deixam de lado o simples, pois não conseguem, de forma sutil, separá-lo da vulgaridade.
A autenticidade de Fernanda Young me remete às fashions weeks da vida. Seus pensamentos, assim como as roupas apresentadas em tais desfiles são tendências. Dificilmente conseguimos coloca-los em prática. Sua visão de relacionamento, de amor, de sexo é impraticavelmente simples e verdadeira. Tanto que preferimos falsas convenções.
Ela consegue, através de seus pensamentos retratar uma realidade dura e cruel. Mostrar um mundo onde não há mais lutas, grandes amores, onde não existe a busca, nem ideais. Através deles vejo que cada vez mais, convenções fúteis e ilusórias impostas, nos levam à solidão. Nossas imperfeições estéticas nos afastam do amor. Tiram-nos a simplicidade da real atração do cheiro de fêmea. Vejo apenas um dia após o outro.
Isso tudo me faz voltar à peça... “Quantos milhares e milhares de pessoas passam pelo mundo e não deixam nada...nem mesmo uma lembrança de sua passagem.” É isso ai...Quantos assistiram à peça e não conseguiram extrair nada dela, a não ser a enorme admiração pela barriga tanquinho da atriz...
Fernanda Young perpetuará entre nós através de seus pensamentos.Afinal, como ela mesma diz: “O problema é que quero muitas coisas simples, então pareço exigente”
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