STF decreta fim da exigência do diploma e abala profissão de jornalista

O resultado da votação do STF ontem que decretou o fim da exigência do diploma para o exercíco da profissão de jornalista provoca reações das mais diversas nas ruas e entre a categoria nesta quinta-feira, 18. De um lado, há o que pensam que a vitória...

A Fenaj - Federação Nacional dos Jornalistas, e a ABI - Associação Brasileira de Imprensa estão em choque com o resultado da votação de ontem no STF - Supremo Tribunal Federal que colocou fim à exigência do diploma de nível superior para o exercício do jornalismo. Segundo o presidente da Fenaj, Sérgio Murillo, o prejuízo é imenso para a categoria. Ele não poupou críticas ao presidente do Supremo, que chegou a fazer comparações esdrúxulas para desmerecer a necessidade do diploma.

Por outro lado a ANJ - Associação Nacional dos Jornais e a Abert - Associação Brasileira de Emissoras de Rádio e TV comemoram. Sem a obrigatoriedade do diploma as empresas ganham mais liberdade para buscar profissionais com o perfil desejado, e não necessariamente os que tem diploma. A briga vem de longa data, e mesmo com o fim da obrigatoriedade, o que os empresários do ramo da comunicação argumentam é que continuarão a valorizar o profissional que tem diploma. Desde que além dele, existam outros requisitos, como a qualificação para a vaga, nem sempre garantida pela formação universitária simplesmente.

Na manhã de hoje, alguns amigos começaram a ligar para comentar o assunto. Um deles, muito querido, em tom de chacota me disse: "Tô procurando diploma de jornalista para fazer uma fogueira. Me arranja o seu?" A ironia e a comemoração com a queda da obrigatoriedade tem a ver com a arrogância com que muitos colegas sem diploma foram tratados ao longo dos últimos anos, especialmente por alguns jornalistas sindicalizados, que vinham promovendo uma verdadeira "caça às bruxas" nas redações e assessorias.

Meu diploma demorou a chegar e foi fruto de muita luta comigo mesma para me disciplinar novamente à frequência dos bancos de uma universidade, já com muitos anos de profissão, e de curso interrompido lá atrás, no começo dos anos 90, quando troquei Goiás pelo Tocantins. Não está disponível para fazer fogueira, e explico por quê. Embora contrária ao tratamento discriminatório dado a muitos, e favorável desde sempre à uma flexibilização maior do sindicato, não vejo caminho para o exercício da profissão de jornalista, que não passe pela qualificação profissional.

Como será esta qualificação depois da decisão do Supremo, é uma incógnita. Nesta quinta-feira, em que tenho certeza de que muitos estudantes de jornalismo acordaram perdidos e sem saber o que vão fazer de seu futuro profissional, o golpe tem sido sentido de norte a sul do País. Nestes tempos de abertura e democracia em que vale tudo na livre manifestação do pensamento e sua divulgação, jornalismo não é só opinião. Talvez isso é que o STF não tenha entendido.

Agora, é começar de novo, e encontrar um rumo para mostrar no dia a dia, quanto vale um jornalista qualificado. E não deixar  de provocar o debate entre universidade, profissionais e sociedade. Esta última, por sinal, a que mais precisa de profissionais responsáveis e comprometidos com um jornalismo cidadão. Aquele que não é de situação, nem de oposição, e que está a cada dia mais difícil de fazer.

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