Sucessão 2010: apressado come crú

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Estive lendo algumas entrevistas interessantes nestes dois dias. Quero destacar exatamente duas: uma da senadora Kátia Abreu e outra do petista e dirigente partidário Donizete Nogueira. A dele, veiculada primeiro, trouxe o desejo de alguns setores do PT de se coligarem numa grande chapa que traga em 2010 o prefeito reeleito Raul Filho, o atual senador João Ribeiro eo vice-governador Paulo Sidney.

Disse Nogueira, que o PT trabalhará para isto. A primeira parte do acordo parece factível, uma vez que Ribeiro tem legenda própria e da base do presidente Lula. A aproximação é tanta que está visível nos out-doors colados em Palmas esta semana (foto), onde a frase, atribuida ao presidente Lula (que está na foto com Ribeiro) não deixa dúvidas: "João Ribeiro é fundamental ara o Tocantins".

A verdade é que João Ribeiro é articulador de primeira, tem trânsito invejável em Brasília, e após fazer de sua filha, Luana Ribeiro deputada estadual, nas eleições de 2006, acaba de costurar uma imensa rede de apoio no interior, apoiando e elegendo prefeitos e vereadores. Ribeiro conhece bem a política tocantinense, sabe onde quer ir, e como fazer para chegar.

A segunda parte do acordo envolve Paulo Sidney, que será governador por oito meses, no último ano do mandato de Marcelo Miranda, virtual candidato ao senado, onde duas vagas se abrem. Justamente as de João Ribeiro e Leomar Quintanilha. O primeiro pode postular a reeleição, assim como pode alçar vôos mais altos. O segundo mira cargo vitalício na União.

O que intriga na fala de Donizete Nogueira é que este parece desconsiderar que Sidney tem como primeira opção ser candidato a governador, como apoio de Marcelo Miranda, e na chapa de Marcelo Miranda. Isto por que não há qualquer sinal de ruptura entre eles, e Paulo Sidney é, hoje, o nome que menos enfrenta resistências na base do governo.

Madura, e com visão de futuro, a própria senadora Kátia Abreu (outro nome forte para o governo) admite a possibilidade de não disputarem 2010. Assim, não há por que o PT agir como se Sidney estivesse "rifado" dentro das hostes políticas do governo.

O certo é que hoje muitos têm chance, mas ainda é bem cedo para esta definição. Dizer que Ribeiro herdará a UT e que o grupo Siqueira será banido para fora de uma possível chapa do PR por pertencer ao PSDB é outra visão estreita que desconsidera a história e maneira como funcionam as articulações na base utista.

Sonhar, desejar e construir novos caminhos é a grande "graça", possível hoje na política tocantinense. Mas já dizia o velho ditado popular: apressado come crú, e quem vai com muita sede ao pote, corre o risco de quebrá-lo.

Roberta Tum

roberta@blogdatum.com

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