Sucessão em debate: Ninguém pode dizer que tem o apoio de Siqueira para prefeitura de Araguaína

Tenho lido algumas interpretações de que o governo já bateu o martelo em torno da sucessão em Araguaína e teria como seu candidato preferido o secretário de Ação Social, Agimiro Costa. Não é o que se ouve nos bastidores. Até do próprio secretário, co...

O lançamento da pré-candidatura de Ronaldo Dimas à prefeitura de Araguaína pelo senador João Ribeiro(PR) esta semana no encontro regional que o partido fez em Palmas e novamente no encontro de Araguaína realizado logo a seguir disparou mais reações do que o lançamento da pré-candidatura da própria filha do senador em Palmas, Luana Ribeiro.

Alguns setores do próprio governo têm o entendimento de que o preferido de Siqueira para a cidade onde venceu as eleições em 2010, seja o secretário de Ação Social, Agimiro Costa, reforçado em todas as suas ações, administrativas e políticas pelo secretário de Juventude Olyntho Neto. Uma proximidade que vem de longe e teve laços fortalecidos na campanha do ano passado.

Para quem vê de fora realmente pode parecer. O encontro do PSDB na cidade foi praticamente comandado por Agimiro, que é homem da confiança do governador e que permaneceu com ele após o resultado desfavorável de 2006. Embora tenha sido prefeito de Babaçulândia, já cumpriu mandato de vereador em Araguaína e tem seus adeptos dentro do partido, que ajuda a reorganizar e dentro da base governista.

Mas a situação sucessória em Araguaína não é tão simples assim. E de fonte de alta plumagem no tucanato ouvi uma frase categórica: “Agimiro não é candidato de Siqueira à prefeitura de Araguaína e nem será”.

Governo tem motivos de sobra para não impor

O quadro na cidade que tem uma economia extremamente forte - não é cidade administrativa e super dependente do poder público como Palmas – é de divisão pelo menos em três grupos, desde agora. Um é o que gravita em torno do prefeito Valuar Barros. Com problemas sérios para administrar a cidade devido ao estado em que Araguaína chegou de desleixo e descaso ao longo dos últimos anos, especialmente com sua malha viária, o prefeito tem se recuperado.

Se Valuar, com toda as dificuldades consegue manter saúde, educação e serviços básicos funcionando, deve ter em torno de si de 25 a 30% dos votos para a próxima eleição, ligados à gestão do democrata.

Em outro extremo está a ex-prefeita Valderez Castelo Branco, que rompeu com Siqueira ao ser preterida na composição da chapa majoritária ano passado. O marido, Lázaro Botelho, comanda o PP no estado e dá sinais de buscar uma aproximação com o Palácio Araguaia. Nos bastidores sabe-se que ele sofreu bastante com a decisão da mulher de romper, e nunca confrontou a ponto de deixar mágoa e inimizade dentro da base.

O terceiro grupo é sem dúvida o de Ronaldo Dimas. Este que tem lastro com o governador Siqueira Campos, esteve mais próximo e se distanciou em momentos diferentes, tem também a fama de bom gestor. E não resta dúvidas de que Araguaína precisa mais do que nunca de alguém com esta característica.

Outra coisa que a cidade, por mais forte economicamente que seja não pode dispensar, é um gestor com parceria e livre trânsito no governo do Estado. Administrar Araguaína sem ajuda externa de recursos estaduais e federais é missão impossível. Pelo menos em se tratando de fazer uma boa gestão.

Observando à distância

O raciocínio que rola na cúpula governista é um só: para quê o governo vai interferir agora neste quadro, colocando a mão sobre uma candidatura prévia, há um ano da disputa, se tem companheiros bem colocados no páreo? Qualquer dos grupos que divide a preferência do eleitorado araguainense terá um “plus extra” caso tenha consigo o apoio do governo. A cidade tem eleições historicamente difíceis, mas se apoiar quem já tenha se próprio capital eleitoral, o governo tem chances de decidir a disputa sem maiores desgastes.

Por isto, deixar as águas correrem e cada pré-candidato se colocar, construindo seu projeto de governo, tem sido a opção do governador.

O próprio Agimiro em conversa dia destes comigo na capital, admitia que tem o desejo de ser prefeito de Araguaína, mas está determinado a não impor seu nome, até por que não vê que o caminho seja por aí. “Serei candidato se houver uma unidade dos companheiros, um grande entendimento”.

Ao que parece não há clima para aliança prévia. Pelo menos por enquanto.

Grupos da base podem trocar apoio envolvendo Palmas

No mais, Araguaína pode funcionar mesmo como moeda de troca por apoios na capital. Em Palmas, o PR tem quatro pré-candidatos, mas ainda não decidiu-se por nenhum. O PV, por outro lado, tem em Marcelo Lélis o nome que todas as pesquisas prévias indicam como o melhor colocado. Pode chegar o momento do apoio em Palmas para um projeto, significar o referendo em Araguaína a outro.

Por isto e por tudo mais, Ronaldo Dimas segue seu caminho livre de patrulhamentos. Ele e todos os demais que quiserem construir uma situação favorável. Definições não existirão antes de fevereiro chegar. E até junho, o afunilamento de pré-candidaturas será intenso.

Até lá, todos têm tempo. E ninguém pode bater no peito para dizer que tem o apoio do governador. Pelo menos não em Araguaína.

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