Teatro superlotado, gasolina super cara: consumidor vai ficando intolerante e assumindo sua própria defesa

Tem um movimento novo acontecendo em Palmas, especialmente, por ser a capital, que vai terminar exigindo mais eficiência e rapidez das autoridades que têm entre suas obrigações a defesa do consumidor. As pessoas estão ficando intolerantes quanto a pa...

O consumidor palmense está mais exigente. Também está mais organizado. E menos tolerante. É o que se pode ver nos recentes movimentos organizados na capital, por exemplo, em protesto contra o aumento do preço dos combustíveis.

Irritados por serem obrigados a pagar mais caro, e muito caro – entre R$ 3,10 e R$ 3,30 – pelo litro de gasolina, por exemplo, consumidores estão se reunindo para protestar. É o caso do buzinaço que ganhou adeptos pela rede, e que repercute no Twitter, Facebook e demais redes sociais com divulgação de data e horário de suas manifestações, fotos e resultados.

Querem um exemplo? Há alguns anos quem fazia aferição de quantidade de combustível nas bombas (e outras conferências de peso) era o Procon, raras vezes acompanhado pelo IPEM, ou Inmetro. O consumidor, mais acomodado naquela época (a coisa de 10 anos), tinha outro perfil.

Buzinaço contra a alta da gasolina incomoda

Agora não. Estudantes, profissionais liberais, vão às ruas para protestar. Escolhem um posto para lotar, pedem R$ 0,50 de gasolina (para incomodar), pedem nota fiscal, e agora deram para pedir que o frentista confira se um litro de gasolina é um litro mesmo.

Deu no que deu na segunda-feira num posto da rede Petrolíder, a mesma que fez aquele acordo com o governo e reduziu os preços temporariamente para depois voltar a subir. As justificativas para os 40 ml a menos estão publicadas. Segundo a direção da rede, houve um problema com a proveta utilizada, ou com a pressão da bomba.

O fato é que repercutiu.Imagine agora, quantos consumidores, na dúvida, não vão pedir a conferência da quantidade na hora de abastecer. Posto de gasolina, é igual a banco, neste sentido. Se diminuir 40 ml por litro, vai ganhar um absurdo no fim do dia. Igual às instituições financeiras que lançam centavos nas contas de seus clientes para diluir diferenças nos caixas no fim do expediente. Coisas que se a gente não notar bem, passam desapercebidas.

Teatro superlotado, mas... nem tanto

Outro caso que ganhou notoriedade nos últimos dias foi a superlotação do teatro Fernanda Montenegro - que não foi reformado ainda - e que está liberado pela prefeitura para receber espetáculos onde o próprio poder público municipal divulga a presença de 600 pessoas, num teatro com 512 cadeiras.

Questionados, os dois produtores das peças apresentadas semana passada afirmam ter colado mais gente do que comporta o teatro. A explicação? Que cabe, e a Fundação Cultural do Município permite até 80 acima da capacidade. É uma explicação de deixar qualquer um pasmo. Lotado, mas nem tanto. Ou melhor: super lotado, mas nem tanto.

No caso do teatro o problema é mais grave. É que o Corpo de Bombeiros mudou as regras para liberar a licença de funcionamento de diversos prédios na capital. Muitas empresas estão com problemas na própria prefeitura para obter alvará de funcionamento, por que construções que receberam habite-se quando ficaram prontas, agora precisam mudar todo o projeto de prevenção a incêndios, sob pena de não conseguir a licença dos bombeiros. De novo o consumidor dos serviços de locação, lá na ponta, é o prejudicado.

Pois bem, o Teatro Fernanda Montenegro também tem que se adaptar. Mas ainda não fez isto. A saída de emergência, que pouca gente sabe onde fica, está no fundo do palco. Conversando com um dos produtores, e questionando ontem se ele não acha inseguro para o público, que o teatro seja ocupado nas escadas e com cadeiras extras, ouvi uma resposta interessante. “Aquele teatro é inseguro pra 600, pra 500, ou pra 300, pela forma como foi feito”, disse.

A responsabilidade da prefeitura

E o pior: funciona além da capacidade, com autorização da própria prefeitura, que leva 5% da bilheteria, mais 30 cortesias. E aí, quem entra sem ingresso pelas prerrogativas dadas pelas diversas leis, fica em pé. Se quiser. Se acontecer qualquer tragédia, o produtor não tem culpa: foi autorizado pelo fiscal do povo (a prefeitura) a funcionar superlotado, num prédio público, que tem obrigação de ser segurou. Ou não?

O fato novo nisto tudo aí, é que o consumidor está mais intolerante. Seja para pagar R$ 400,00 numa mesa no show da Alcione e ser mal atendido pelos garçons “malas”, que só atendem quem os paga regiamente, a parte. Seja para pagar um ingresso para um espetáculo num teatro e ficar mais de uma hora dentro de um forno, sem garantia de segurança em casos de emergência. Seja para abastecer pagando caro, e ainda na dúvida se está levando todo combustível pelo qual está pagando.

É, senhores, os tempos mudaram. O consumidor amadureceu. E já está dando trabalho para os que são pagos para defendê-lo. Estes que antes andavam à frente, e agora precisam correr para tirar o pé do chão e acompanhar quem não suporta mais tantos abusos.

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