Tensão desnecessária com Bombeiros, ou: por pouco se cria um grande problema para administrar

Governar é tomar decisões, fazer escolhas, às vezes difíceis. A frase não é minha. É do ex-senador e secretário de Planejamento, Eduardo Siqueira Campos. Ele a disse num contexto, mas observando esta crise que se formou em torno das promoções, seus c...

Desde que o governo decidiu promover os bombeiros no seu dia comemorativo, acendeu-se a chama de uma crise dentro da corporação. Primeiro, por uma falha de comunicação. Depois por uma falha de conceito, ou de critério, do próprio comando. E agora por teimosia em insistir num erro que já ficou claro para toda a sociedade.

É o inverso do dito popular: “pegar um limão, e fazer uma limonada”. Neste caso, pegaram um doce e conseguiram azedá-lo. Como entender de outra forma uma atitude tão positiva - a de promover os militares bombeiros – ter se transformado neste nicho de insatisfação, crise entre comando e comandados, com repercussões negativas na opinião pública?

Primeiro, o próprio secretário de Planejamento antecipou no seu twitter que todos os bombeiros seriam promovido, inclusive seis casos pós mortem, com benefício para os herdeiros da pensão. Depois confirmou a mesma declaração aos portais de internet. Criada a expectativa, veio a decepção. No dia seguinte, 241 bombeiros foram promovidos. E não todos, conforme anunciado.

Até aí é compreensível. Eduardo teria recebido uma informação do comando e passou adiante. E a verdade não era bem aquela. Havia um problema legal em promover todos, em virtude do tempo de admissão e das funções exercidas, conforme me explicou um auxiliar direto do governador. O erro afinal, teria sido do comando e não do secretário.

Anunciadas as promoções, quem recebeu, esqueceu o assunto. E quem foi preterido dentro dos critérios do militarismo, abriu a boca no mundo a reclamar. E com razão. A antiguidade, um dos conceitos na hora de promover, não teria sido observada.

Assembléia corrige o erro, mas...

No segundo ato, entrou em cena a Assembléia Legislativa, que teria que aprovar a medida provisória que concedeu as promoções. Competente na hora de fazer a defesa de sua base, o deputado Sargento Aragão foi atuante, convincente, e não deixou brecha para outro resultado que não fosse a aprovação com emenda de sua autoria, determinando que as promoções fossem feitas observado o critério da antiguidade.

Diante disto, o que restava ao governo fazer? Acatar e promover os que faltavam. Ou não? Vão dizer que não há caixa para isto, com todos estes cortes nos últimos meses, ajustes, e superávit de receita. Não cola. Até por que não chegam a 200 homens, conforme a associação, são 191 os que têm direito a esta promoção.

E daí, azedou geral o clima entre associação que defende os bombeiros, o comando, que não tem de fato sabido lidar com esta situação, e o governo. Já que quem representa o governo diante da tropa é o comandante. E não o contrário, como deveria ser. Até determinar que a entidade representativa desocupe a sala que ocupava, foi ordenado pelo comando. O cúmulo da falta de diálogo, para não dizer outra coisa.

É por estas e outras, que temos visto iniciativas positivas se transformarem num verdadeiro inferno astral para o governo. No caso dos Bombeiros, o pouco virou muito e o custo político é maior. Resguardadas as devidas proporções, a PM tem uma má lembrança do antigo governo Siqueira. Agora boa parte dos os bombeiros (191 num universo de 442)  vão guardando a sua. E o pior é que não havia a menor necessidade de que fosse assim.

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