Tereza delira na Assembléia e vê miragens no Luzimangues. Infra-estrutura? Cadê?

O deputado estadual Marcelo Lélis movimentou meio mundo ao colocar em discussão na Assembléia a possibilidade de que a área dos Mangues, onde está o distrito de Luzimangues seja anexada à Palmas, com base na primeira definição territorial para a regi...

Esta questão toda do Luzimangues lembra a história do primo pobre e o primo rico. O distrito, que cresceu alí do outro lado do Rio Tocantins, margem esquerda, tem proximidade territorial com Palmas. Tem também uma dependência econômica e de serviços sociais básicos, daquilo que é oferecido na capital: empregos, saúde, educação. Por descuido de uns e falta de coragem de outros, o distrito tem todas as características de uma terra esquecida.Pelo menos até agora.

Mas dois fatores no entanto estão prestes a mudar esta história. O primeiro é que a sagacidade de uma meia dúzia, garantiu a exploração de áreas do Luzimangues para abertura de novos loteamentos a baixo custo, provocando uma corrida na aquisição destes terrenos justamente pela proximidade da capital. Mais que o preço, a facilidade do pagamento de lotes de 360 metros quadrados a prestações que variam entre R$ 200 e R$ 500 fez com que uns comprassem para morar, e outros para investir. Nesta última categoria se encaixam os que compram para os filhos e netos, e os que compram para esperar o preço subir e ganhar em cima disto. Os famosos especuladores.

Sobre o assunto, o vereador Fernando Rezende fez observações pertinentes ontem na Câmara de Palmas. A patrulha não gosta dele. Afinal ele comete o crime de ser dono de imobiliária. Mas se esquecem de observar o conteúdo de suas palavras: por que é mesmo que o Ministério Público não olha para os pobres do outro lado do rio, e compra aquela briga lá com os investidores (políticos conhecidos pelo meio) que ficaram muito a vontade até aqui para lotear e fazer uma infra-estrutura "meia boca" e um asfalto sonrisal?

O segundo é que lá na região dos Mangues - terreno frágil que requer também proteção ambiental - está instalada a plataforma da Ferrovia Norte e Sul. Dá para imaginar o que isso vai significar em recolhimento de impostos, não é mesmo? Tereza imagina. É tanto que mesmo não tendo dado ao Luzimangues o que é do Luzimangues até aqui, acusa Lélis de estar de olho nos rendimentos que virão dalí. Sintomático.

Faltou coragem até aqui

Quando afirmo que a situação do Luzimangues e seus moradores está como está pela omissão de uns e falta de coragem de outros me refiro aos que governaram Porto e Palmas nos últimos oito anos. O ônus da oferta de serviços é de Palmas. O bônus do IPTU é de Porto. Isso já vem de longe. Por outro lado, vale fazer uma pesquisa para saber onde trabalha a população que mora nos mangues.

A responsabilidade com o distrito tinha que ter sido assumida lá atrás, quando o lago da usina foi criado. Naquela época já se via que pela proximidade territorial, a solução dos problemas do distrito caberia muito mais a Palmas do que a Porto. Considerando os recursos que a capital dispõe constitucionalmente. O caso da região dos Mangues é similar ao dos chacareiros que perderam suas terras com a construção da Usina Luiz Eduardo Magalhães e foram reassentados pela Investco em zona rural distante de 5 a 8 km de Taquaralto, no São João 2, logo à frente do córrego Jererê.

Alí, só com a terra, e a disposição de recomeçar, os pequenos produtores dependem em tudo do município de Palmas: estrada, escola, trator. Só tem um problema: lá é território de Porto Nacional no mapa. E cadê a coragem para mexer nestes limites e entregar a Palmas legalmente o que já é sua responsabilidade prática? À época, quando os pequenos produtores buscavam a prefeitura de Porto para patrolar as estradas ouviam do prefeito a seguinte frase: "de lá não vem um caminhão de abóbora pra feira de Porto. Procurem a prefeitura de Palmas".

Por estas e outras, é que a iniciativa de Marcelo Lélis agora em rediscutir o Luzimangues, é mais que oportuna. Alguns acham que o período eleitoral atrapalha, argumentam que existem interesses eleitoreiros no assunto. Discordo totalmente.

Discussão na hora certa

A hora de discutir é agora. Quero saber, como eleitora, quem terá a coragem de enfrentar este problema. E mais que a coragem, a força para fazer as alterações necessárias. Cúmulo da cara de pau, é ver políticos de Porto defendendo o que até agora foi seu, com argumentos risíveis. De que forma entender a prefeita Tereza Martins ontem na Assembléia Legislativa afirmando aos quatro ventos que Luzimangues tem sim infra-estrutura? Ora, faça-me rir. Quem tem olhos e ouvidos, atravesse a ponte.

Façam como fizemos há uma semana para publicar as matérias especiais de domingo. Dêem uma boa olhada na "infra-estrutura" do Luzimangues. Abram os ouvidos e escutem a população. Alí, os moradores sofridos só têm duas alternativas em mente: emancipar ou anexar à Palmas. De Porto Nacional eles já tiveram dose suficiente de descaso e abandono nos últimos anos.

Que se abram os arquivos da Assembléia Legislativa. Se estiver lá, em lei, que os Mangues pertencem à Palmas, não existe necessidade de plebiscito, mas de reparar de forma firme e corajosa estes anos de abandono. A solução política, que também pode ser encontrada, deve observar a situação dos outros palmenses. Os que vivem na zona rural de Porto Nacional, bem alí nos limites de Taquaralto.

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