Tem hora que a falta de memória de uns e a evidente má fé de outros nos remete aos arquivos para refrescar o que é fácil esquecer no quente do debate movido à paixão político-partidária.
Com mais de 25 anos de estrada (adoro contar estes anos, por que me orgulho de cada um deles), em que todos ajudaram a construir a profissional de imprensa que hoje sou, já me acostumei aos ataques toda vez que entro numa seara mais polêmica. Já nem me aborreço muito, mas de vez em quando, gosto de contrapor algumas maldades dos que tentam nos desqualificar.
É o caso de gente que insiste em querer que opinião seja imparcial. Ué, mas como é isso? Quem se dispõe a falar de alguma coisa, é para manifestar um ponto de vista, não é mesmo? E um ponto de vista é essencialmente parcial. Contra ou a favor de alguma coisa. Simples assim.
Eu sou contra a pena de morte. Tem gente que é a favor e até lincha no calor da emoção. Mas jornalismo – pelo menos na minha cartilha de princípios – não inclui incitar a massa em momentos de extrema emoção a tirar a vida de alguém. Nem do pior dos criminosos. Deus dá, Deus tira. Pra mim é assim.
Mas vamos aos fatos que me trazem aqui hoje. Só para refrescar a memória dos que tentam – e vão continuar tentando, pois estão muito incomodados – nos classificar, rotular, diminuir. Lembrem-se disto aí embaixo. Eu volto no final.
Uma breve retrospectiva de posições
Em pleno governo Marcelo, criticamos a contratação e a execução do Concurso do Quadro Geral pela Universa -
No começo do governo Gaguim, nossa análise era de que a unanimidade era burra e atropelava os partidos. Quem não se lembra, pode conferir aqui.
Ainda em setembro de 2009, quando o governo Gaguim ocupava toda a mídia, tinha ampla maioria na Assembléia (onde toda sua bancada tinha aderido ao novo governo) abrimos espaço para mostrar que Siqueira se preparava para voltar -
Em plena pré-campanha, durante o mês de junho de 2010, governo e oposição se enfrentavam na justiça pela entrega das bicicletinhas aos pioneiros mirins. Minha opinião já dizia: Inocentes mesmo, só as criancinhas .
No começo da campanha, diante de pressões de amigos e gente próxima dentro de cada grupo, para que o Site Roberta Tum tomasse partido, dei o tom do que seria nossa cobertura: Não alinhar, não ceder e sobreviver .
Quando o ex-governador Moisés Avelino, peemedebista histórico sinalizou que apoiaria Siqueira, também questionamos sobre as razões de desgaste do PMDB que o levaram a isto: “Quem roubou o discurso de Moisés Avelino?” .
No começo da campanha Siqueirista, no primeiro evento sob a batuta de Duda Mendonça, com mega estrutura, apontamos criticamente as falhas que já se anunciavam.
Contra gente falsa e aproveitadora, nos dois lados do jogo, querendo se dar bem, também abrimos o verbo!
No final da primeira quinzena de setembro, quando Gaguim estava na frente em todas as pesquisas de opinião, percebi o movimento das ruas, escrevi sobre ele e fui defenestrada pelos governistas comentaristas de plantão. Mas entrou para a história aquele “Acorda Alice, Siqueira cresceu e Gaguim ainda não ganhou”.
Em plena crise da campanha eleitoral com as denúncias contra o ex-governador Carlos Gaguim, não deixamos de publicar os fatos envolvendo investigações em São Paulo, lobistas e contratações terceirizadas no Tocantins, mas ponderamos sobre as denúncias e a presunção de inocência do governador.
E quando o desembargador Liberato Póvoa cassou a liberdade de imprensa, com a famosa liminar instituindo a censura, protestamos!
Já no começo do governo Siqueira, fomos contra e nos posicionamos assim, pela forma como foi feita a demissão dos comissionados, no também histórico: “Com demissões em massa, governo adota Maquiavel...”
E contra a terceirização da gestão da Saúde pelos motivos que diversas vezes já expomos.
Ou contra a contratação de empreiteiras sem licitação para recuperar estradas.
Contra a forma como o governo escolheu discutir o PPA, repassando ao Jornal do Tocantins e pagando-o regiamente por isso, numa parceria até hoje não foi completamente explicada .
Seguindo em frente
Pronto, voltei: poderia ficar aqui a tarde inteira relembrando artigos que fizeram a diferença em momentos que a maioria era levada a pensar igual. Mas é desnecessário.
Nestas e em tantas outras opiniões pontuais, contra ou a favor do inquilino temporário do Palácio Araguaia (mudam-se a cada quatro anos) sempre nos mantivemos coerente aos princípios que acreditamos e ao jornalismo que queremos fazer.
Fazer análise e dar opinião é uma das tarefas mais incômodas do jornalismo, mas a gente insiste nela por que optamos por este diferencial neste site. E fazemos mais: publicamos o contraditório. É por estas e outras, que a crítica não abala, nem incomoda, desde que feita às idéias e não sorrateiramente à pessoa, na intenção clara de diminuir e ofender. Estas serão solenemente ignoradas.
À moda de Almir Satter na sua cantiga, respondo a estes que volta e meia querem poluir o ambiente com suas malvadezas: ando devagar por que já tive pressa. E descobri que devagar se vai mais longe. Mantendo o foco e a linha hoje, para que a história nos julgue melhor um dia.
Quando arrefecerem em outros corações, as paixões que já não alimento mais na política, por ninguém!
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