Uma marolinha de R$ 138 milhões chega ao Tocantins

A crise econômica mundial - a princípio subestimada pelo presidente da República - chega ao Tocantins neste primeiro trimestre com ares de furacão. Foram R$ 83 milhões de perda na receita estadual no primeiro bimestre, e já era de R$ 55 milhões em ma...

Gaste menos do que você ganha, evite fazer dívidas de longo prazo, garanta o emprego que tem, e invente um jeito de ganhar algum dinheiro por fora. Se pudéssemos resumir numa só linha alguns conselhos para a crise, a serem seguidos na nossa vida comum de cidadãos brasileiros e tocantinenses neste momento, seriam estes do começo deste artigo.

A marolinha cresceu, a maré subiu e a tempestade poupada às montadoras e setores da indústria para conservar os empregos já bateu forte no interior, atingindo de morte os pequenos municípios brasileiros. Pelo estranho e desigual pacto federativo, cabe a eles apenas 4% da arrecadação do bolo nacional. E muitas obrigações a cumprir.

Por outro lado, os estados - que ficam abaixo de 30% na divisão das receitas nacionais – não estão “bem na foto”. No Tocantins a “marolinha” é de R$ 138 milhões de reais nestes primeiros três meses do ano. Isto significa estradas, pontes e casas populares escoando pelo ralo da crise. E a sangria está longe de terminar, segundo avaliam especialistas.

Não é preciso saber muito para encontrar a receita de enfrentamento da crise. O ex-governador Moisés Avelino falou ontem na Câmara Federal sobre isto, recomendando aos municípios corte de despesas, ajustes na receita. Alguns infelizmente não terão como fazê-lo. Por mais que cortem, nunca chegarão a R$ 0,00. Por que “zero” tem sido o repasse do FPM para boa parte deles, que não têm ICMS, ou outras fontes para socorrê-los.

No governo do Estado, pelo que se entende das declarações do secretário de Planejamento, ainda dá tempo de “acudir antes que a vaca deite”, como diria o sertanejo. Não há muita diferença na fórmula da economia entre o cidadão e o Estado. “Em casa de pobre”, dizia o jornalista Batista Custódio nos meus tempos de Diário da Manhã, “se tem quatro bifes e oito pessoas pra comer, todo mundo tem que dividir”.

É assim na vida e na economia. Não gastar mais do que se ganha. Não fazer dívidas que amanhã não se saberá como pagar. Preservar as fontes de receita que ainda existem. E urgente, mas urgentemente, cuidar de abrir novas fontes de renda. É na crise que surgem as boas idéias. Das situações de conflito é que a humanidade retirou seus melhores inventos. Para os governos estaduais, ainda há tempo. Para os municípios, só se “goela larga” e a fome de receitas da União diminuir.

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