Unitins pública e gratuita: isso é possível?

A crise provocada pelo descredenciamento da Unitins para ministrar cursos à distância, causada por problemas na prestação de serviço nos pólos e pelo contrato irregular com a Eadcon, está trazendo de volta à discussão a possibilidade de voltar a ter ...

Acompanho a Unitins desde 1993, quando ela ainda era uma universidade pública, antes da transformação nesta nova entidade mista, que foi criada para permitir a cobrança de mensalidades, tirando do Estado a obrigação de manter a gratuidade. A Unitins daquela época, tinha à frente o saudoso professor Antonio Maia, e outros grandes nomes cuidando da sua gestão.

A luta pela criação da Universidade Federal do Tocantins, que mobilizou nosso então aguerrido movimento estudantil, contou com o esforço de muitos. Bons tempos da criação da UEE – União Estadual dos Estudantes, onde o primeiro presidente, Marizon, se juntou ao nosso grupo do DCE da Ulbra, na primeira diretoria da entidade, tendo como bandeira de luta a criação da UFT, entre outras conquistas.

Tempos de Élsio Paranaguá no DCE da Unitins, e Ricardo Ayres recém chegado do movimento secundarista, brigando com o governo e enfrentando o que fosse preciso para levar a bandeira da criação da federal em terras tocantinenses adiante.

O esvaziamento da Unitins começou justamente naquele momento histórico em que as comunidades estudantil e acadêmica conquistaram a universidade federal. Explico: o patrimônio da universidade estadual foi repassado à federal. Os cursos presenciais, assumidos em sua maioria pela nova estrutura. E à Unitins coube manter a pesquisa e algumas poucas ofertas além do ensino à distância, novo modelo implantado.

O Estado agüenta?

A grande pergunta quando se fala em retornar ao modelo público e gratuito na oferta de cursos presenciais na Unitins, é quanto à capacidade de manutenção com qualidade desta oferta, pelo Estado. Os cofres públicos estaduais suportariam uma universidade com tudo que ela precisa ter, em termos de estrutura física, corpo docente e pesquisa? Podemos partir para um modelo em que os cofres estaduais tenham que bancar o ensino superior, quando seu maior desafio é melhorar a qualidade do ensino básico e melhorar os índices nacionais de desempenho?

Afinal, o conceito de universidade contempla a tríade ensino, pesquisa e extensão. Universidade é diferente de faculdade mercantilista com cursos criados para encher o mercado de profissionais em áreas saturadas, apenas por que são os mais fáceis de autorizar no MEC, e não dependem de grandes investimentos em laboratório e biblioteca, para não falar em profissionais.

Ao sentar-se à mesa para rediscutir a situação da Unitins em pleno 2009, com o desejo legítimo e natural de que ela seja pública e gratuita é preciso pensar nos custos e nas responsabilidades. Afinal, ainda que seja pública, que Unitins é esta que todos queremos?

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