Um novo cenário está desenhando-se nos céus da política da capital, com boas chances de se consolidar até fevereiro. A vitória de Ivory de Lira no diretório metropolitano do PT na capital, já com o discurso de participar da sucessão a gestão do petista do mesmo grupo, Raul Filho jogou uma pá de cal na pretensão latente nos bastidores de juntar a sigla ao PV de Marcelo Lélis.
Com o comando do partido nas mãos do grupo de Donizete Nogueira a possibilidade de um chapão seria real, inclusive incluindo uma troca de apoio do governo em Colinas a José Santana, que ajudou a costurar o acordo em torno daquela eleição decisiva de Moreira na presidência da Assembléia.
Como em política nenhum ato fica sem conseqüências futuras, a candidatura da deputada Luana Ribeiro à presidência, abortada pelo Palácio Araguaia pode terminar custando a base dividida na capital. Explico. Se daquela vez, no começo do ano, o senador João Ribeiro negou apoio à pretensão da filha para não criar fissuras com o governo que começava - e preferia claramente Moreira –agora não poderá fazê-lo. Isto caso Luana atinja a meta definida pelo pai: liderar as pesquisas dentro do PR, e ficar entre os três nomes de maior preferência em Palmas.
Na realidade, a deputada tem se esforçado muito. Dedicada, foi estudar os problemas de cada área do Plano Diretor, e esmiuçar a estrutura administrativa e organizacional do Paço Municipal.
Esta é apenas uma parte, no entanto. No quesito política o senador articulou bem. Levou para o PR o líder do prefeito, vereador Milton Néris, e para o PRTB do filho JR Júnior, o vereador Norton Rubens. Isto sem falar no vereador José Hermes Damaso, secretário do prefeito e também pré-candidato à prefeitura.
Proximidade de Raul e Ribeiro é notória
Próximos cada vez mais, Raul Filho e João Ribeiro vem trabalhando juntos há muito tempo. O senador tem o mérito de ter articulado em Brasília os recursos tão importantes para a capital, especialmente para escolas e creches.
Raul por sua vez não perde uma oportunidade pública para reforçar a liderança de Ribeiro no estado e sua vocação para comandar o Estado no executivo. Na filiação de Damaso chegou a dizer claramente que tem em Ribeiro o exemplo de líder no Tocantins.
Liberdade além do discurso
O discurso do governo através do secretário Eduardo Siqueira Campos tem sido de liberdade para que os partidos da base construam suas pré-candidaturas. Para num último momento afunilar as discussões. Eduardo disse isso no encontro do PR, como também disse no encontro do PV que oficializou Lélis.
A liberdade de articular nomes no estado todo tem sido levada à sério pelo PR. E também pelo PSD da senadora Kátia Abreu. Em muitos municípios, os principais candidatos são da base do governador, o que vai forçar o governo a ficar de fora da disputa. E deixar que a disputa ocorra para depois administrar com o vencedor. E sem a obrigação para o grupo governista de “enfiar a mão no bolso” para gastar com estrutura de campanha.
A situação é tão sui generis, que tanto o PR quanto o PSD atraíram egressos do PMDB. A senadora Kátia Abreu por exemplo, filiou o vereador Jorge Frederico em Araguaína, pré-candidato à prefeitura, assim como Ronaldo Dimas.
Em Pedro Afonso, filiou o prefeito Julião, que arrancou também das hostes peemedebistas. E que concorrerá à reeleição enfrentando possivelmente Tom Belarmino, que já foi companheiro, dentro do DEM.
Já em Colinas quem esvaziou o PMDB foi Ribeiro, que levou junto com o presidente do Sindicato Rural Adriano Rabelo, nomes tradicionais do PMDB da cidade, e deve disputar a eleição com Santana. Que pode enfrentar também a mulher de Sandoval, Marcela, agora no PSD de Kátia. Percebem? A disputa na maioria dos municípios acontece dentro da base governista.
Palmas tem eleição cara e difícil
Já a realidade de Palmas é atípica com relação a todas as demais cidades do Estado. Grande, sem raízes políticas de grupos, Palmas vive a síndrome das “lideranças” que colocam preço em suas mega estruturas de campanha e saem vendendo literalmente, nichos do eleitorado aos candidatos.
Para disputar eleição em Palmas é necessário ter duas coisas: engenharia política para construir uma aliança forte entre os partidos (que Raul soube construir bem em 2008 para bater Nilmar e Lélis), e dinheiro para bancar a estrutura da campanha.
No PMDB, que tem Eli Borges colocado como pré-candidato, quem tem dinheiro para se bancar é Carlos Gaguim. Na base de Raul até aqui, quem tem condições próprias de alçar vôo é Edna Agnolin, que pode não ter as condições políticas de reunir os demais concorrentes dentro do grupo.
A junção entre PR e PT, cada vez mais próximos pode fechar a equação. E aí teríamos como certos na disputa além de Lélis, uma possível chapa Luana/Ivory, por exemplo. Sem menosprezar a capacidade de composição do PTN, PDT, PSB.
Edna se aventurará com o PMDB?
Sem o apoio de Raul, será que Edna se aventuraria numa composição por exemplo, com o PMDB de Eli Borges, Marcelo e Gaguim? É uma incógnita que só o tempo poderá responder.
Por enquanto o fato novo é que o PR pode não apoiar o PV. E quem vê nisso uma trama política com cores de traição e rompimento desconhece que entre os três maiores articuladores políticos das hostes governistas não há segredo: Eduardo Siqueira, no comando do processo, tem diálogo franco e aberto com João Ribeiro e Kátia Abreu (que pode chegar na frente e compor uma vice com Lélis para quadro do seu PSD).
Ninguém está obrigado a nada e cada um pelo menos por hora, é livre para traçar seu próprio caminho. Coisa que o PR de Ribeiro tem sabido fazer bem. Ainda que ouriçando a cavalaria.
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