Todos nós de alguma maneira somos roubados, roubamos e somos roubados. É impressionante o quanto é difícil estabelecermos um limite, devemos nos perguntar: Quanto é que do meu território emocional eu vou permitir que o outro entre e tome posse? Isso por que em qualquer tipo de relacionamento seja ele amigável familiar ou amoroso, as pessoas geralmente levam um pouco daquilo que nós somos ou temos.
E relacionamento é isso, permitir que as pessoas entrem no âmago de nossas vidas, mas nem sempre o outro entra com responsabilidade. É muito comum encontrar gente machucada pela vida, justamente por que outra pessoa entrou no seu território de maneira desrespeitosa, machucou, feriu, jogou ali o seu lixo e depois foi embora, só que com um detalhe: levou embora daquela pessoa toda a força que ela tinha para os seus recomeços.
Isso é seqüestro de subjetividade; que é quando a gente passa por uma experiência de afeto em que o outro se torna o proprietário das nossas decisões, quando nos tornamos incapazes de decidir, o seqüestro de subjetividade é quando todas as minhas vontades ficam nas mãos do outro, quando o outro começa a ter tanta ascendência sobre mim a ponto de me impedir a tomar minhas decisões.
E todos nós passamos por isso, pai e mãe, por exemplo, na relação de marido e mulher na educação do filho, educa-lo para ser livre é um desafio muito grande, para que ele tenha autonomia, e autonomia é um processo difícil para se chegar, na vida autonomia não chega facilmente, a gente precisa lutar, mas ela não pode ser interpretada como libertinagem, pelo contrario, autonomia é o pleno conhecimento das regras, é o ser humano situado no contexto de regras e possibilidades, é interpretar a regra como um caminho seguro para o meu agir.
Autonomia é isso, quando eu vou tomando posse de mim, vou tendo a certeza do que sou, e me reafirmando que não sou ilusão, a filosofia nos ensina exatamente isto: eu tomo posso de mim, e depois me disponho ao outro. Eu sou dono de mim. Tendo cada vez mais o controle dos afetos das reações, tendo o conhecimento da própria realidade.
Precisamos nos permitir mergulhar na missão de sermos nossos próprios donos. O exemplo muito simples disso é: quando eu sinto ciúmes de alguém, quando eu sinto a vontade de ter alguém para mim, preciso rever minhas forças e tomar posse de mim, eu tenho que ter a consciência de que eu não tenho o direito de sentir isso.
Eu não tenho o direito de agir na direção do outro tomado por esse sentimento de posse, pois quando faço isso vou perdendo a minha capacidade de ser eu mesmo. O ciúme me fará agir de uma maneira desonesta comigo mesmo, posso fazendo isto, perder minha vida de vista pra olhar o que o outro está vivendo.
Toda vez que tomo consciência de um defeito meu, e começo trabalhá-lo para superá-lo, de alguma maneira eu estou tomando posse de mim, e conseqüentemente evoluindo. Quando eu luto para que esta tomada de posse, seja cada vez mais um processo constante, vou acelerando a realização deste conceito de ser pessoa. Eu me possuo.
Você se possui? Você já tem conhecimento das causas do seu agir? Você é ciumento (a), aborrecido (a), orgulhoso (a)? Você é mentiroso, por que você mente tanto? Tomar posse de si é estar consciente de tudo isso, é saber responder todas essas perguntas para si mesmo.
Só podemos dar ao outro aquilo que temos como poderei amar se não me amo, como poderei respeitar se não me respeito.
Só pode dar-se ao outro aquele se possui!
Boa Reflexão!
Stephson Kim, é natural de Tocantinópolis (TO), foi militante do Movimento Estudantil, ex-dirigente da Juventude do PPS, Fundou a ONG Viva a Vida no Tocantins, é articulista, atualmente é palestrante e atua em todos os estados da região norte e nordeste, abordando temas sobre Motivação Pessoal, Profissional e Sentimental.
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