Jogos Mundiais dos Povos Indígenas reúnem atletas de 30 países em Palmas

Palmas realiza os últimos preparativos para receber atletas de 23 etnias brasileiras e etnias de 20 países. Povos Krahô e Apinajé discordaram de pontos sobre a realização dos Jogos e não participarão

Vila dos Jogos receberá 25 modalidades esportivas
Descrição: Vila dos Jogos receberá 25 modalidades esportivas Crédito: Foto: Diego Mazaron

Na próxima sexta-feira, 23, começa a primeira edição dos Jogos Mundiais dos Povos Indígenas (JMPI), que segue até o dia 1º de novembro, em Palmas, com a presença de mais de 2.300 atletas de 30 países. Ao todo serão 13 dias de programação, sendo que nos primeiros três dias de evento, todas as etnias brasileiras e estrangeiras participarão de uma excursão pelos pontos turísticos de Palmas, como forma de ambientação, socialização e integração dos participantes do evento com a comunidade da Capital.

 

Com o tema “Em 2015, somos todos indígenas”, Palmas realiza os últimos preparativos para receber atletas de 23 etnias brasileiras e mais etnias de diversos países. As obras da Vila dos Jogos estão em fase de finalização, segundo informações da Cidade de Palmas, para abrigar os competidores e dar espaço às 25 modalidades de esportes tradicionais e nativos de integração que serão realizadas entre os atletas.

 

A Vila dos Jogos possuí uma área total de 260.000 m² e é composta pela Arena Green (palco principal dos Jogos); o Estádio Nilton Santos, que receberá as competições de futebol e terá a reforma entregue pelo governo do Estado no próximo dia 20, a três dias da competição; duas estruturas de feiras temáticas - a Feira de Agricultura Familiar Indígena e a Feira Mundial de Artesanato Indígena; Oca da Sabedoria; Oca Digital; Aldeia Okara; além de praça de alimentação, posto de atendimento médico e estruturas de segurança.

 

Para receber os JMPI, a área da Vila dos Jogos recebeu pavimentação, rede elétrica, iluminação pública, estrutura de fibra ótica, além da toda a infraestrutura de água e esgoto. Segundo a prefeitura, após o término dos Jogos e a retirada das estruturas pré-moldadas, a área dará lugar à Vila Olímpica de Palmas.

 

Boa parte do evento é composta por esportes indígenas, que se dividem em jogos tradicionais demonstrativos ou jogos nativos de integração. Outra parcela do evento é composta por esportes ocidentais competitivos, que também tem a característica de unificação das etnias e povos indígenas. Paralelamente às atividades esportivas, ocorrerão várias atividades culturais durante a realização dos Jogos. 

 

Participantes 

Segundo informações do líder indígena e articulador internacional do Comitê Intertribal Memória e Ciência Indígena (ITC), que está à frente da organização dos Jogos, Marcos Terena, as etnias indígenas foram convocadas obedecendo uma geografia indígena, de acordo com o bioma em que vivem. As etnias do Brasil que estarão presentes no evento são: Assuriní, Bororo Boe, Erikibaktsa, Guarani Kaiowá, Javaé Itya Mahãdu, Kaingang, Kura Bakairi, Kanela, Kuikuro, Kamayura, Karajá, Kayapó Mebêngôkre, Kyikatêjê/Parakatêjê, Matis, Manoki, Mamaindê, Paresi, Pataxó, Tapirapé, Terena, Wai Wai, Xavante, Xerente - anfitriões dos Jogos.

                

Entre os indígenas de outros países estão confirmadas a participação de atletas da Argentina, Austrália, Canadá, Chile, Colômbia, Congo – Brazzaville, Costa Rica, Equador, Estados Unidos, Etiópia, Paraguai, Guatemala, Guiana Francesa, México, Nicarágua, Nova Zelândia, Panamá, Peru, Rússia, Uruguai, Venezuela e Mongólia.

 

Palmas derrotou as cidades paraenses de Belém e Marabá na disputa pela sede da primeira edição dos Jogos Mundiais. O projeto inicial, reduzido por conta dos custos, previa originalmente a construção de um museu do índio, campo de beisebol e uma raia olímpica. A primeira edição dos Jogos Mundiais Indígenas foi aprovada em 2013, durante os jogos de Cuiabá.

 

Críticas

Dois dos sete povos tocantinenses que participam do evento discordaram de pontos relacionados à realização dos Jogos e recuaram na participação. Os Krahô e os Apinajé informaram em carta aberta “que vêem como desrespeito da organização a construção de instalações vulneráveis e o uso indevido da imagem dos povos, ocultando a verdadeira realidade e o sofrimento dos povos indígenas do Brasil”. Ainda segundo o documento, “os idealizadores também não consultaram e nem convidaram os povos anfitriões do Tocantins para participar da organização”. Eles reclamam ainda do sucateamento da Fundação Nacional do Índio (Funai) e acusam o governo federal de usar os Jogos para desviar o foco desses problemas.

 

Sobre as críticas, Marcos Terena informou em entrevista à Agência EBC que os povos “têm todo o direito de querer ou não participar. Não queremos criar uma doutrina a partir do nosso pensamento. As diferenças de opinião fazem parte do movimento indígena. Nenhuma etnia representa a outra”.

 

(Com informações da Agência JMPI e Agência EBC)

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