O Rio Javaés, que banha parte da maior ilha fluvial do mundo, a Ilha do Bananal, está com seu leito totalmente seco no local onde encontraria com o Rio Araguaia, seu braço menor. Em um vídeo feito no local, um agente do Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama), mostra a total falta de água no local e diz que está a cerca de 500 metros do Araguaia.
“Pessoal vou mostrar pra vocês aqui, hoje é dia 14 de setembro, e olha a condição que está o Rio Javaés aqui, a 500 metros da boca do Rio Araguaia. A água que vocês veem na região dos municípios de Sandolândia e Formoso do Araguaia no Javaés é dos rios Verde e Água Fria. E aqui é o Javaés hoje, rio que forma a maior ilha fluvial do mundo, a Ilha do Bananal”, diz o agente no vídeo. A falta de água impacta na vida dos peixes e animais que dependem do rio. Assistam ao vídeo https://youtu.be/ZEvmhjYfsAA
Segundo o Ministério Público do Tocantins (MPE), a situação do Javaés está relacionada à crise hídrica que atinge o Rio Formoso, pois os dois são parte da mesma bacia. E foram essas situações na região da Bacia do Rio Formoso, que fez com que em 2016, o MPE ajuizasse uma ação buscando o equilíbrio entre o uso dos recursos hídricos da bacia do Rio Formoso, que é uma sub bacia do Rio Araguaia, de forma sustentável e o atendimento a demanda do Projeto Rio Formoso, quem tem como foco a agricultura irrigada.
Entenda o caso
Desde junho deste ano, os produtores da região estão proibidos de captar água no Rio Formoso. No pedido de suspensão da captação de água no local, o órgão apontou que “enquanto falta água nos rios Formoso, Javaés e demais rios menores da Bacia do Formoso e Araguaia, os rios, barramentos, canais e sistemas de irrigação privado permanecem cheios de água, representando uma verdadeira transposição das águas, muitas vezes com a autorização do Comitê de Bacias, de órgãos de Governo e de técnicos, desconsiderando a fauna e a flora da região como um todo”.
Além disso, um acordo judicial viabilizou a implementação do Projeto Gestão de Alto Nível, que reúne MPE, Universidade Federal do Tocantins (UFT) e Associação de Produtores Rurais do Sudoeste do Tocantins (Aproest). O projeto de gestão fez a instalação de medidores de vazão em todas as 94 bombas de captação de água pertencentes aos projetos agrícolas, em que ficam registrados os dias e horários em que as bombas foram ligadas, bem como o volume de água retirado do leito do rio.
O monitoramento funciona 24 horas, tendo como maior vantagem o controle dos recursos hídricos em períodos de estiagem e crise hídrica.
Polêmica
A suspensão da captação de água no Rio Formoso não agradou aos produtores da região. Representantes Aproest estiveram na Assembleia Legislativa do Estado no início deste mês de setembro para pedir a mediação do conflito com ambientalistas e MPE, alegando que sem a água do Rio do Formoso a agricultura na região fica no prejuízo.
Essa discussão promete se estender, pois o conflito ambiental será tema de uma Audiência Pública, no município de Lagoa da Confusão, conforme requerimento da deputada Cláudia Lelis (PV), aprovado nesta quarta-feira, 18, na Assembleia Legislativa.
A audiência deve agenda nos próximos dias. No requerimento, a parlamentar destacou que “ao mesmo tempo que não podemos prejudicar a produção de alimentos e a atividade rural de modo geral, também é nossa responsabilidade garantir que o trabalho no campo ocorra de forma sustentável, permitindo a boa utilização dos nossos recursos naturais”.
O T1 Notícias fez contato com a assessoria do Ibama para ouvir o órgão sobre a crise hídrica na região e a consequente ameaça à vida de peixes e jacarés, além de outras espécies animais que se servem do rio e aguarda resposta do instituto.
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