As comunidades tradicionais da região do Jalapão estarão autorizadas, a partir do próximo dia 20 de setembro, a realizar a colheita do capim dourado, matéria-prima tradicional para a produção de artesanato da região. A data é regulamentada para garantir o manejo sustentável do capim dourado, como forma de preservação e controle de sua retirada.
O período é celebrado pela comunidade com a tradicional Festa da Colheita do Capim Dourado, que este ano está na 7ª edição e acontece entre os dias 18 e 20 de setembro, promovida pela Associação dos Artesãos do Povoado Mumbuca, com apoio do Estado, por meio da Secretaria do Desenvolvimento Econômico e Turismo (Sedetur) e parceiros.
Para garantir a preservação da matéria-prima, são estabelecidos critérios de coleta. Além da data para início, o capim só pode ser colhido por artesãos credenciados em associações comunitárias e extrativistas.
Durante a festa é possível conhecer a cultura, tradições e verificar como se dá o processo de produção do artesanato de capim dourado desde o momento de colheita da matéria-prima até a confecção das peças. Membro da equipe organizadora do evento, Ilana Ribeiro Cardoso apontou que a festa tem grande significado para as comunidades. “Representa o início de uma colheita, época que vai garantir a produção de artesanato ao longo de todo o ano. É um marco que estamos registrando com uma festa. Isso vai divulgar não só o capim dourado, mas o povo do Jalapão, que precisa ser valorizado”, considerou.
Ao longo dos três dias, atividades como rodas de conversa, apresentações musicais, cantigas de roda, entre outras, vão movimentar o Povoado Mumbuca, localizado no município de Mateiros. Uma das principais atividades programadas para quem participa do evento é o roteiro de base comunitária – com visita à vereda para demonstração da colheita do capim dourado, com condutor de turismo local, café com prosa com as famílias tradicionais quilombolas e oficina demonstrativa de artesanato em capim dourado.
“O capim dourado já se tornou a base de sustento dessa comunidade e o Estado tem o dever de apoiar e fazer com que tenham, a cada dia, mais oportunidade de levar seus produtos a outros mercados. Paralelo à questão econômica, temos que lembrar que este evento fortalece a identidade cultural de um povo, tornando-se um momento de difusão da história e cultura do Povoado Mumbuca; assim como, integra as demais comunidades remanescentes de quilombos estabelecidas na região”, pontuou o secretário do Desenvolvimento Econômico e Turismo, Eudoro Pedroza.
Como os demais municípios que integram a região do Jalapão, Mateiros tem na agricultura de subsistência sua principal atividade econômica. A utilização do capim nativo de hastes douradas, predominante nos campos e veredas ao redor do povoado Mumbuca, onde estão localizadas comunidades quilombolas, teria se dado há cerca de oito décadas, em decorrência da necessidade de utensílios domésticos, com uso da técnica de trançagem, assimilada dos índios da etnia Xerente. A partir da década de 1990, por iniciativa de lideranças comunitárias como Dona Guilhermina Ribeiro da Silva (Dona Miúda), Inocência Nepomuceno e Silvéria Gonçalves (Dona Severa), surgiram as primeiras peças destinadas à comercialização, que hoje estão espalhadas por todo o Tocantins, no Brasil e no mundo.
(Com informações da Secom Tocantins)
Comentários (0)