César Simoni defende candidatura com propostas para segurança e combate à corrupção

Questionado porque se candidatou ao cargo de governador, Simoni demonstrou preocupação com o cenário político que acompanha no Executivo estadual nas últimas três gestões

César Simoni é candidato ao governo pelo PSL
Descrição: César Simoni é candidato ao governo pelo PSL Crédito: T1 Notícias

Abrindo a série de entrevistas do T1 com os governadoriáveis do Tocantins, o candidato pelo PSL, César Simoni, defendeu bandeiras mote de sua campanha, como o combate à corrupção como solução para a Saúde no Estado e a revisão do Estatuto do Desarmamento como uma das garantias de melhoria, no que tange à Segurança Pública. 

 

O candidato, que já esteve à frente da Secretaria de Estado da Segurança Pública durante a última gestão de Marcelo Miranda (MDB), também apresentou propostas para a educação, falou sobre Direitos Humanos, a “excessiva garantia de direitos” na Constituição e sobre Jair Bolsonaro.

 

Questionado porque se candidatou ao cargo de governador, Simoni demonstrou preocupação com o cenário político que acompanha no Executivo estadual nas últimas três gestões.

 

“Presidente da Assembleia Legislativa é quase um vice-governador”

 

Frisou ao destacar que nenhum dos últimos governadores concluíram seus mandatos.

 

Simoni afirmou nunca ter sido filiado a algum partido, tampouco pretensão de ser político, mas que se tornou necessário sair da “zona de conforto” e se dispor como uma opção.

 

Além de ocupar cargo à frente de uma pasta estadual, o candidato é promotor de Justiça e policial federal aposentado e, para ele, pleitear um cargo no Executivo é “a prova cabal de que não tenho projeto pessoal, e sim de Estado”, e com um cargo no legislativo ele não teria a oportunidade de “trabalhar para resolver aonde eu entendo que precise ser mudado”.

 

Em relação à animosidade registrada entre o Legislativo e o Executivo estadual nos últimos mandatos, o governadoriável relembrou seus tempos de chefe de órgão público: “enquanto estive à frente da SSP, desenvolvi um bom relacionamento a Assembleia Legislativa, inclusive com deputados de oposição, então acredito que se eu estiver no governo, não terei essa dificuldade de convivência”.

 

Devido ao histórico profissional do candidato, o tema Segurança Pública abriu o bate-papo. Confira:

 

T1: Como pretende atacar essa questão do efetivo das polícias?

 

Simoni: Você pode substituir até três viaturas por câmeras grande-angular, com uma central de monitoramento. Hoje é preciso aplicar tecnologia para combater o crime. Não tem lógica ter até quatro viaturas próximas a um evento, quando você pode substituir por câmeras de alta precisão que, hoje, não são caras. Além da central de monitoramento, onde já se tem uma constituição de prova.

 

T1: Não precisa de mais policiamento?

 

Simoni: Precisa! Mas a polícia tem que trabalhar numa conexão. Qual a conexão que tem hoje entre a Polícia Militar e a Polícia Civil? Nenhuma! As polícias não conversam e é preciso que elas estejam integradas. Todos que trabalham com a Segurança Pública precisam estar integrados.

 

T1: O Siop seguiria essa ideia?

 

Simoni: O Siop é um arremedo daquilo que nós deveríamos ter. Ainda é um sistema arcaico. Nosso rádio ainda é o sistema antigo. O Siop deveria ser o embrião desse sistema que estou te colocando.

Saúde

T1: O que sua candidatura prega como solução para os problemas que a gente vem enfrentando na área da Saúde?

 

Simoni: Tudo passa por fechar a torneira da corrupção. O processo licitatório [aqui ele cita como exemplo o caso de incineração de medicamentos e insumos comprados “que não para o interesse da saúde” (sic)] hoje envolve, no mínimo, 30% de propina. Temos de trabalhar antes que o prejuízo aconteça e, para isso, proponho uma comissão de processo licitatório que tenha o Ministério Público, um juiz, indicado pelo Tribunal, um representante da OAB-TO, entre outros como membros.

Estatuto do desarmamento

T1: O senhor que é da segurança pública acha que é eficaz liberar porte de arma?

 

Simoni: Acho! Uma mulher, por exemplo, que é espancada pelo homem, pede socorro e ninguém dá. Tivemos o caso da mulher morta a tiros em uma kitnet. Se ela estivesse com uma arma na mão, talvez não tivesse morrido. A morte de pessoas passou a ser uma coisa normal no Brasil. Se essa mulher tivesse armada, provavelmente esse indivíduo tomaria um tiro e ela poderia se salvar.

 

T1: O senhor está partindo do pressuposto de que as pessoas que terão armas terão preparo para lidar com elas?

 

Simoni: Estou partindo do pressuposto de que a pessoa tem que ter a faculdade de exercer o seu direito de defesa.

 

T1: Essa arma não vai parar mais fácil na mão do bandido?

 

Simoni: Na verdade, isso é uma falácia. É evidente que essa liberação de arma não deve ser feita de forma irresponsável. Não tem academia de ginástica, porque não pode ter academia de treinamento de tiro? Evidente que só se pode dar arma a uma pessoa que tenha passado por exames psicológicos sérios e que não tenha antecedentes criminais.

Educação

T1: Não devemos garantir o mínimo de direitos civis, de estado de direito para a gente conseguir combater o crime?

 

Simoni: Uma coisa não elide a outra. A constituição de 88 é cheia de direitos, quase nenhum dever e o Brasil não estava preparado para tê-la. Somos muito apressados em fazer uma constituição que foi muito garantista, enquanto acho que deveria impor deveres para serem cumpridos. O ensino do Colégio Militar é melhor que o ensino do Colégio Público Estadual, por exemplo, e todo mundo sabe que dentro do Colégio Militar temos disciplina. O aluno vai lá para aprender português, matemática, biologia, inglês, vai honrar o hino e a bandeira da pátria, enquanto nas escolas públicas se vê pichações dentro da sala de aula, agressão aos professores... A escola deve ser voltada para qualificar o nosso aluno, para ele poder competir no mercado de trabalho. A nossa solução brasileira para esse momento e para o Estado, é o Colégio Militar e investir em Escolas Técnicas. Temos que parar de dar diplomas...

 

T1: E a educação multidisciplinar, que vê as necessidades integrais do estudante?

 

Simoni: Uma coisa não elide a outra. A escola militar também tem outras ciências que não só a matemática, por exemplo.

 

T1: Já tivemos problemas de excesso de rigidez na escola militar... rigidez militar com crianças que não tem idade e nem físico para isso.

 

Simoni: Isso não é regra geral. Você não vai achar nada perfeito. Quando eu falo das Escolas Militares, não digo que é perfeição, mas traz uma qualidade maior de ensino e de respeito. Não quer dizer que na escola não deva ter ciências, desenho, arte, enfim, o que seja necessário, desde que isso sirva para qualificar.

Estado Laico

T1: Qual sua opinião?

 

Simoni: Continuar laico.

 

T1: O senhor tem religião?

 

Simoni: Eu respeito todas as religiões que tenham a seguinte mensagem: “fazer o bem sem olhar a quem”.

 

T1: Diversidade religiosa no Brasil, respeito aos povos tradicionais...

 

Simoni: Tudo! Todo cidadão brasileiro merece o respeito de outro cidadão brasileiro por igual.

Bolsonaro e Combate à Corrupção

T1: Recentemente teve o problema da assessora dele que não trabalhava e recebia. A famosa pergunta da Val. Isso é uma pratica comum no parlamento... ter esses assessores que estão ali na folha, mas ninguém sabe aonde está. O que o senhor pensa sobre isso?

 

Simoni: Eu conheço o que a imprensa falou sobre. Não tenho informações para me posicionar a respeito.

 

T1: A sua maior bandeira é o combate à corrupção, o senhor considera essa quantidade de assessores e cargos comissionados, nos parlamentos em geral, necessária?

 

Simoni: Você pega um grão de arroz e isto seria a questão da assessoria de Bolsonaro, que pelo que vi na imprensa ganhava de R$ 1.500 a R$ 1.200, e é o único caso que trazem a respeito dele. E você pega R$ 1 trilhão que foi roubado pela esquerda brasileira, que afundou esse país.

 

T1: O senhor está falando de política internacional...

 

Simoni: Só para te dar uma ideia do tamanho da coisa. Precisamos dar uma dimensão real.

 

T1: O senhor sabe a dimensão do quanto perdemos internamente de recurso com esses desvios de finalidade, por exemplo, Palmas hoje tem o Observatório Social que reclama da Câmara um concurso. São 56 servidores concursados e 1.200 comissionados. Isso não é um grão de arroz. Se o senhor for pra Assembleia Legislativa, hoje tem uma recomendação do TCE. Tô falando de...

 

Simoni: Você me fez uma pergunta sobre Jair Messias Bolsonaro.

 

T1: Essa o senhor já respondeu... Agora estou falando sobre essa prática...

 

Simoni: Nós temos que mostrar para o Brasil os fatos como eles são. Então se questiona uma funcionária que ganha R$ 1.200, e a esquerda brasileira...

 

T1: E isso é perdoável?

 

Simoni: Não é que seja perdoável, mas é desproporcional.

 

T1: Porque aí existe um conceito, né?! Corrupção menor, corrupção maior, roubar uma caixa de fósforo...

 

Simoni: É muito desproporcional diante do prejuízo que a esquerda brasileira trouxe para essa nação que é de R$ 1 trilhão.

 

T1: O senhor acha que é perdoável?

 

Simoni: Não acho que seja perdoável, acho que é desproporcional você tratar de um assunto dessa natureza quando nós temos um Brasil.

 

T1: Estou falando do conceito de corrupção. Estou falando de legislativo. Com relação à essa prática, muito comum. Estamos falando de mudar a política. Há uma prática que se tornou comezinha de se colocar dinheiro em funcionário fantasma, em se dividir dinheiro de servidor, e deputado pagar salário e pegar o dinheiro de volta...

 

Simoni: Mas isso não é prática, isso é crime.

 

T1: Esse tipo de coisa não pode ser minimizado.

 

Simoni: E não deve ser. A gente não tem que ter bandido de estimação.

 

T1: Só não pode “o meu aliado pode fazer essa prática porque é algo menor”. Isso é o que eu queria que você deixasse claro...

 

Simoni: Ninguém deve fazer isso.

 

T1: Mas a regra tem que ser uma só. Seja aliado ou não. O senhor, como governador, vai dar liberdade aos instrumentos de polícia para que trabalhem, independente de que sejam seus aliados, ou não?

 

Simoni: Não só vou dar liberdade como vou criar condições. Quando fui secretário, qual estrutura a Polícia Civil tinha para trabalhar contra os crimes de administração pública? Nada. Nós tínhamos uma delegacia fazendária, mas o delegado não tinha meios e nem instrumento para trabalhar, a não ser a vontade dos policiais, que era imensa.

 

T1: O senhor é contra polícia servir de serviço de partido?

 

Simoni: Qualquer polícia que se prestar a isso não é polícia. É bandidagem. Então o que eu faço? Crio a Delegacia de Repressão a Crimes de Maior Potencial contra a Administração Pública (DRACMA) e a de Repressão a Crimes contra a Ordem Tributária (DOT). Mas não basta criar, nós demos meios. A Polícia Civil não tinha rastreador. Tínhamos que pegar emprestado no MPE, alguns canais da PF e hoje a PC tem rastreador de 900 canais e um laboratório de lavagem de dinheiro. Eu criei a delegacia para este fim, independente de quem iria ser investigado. Eu nunca recebi um telefonema do governador dizendo “para a delegacia, não faz isso ou aquilo”, porque eu não aceitaria! Eu ia embora na hora. Então, se eu como secretário não admitiria que isso acontecesse comigo, como governador eu não faria.

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