Credibilidade de pesquisas eleitorais é dúvida para eleitor; mais 4 saem até eleições

Especialistas ouvidos pelo T1 afirmam que pesquisas eleitorais não devem ser fator determinante para escolha do voto: "pesquisas não são ferramentas de resultado exato", afirma estístico

Especialistas acreditam que pesquisa influenciam voto do eleitor
Descrição: Especialistas acreditam que pesquisa influenciam voto do eleitor Crédito: EBC/Divulgação/"ND

Há pouco mais de 15 dias para as eleições gerais que acontece no próximo dia 7 de outubro, é esperada a divulgação de, pelo menos, mais quatro pesquisas eleitorais. Contudo, os erros das últimas pesquisas põem em dúvida credibilidade e de que forma influenciam o eleitor tocantinense na escolha de seus candidatos.


Nas últimas eleições regulares para o Governo, em que Marcelo Miranda (PMDB) foi eleito com 51,30% e o segundo colocado, Sandoval Cardoso ficou com 44,72%, o IBOPE apontava Miranda com 50% e Sandoval com 34%. A pesquisadora Vetor apontava Miranda com 39% e Sandoval com 18%. As duas pesquisas erraram em mais de 10 pontos percentuais no resultado com relação ao segundo colocado.

 

Para o Senado Federal, em que Kátia Abreu foi eleita com 41% e Eduardo Gomes ficou com 40%, o IBOPE havia apontado em pesquisa, Kátia com 22% e Eduardo Gomes com 9% na pesquisa espontânea.

 

Outro exemplo foi o resultado da Prefeitura de Palmas, em que Amastha foi reeleito com 52% dos votos e Raul Filho tendo ficado em segundo lugar com 31%. A pesquisa IBOPE apontou Amastha com 28% e Raul com 27%, empate técnico. A pesquisa Fortiori apontou Amastha com 25% e Raul com 17%, na espontânea.

 

Opinião especialista

 

Diante da realidade em que os números podem ajudar ou confundir o eleitor na hora da escolha do voto, o T1 Notícias ouviu dois especialistas na área para falar sobre o assunto.

 

Para o estatístico Viley de Melo Praxedes, pesquisas não são ferramentas de resultado exato, projetam acertos em 95% das vezes, mas podem falhar. Ele garante que pesquisas feitas por instituições “gabaritadas” são confiáveis.

 

Em relação à possível influência sobre a decisão do eleitor, ele acredita que as pesquisas orientam "um pouco" o voto, mas não deve ser fator determinante. Ao explicar de que forma são realizadas as pesquisas de intenção de votos do eleitorado, o especialista alerta para a escolha da amostragem, que exige ética do pesquisador para que seja mais próxima possível da realidade.

 

"É um cálculo estatístico, baseado na quantidade da população, em que se chega a um tamanho de amostra baseado no tamanho da margem de erro que se quer alcançar. Nas pesquisas eleitorais se trabalha com a margem de erro de dois pontos percentuais", explica. Sobre a amostra escolhida, ou seja, onde pesquisar, "vai bastante da ética de quem está fazendo a pesquisa, principalmente num país do tamanho do Brasil. Para fazer uma pesquisa, o ideal é que se faça em várias cidades e polos diferentes. A opinião da população da região sul, por exemplo, é totalmente diferente da opinião da população da região norte, nordeste. O ideal é que se pincem cidades para abarcar todas as regiões do estado", afirma.

 

Para o estatístico, o resultado de pesquisas "influenciam, principalmente no ambiente em que a gente vive de polaridade política, mas influenciam pouco. Não é fator determinante para escolha do voto".

 

Pesquisa como ‘arma política’

 

As pesquisas eleitorais com a decisão do voto do eleitor são comuns nos períodos de eleições e são utilizadas como processo de investigação de como anda uma campanha eleitoral, mas, também, tem o poder de persuadir o eleitor indeciso, como explica o doutor em ciências sociais e professor do curso de jornalismo da UFT, Antônio José Pedroso Neto. 

 

“É comprovado que as pesquisas de opinião têm potencial de fato de influenciar a decisão de voto. É um dado” afirma Pedroso.

 

Para o professor, cada pesquisa possui dois momentos. No início do processo eleitoral, as pesquisas discordam uma da outra, sendo menos confiáveis, mas quando vai caminhando para o pleito, “tendem a concordar”.  “No começo do processo, um instituto de pesquisa favorece um ou outro candidato, isso faz parte do jogo da política, são armas” ressalta.

 

Esse jogo da política que Pedroso menciona, segundo ele, diz respeito a alavancar campanha, conseguir recursos e fazer alianças.

 

No outro momento, já durante a campanha eleitoral, é para fidelizar e conquistar o voto do eleitor. De acordo com Pedroso, as pesquisas começam a ter resultados parecidos. Esse fator acontece para dar maior confiabilidade e credibilidade no instituto que promove a avaliação dos candidatos.

 

Alerta

 

O professor alerta o eleitor sobre a decisão do voto baseando-se em pesquisas. O cidadão deve contrapor a pesquisa, buscando outras formas de informação. “Deve conhecer de fato quem é o candidato, o seu passado e suas propostas”.

 

Mesmo afirmando que a pesquisa tem potencial para influenciar, Pedroso lembra que outros fatores devem ser cogitados, como a presença do cabo eleitoral nos municípios, as alianças entre outras circunstâncias.

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