Defesa de agentes acusa Rocha de pedir flagrante forjado contra Amastha e Andrino

Defesa de agentes de polícia civil implicados pela Operação Caninana apresenta áudio onde delegado sugere que agente encontre santinhos em carro que fazia entrega de cestas básicas pela prefeitura

Coletiva apresentou áudio à imprensa
Descrição: Coletiva apresentou áudio à imprensa Crédito: T1 Notícias

O delegado de Polícia Guilherme Rocha, que comandou a Dracma antes da delegacia ser extinta no governo Mauro Carlesse, foi acusado no começo da tarde desta quarta-feira, 20, de ter tentado supostamente em 2016, forjar um flagrante de uso da máquina administrativa com a distribuição de cestas básicas, na gestão Carlos Amastha, para fins eleitorais.

 

A acusação foi feita pelo advogado de defesa dos quatro policiais civis presos há mais de 30 dias na Operação Caninana, por suspeita de compor um grupo de extermínio da Polícia Civil, Antônio Ianovich em coletiva convocada pelo Sinpol com a imprensa. O advogado apresentou um áudio, acompanhado de um laudo pericial assinado por Onias Tavares Aguiar, perito de São Paulo, onde o material foi analisado.

 

A conclusão do laudo de 23 folhas, ao comparar a voz do áudio com a voz de um depoimento do delegado Guilherme Rocha à Secretaria de Segurança Pública, num procedimento interno, é de que são compatíveis, pertencendo à mesma pessoa. O laudo afirma ainda que “não foi encontrado vestígios de adulteração no material questionado”.

 

Utilizando-se de jargão policial, o delegado fala com o agente conhecido como “Schrek” -  um dos presos na Caninana – que não há como configurar crime apenas pela distribuição de cestas básicas de programas já existentes em ano anterior à eleição e que seria necessário fazer um “backup”. A gíria, segundo Ianovich afirmou ao T1 Notícias refere-se a “plantar provas”. A sugestão do delegado durante a conversa é “achar um santinho escondido embaixo de carpete, de estepe, essas coisas”, ao que agente responde que “aí não”.

 

Segundo a defesa dos agentes implicados na Caninana, este procedimento não foi o único. Para Ianovich “era hábito”, dar início a inquérito com base em relatórios de investigação adulterados e em denúncias anônimas, sugerindo que os próprios delegados assim o faziam com o objetivo de perseguição política, implicando desafetos seus em acusação de crimes.

 

Ianovich relatou resistência por parte do grupo de promotores criado para acompanhar o desenrolar das investigações contra seus clientes, em receber provas contra delegados envolvidos nas investigações de corrupção que marcaram a atuação da Dracma/Decor. “Estamos tentando apresentar esses fatos ao Ministério Público mas eles (promotores do caso) ficam enrolando”, relata o advogado. Segundo ele apenas um dos promotores ouviu a defesa até agora.

 

O advogado defendeu que seus clientes foram implicados por delegados a quem não atendiam em pedidos irregulares (tipo o relatado no áudio), justamente por não atende-los e informou que ao longo dos anos os agentes foram se cercando de provas para que pudessem se defender. Um habeas corpus para libertação dos quatro já etá tramitando no Tribunal de Justiça.

 

Guilherme Rocha nega acusações em nota

 

Ao T1, em nota na noite desta quarta-feira, 20, o delegado Guilherme Rocha se defendeu das acusações e negou ter armado flagrante, assim como ter instaurado qualquer inquérito para apurar entrega de cestas básicas. Leia a matéria completa sobre as alegações do delegado.

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