Dilma diz que vai "resistir até o fim" e Kátia aponta "traição" de ex-ministros

A presidente inaugurou a sede da Embrapa ao lado da ministra Kátia Abreu, única ministra do PMDB ainda no governo. Senadora reforçou lealdade à presidente e chamou antigos ministros de traidores

Cláudia Lelis, Dilma e Kátia Abreu
Descrição: Cláudia Lelis, Dilma e Kátia Abreu Crédito: Roberto Stuckert Jr

Em discurso neste sábado, 7, em Palmas, durante inauguração da sede da Embrapa Pesca e Aquicultura, a presidente Dilma Rousseff voltou a afirmar que o processo de impeachment é um golpe. "Falam que eu sou uma pessoa dura. Eu não sou uma pessoa dura não, eu sou honesta, é diferente", afirmou. "Eu não tenho contas no exterior, eu não recebi dinheiro de propina, eu não recebo dinheiro de corrupção".

 

Dilma foi recebida no evento com gritos de "não vai ter golpe". Militantes de movimentos sem-terra, estudantil e de moradia aplaudiram a presidente durante toda a cerimônia. Para a presidenta o que está ocorrendo no país é “mais que um golpe, é uma tentativa clara de fazer uma eleição indireta para colocar no governo quem não tem voto suficiente para lá chegar”. Segundo ela, o novo governo que será formado, caso ela seja afastada, pretende reduzir o Bolsa Família aos 5% mais pobres do país, o que significa 10 milhões de pessoas. Atualmente, o programa atende a 46 milhões de brasileiros. "Se querem fazer um julgamento político do meu governo, recorram ao povo brasileiro, e não ao impeachment".

 

No discurso, a presidenta disse ainda que o novo governo não terá condição de “quebrar” todos os seus programas, mas alertou o público presente de que “eles vão tentar”. Ela conclamou as pessoas a lutarem pelos seus direitos. “Nós todos temos que lutar para que não haja retrocesso. Eu tenho de lutar contra o impeachment, e vocês tem que defender o interesse de vocês. Nós temos que lutar pela democracia”, disse. A presidente finalizou sua fala afirmando que vai "resistir até o fim".

 

Kátia Abreu

A presidente inaugurou a sede da Embrapa ao lado da ministra da Agricultura e senadora, Kátia Abreu, única ministra do PMDB ainda no governo, e da vice-governadora Cláudia Lelis, que na ocasião representou o governador Marcelo Miranda. No início do discurso a presidente elogiou a ministra, destacando a “lealdade, dignidade e força” de Kátia Abreu. “Kátia você é um exemplo de mulher e de valores morais”, disse Dilma.

 

Antes de Dilma falar, Kátia Abreu fez um discurso e voltou a reforçar sua lealdade à presidente, dizendo ter orgulho de fazer parte do governo. Ela também criticou antigos ministros, que teriam "virado as costas" e "traído" a presidente. "Esses políticos, que até ontem eram ministros de vossa excelência, por cinco anos ministros do seu governo, participando do seu governo, que lhe viraram as costas na última hora, lhe traindo, lhe enfiando a faca nas costas. Mas usufruíram, foram parceiros dos acertos e dos erros, e agora estão correndo para o outro lado", afirmou.

 

A ministra disse que um dos motivos do impeachment foi o apoio de Dilma a agricultores familiares. "Enquanto alguns dessa área [agricultura] viram às costas, a ingratidão não faz parte do meu vocabulário político", disse Kátia.

 

Impeachment avança no Senado

Na próxima quarta-feira, 11, será realizada a sessão no Senado para que o parecer seja votado novamente o processo de admissibilidade do impeachment, agora por todos os senadores no plenário, onde é preciso o apoio da maioria simples, 41 votos, se os 81 senadores estiverem presentes.

 

Se a abertura de processo for aprovada no plenário, Dilma será afastada temporariamente do cargo, por até 180 dias ou até o fim do processo. Este período marca o início do julgamento de fato da presidente. Até aqui, a Câmara e o Senado aprovaram apenas o início do processo. Se condenada, Dilma perde o mandato e fica inelegível por oito anos.

 

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