Em debate, candidatos trocam farpas, mas Kátia, Vicentinho e Amastha não se enfrentam

Participaram os candidatos Kátia Abreu (PDT), Márlon Reis (Rede), Vicentinho Alves (PR), Carlos Amastha (PSB), Mário Lúcio Avelar (Psol) e Marcos Souza (PRTB); Mauro Carlesse (PHS) não compareceu

Seis candidatos participam do debate na Tv Anhanguera
Descrição: Seis candidatos participam do debate na Tv Anhanguera Crédito: Reprodução/TV Anhanguera

O último debate televisivo entre os candidatos ao governo do Tocantins antes da eleição suplementar, que acontece neste domingo, 3, começou às 22h45 desta quinta-feira, 31, na sede da TV Anhanguera (Rede Globo), em Palmas, e terminou logo após a 1h desta sexta-feira, 1º de junho. Participaram do debate, ao vivo, os candidatos Kátia Abreu (PDT), Márlon Reis (Rede), Vicentinho Alves (PR), Carlos Amastha (PSB), Mário Lúcio Avelar (Psol) e Marcos Souza (PRTB). Apenas Mauro Carlesse (PHS) não compareceu. Nas redes sociais, pelo Twitter, e por transmissões ao vivo em várias páginas no Facebook, eleitores acompanharam o debate e interagiram, declarando seus votos, fazendo críticas aos candidatos e elogios aos posicionamentos dos participantes do encontro.

 

O debate foi composto por 4 blocos com perguntas de temas livres e específicos e foi mediado pelo jornalista Júlio Mosquéra, da TV Globo de Brasília (DF). Os candidatos tiveram 30 segundos para elaborar suas perguntas e os escolhidos para responder tiveram um minuto e 30 segundos. A réplica e a tréplica tiveram 40 segundos cada. Vários pedidos de resposta foram feitos pelos candidatos, mas quase nenhum foi concedido pela assessoria jurídica da organização do debate, que alegou o fato dos requisitantes não terem sido citados nominalmente nas ocasiões em que alegaram se sentir ofendidos.

 

Durante o debate, os candidatos trocaram várias farpas entre si, em relação a temas diversos, especialmente sobre corrupção. Pedidos de impugnação de candidaturas, candidatos com a ficha limpa e histórico de atuação no Tocantins foram os assuntos mais comentados entre os participantes do debate. Os candidatos Kátia Abreu, Carlos Amastha e Vicentinho Alves não se dirigiram diretamente entre si para formulação de perguntas e respostas e preferiram apresentar seus questionamentos aos candidatos Márlon Reis, Marcos Souza e Mário Lúcio Avelar.

 

Confira abaixo os melhores momentos do debate, bloco a bloco e as considerações finais de cada candidato.

 

1º Bloco

 

No começo do debate os candidatos Kátia Abreu e Márlon Reis participaram da primeira rodada de perguntas, réplicas e tréplicas. Kátia Abreu questionou Márlon Reis sobre quais ações seriam direcionadas ao seus primeiros dias de governo. Márlon disse que é necessário escolher mecanismos para passar credibilidade. “Não faço promessas, só falo da dificuldade que enfrentará cada um que vencer essa eleição”, disse.

 

Na réplica Kátia falou em juntar recursos para poupança corrente e mudar a nota do Tocantins junto ao Banco Central. “Mudar a reclassificação de contratos e contas revisados e pedir para o Banco Central reavaliar nossa posição. Na tréplica Márlon Reis explicou seu plano direto que é o combate à corrupção. “Temos o compromisso histórico de luta contra essas práticas, nós escolhemos o combate à corrupção como ponto de partida do nosso governo”.

 

Em seguida, Kátia Abreu, Márlon Reis e Carlos Amastha fizeram perguntas a Mauro Carlesse, candidato ausente no debate, que foi representado por uma cadeira vazia com seu nome.

 

Com tema livre, Amastha fez pergunta a Mário Lúcio Avelar sobre educação e parabenizou também Márlon Reis sobre a argumentação de oxigenar a política do Estado. Mário Lúcio propôs a reforma curricular para a educação, para formar consciência crítica nos alunos. “Investir em educação média e infantil, principalmente às famílias menos favorecidas, para tirar a juventude das drogas. No meu plano de governo a educação será prioridade”. Mário Lúcio ainda apontou deficiências na gestão da Educação no Tocantins.

 

Amastha citou então o modelo de Palmas como uma Educação que superou os itens apontados por Mário Lúcio. “Melhorar o ensino básico e o ensino médio porque a juventude não sai preparada da escola para o mercado de trabalho”.


Em seguida, Mário Lúcio questionou Vicentinho sobre o apoio do "presidente impopular", referindo-se a Michel Temer, perguntou sobre o apoio do ex-governador Marcelo Miranda e pontuou que o PR “é um dos partidos mais envolvidos na Lava Jato”. Vicentinho disse ser ficha limpa e afirmou que Mário Lúcio agiu de forma caluniosa em relação a ele, ressaltando que o candidato tem a intenção de ofendê-lo pessoalmente e que ele, Vicentinho, estava disposto a um debate propositivo. Vicentinho também questionou Carlesse (ausente) e disse que o tocantinense esperava ouvir propostas para a melhoria do Estado e não ofensas pessoais. “Receber ofensa de quem tem 1% das intenções de voto é demais”, afirmou Vicentinho, referindo-se a Mário Lúcio.

 

Marcos Souza usou a palavra em seguida e afirmou que a prioridade de seu governo, caso eleito, será a saúde e que ele estará no Hospital Geral de Palmas (HGP) e nos hospitais regionais. “O Tocantins virou uma farra da corrupção. Todos que estão no poder estão sendo coniventes com o que está acontecendo”, desabafou. Marcos Souza faz pergunta a Carlesse e diz que o fato do candidato faltar ao debate demonstra “falta de compromisso com a sociedade”. Marcos Souza então se dirigiu a Amastha: “o candidato foi quem mais subiu impostos em Palmas e o tocantinense tem medo de sua gestão no governo.

 

Amastha respondeu que Marcos Souza não estava preparado para este debate e que ele fará, caso eleito, uma política tributária e não de arrecadação. O ex-prefeito detalhou sua experiência na gestão de Palmas. “O que a gente precisa é incentivar e focar naqueles setores que precisam do nosso apoio, para gerar emprego e renda”, disse Amastha, que se referiu a Marcos Souza como “especulador imobiliário”.

 

O primeiro bloco foi finalizado às 23h18.

 

2º Bloco

 

O bloco começou com o mediador permitindo direito de resposta a Amastha, que se sentiu ofendido por Marcos Souza. "Pedi direito de resposta porque eu não preciso ser ofendido. Entrei na política para fazer a diferença e não para me lambuzar com dinheiro público", explicou Amastha.

 

O mediador sorteou então o primeiro tema fixo do debate para que os candidatos fizessem perguntas, uns aos outros, sobre meio ambiente.

 

Amastha perguntou a Márlon Reis e questionou a opinião do candidato sobre políticas públicas para o meio ambiente. Márlon afirmou que o desenvolvimento sustentável é a saída. "Temos uma área superior a 20% de unidades de conservação, não há rivalidade entre desenvolvimento e meio ambiente e a sustentabilidade será a base do nosso governo”. Márlon Reis também falou sobre investimentos em ecoturismo e segmentos do agronegócio para aprender a lucrar com a preservação do meio ambiente.

 

O mediador sorteou o segundo tema para perguntas no debate: cultura, lazer e esporte.

 

Vicentinho dirigiu sua pergunta para Marcos Souza e disse que tem muito apreço pelo candidato, afirmando que eles dois são “os únicos candidatos que não foram impugnados” na eleição. Vicentinho questionou Marcos Souza sobre os planos do candidato para a cultura tocantinense. “É necessário investir nos jovens, no esporte e nos artistas locais. Nós precisamos buscar junto com aqueles que querem apresentar o que o Tocantins tem de bom e isso não tem sido feito nas gestões", disse Marcos Souza. Vicentinho então destacou que, caso eleito, retomará a Fundação Cultural e lançará editais para os artistas locais.

 

O terceiro tema do debate foi "obras públicas". Mário Lúcio Avelar perguntou a Márlon o que ele fará para combater a corrupção no Estado. “Minha primeira medida foi lançar minha candidatura. Precisamos da adoção de medidas para fechar as portas da corrupção, de maneira institucional, uma candidatura baseada em uma alternativa desvinculada das práticas de corrupção. Faço questão de registrar que não tenho experiência com gestão, mas tenho o sentimento que alguma coisa precisa ser feita para impedir a repetição dessas práticas, por isso lanço minha candidatura como instrumento efetivo de combate à corrupção no Tocantins”. Mário Lúcio se referiu ao seu trabalho como promotor do MPF, iniciado em 1993, citando casos de corrupção no Tocantins e afirmando que os políticos são “franjas desses governos”.

 

Vicentinho, Marcos Souza, Amastha e Kátia Abreu pedirram direitos de resposta, que não foram concedidos. Um novo tema foi sorteado: funcionalismo público.

 

Kátia Abreu perguntou a Mário Lúcio: “o senhor disse aqui que nós todos somos franjas da corrupção e eu gostaria de pedir respeito a nós e ao telespectador. O que o senhor pretende fazer pelo funcionalismo público do Tocantins?”, questionou Kátia.

 

“O Tocantins sempre foi gerido por duas famílias. Nós precisamos promover e avaliar políticas públicas de maneira que possamos ter um projeto de desenvolvimento econômico para o Estado. No meu governo não haverá politicagem, nem cargos comissionados indicados pela Assembleia Legislativa”, disse Mário Lúcio.

 

Kátia apresentou também suas propostas aos servidores públicos do Estado, ressaltando a importância de se cumprir a data-base aos servidores concursados, “que devem ter seus direitos assegurados”.

 

Márlon perguntou a Mário Lúcio como ele pretende garantir o incentivo que o Estado necessita dar ao turismo, de modo a garantir o desenvolvimento local e sustentável. “O turismo é a alavanca para o desenvolvimento do Estado. Pelo turismo a gente gera renda, gera emprego e a movimentação da economia”, disse Márlon. Mário Lúcio respondeu, ressaltando que o turismo será uma das prioridades de seu governo, caso eleito, como instrumento de geração de renda e combate à pobreza.

 

O tema da pergunta mudou e passou a ser desenvolvimento econômico. Marcos Souza perguntou a Kátia Abreu o que ela pretende fazer para o desenvolvimento econômico no Tocantins nos próximos 6 meses de governo. “Reforma no código tributário, porque a política está afastando o emprego e afastando os investidores”. Kátia disse que mais de 15 mil pequenas empresas estão sendo afetadas pela política tributária. "A questão tributária é que está matando o Tocantins e afastando a indústria. Eu prefiro o emprego do que o imposto". Marcos Souza disse que a sociedade não aguenta pagar a conta dos privilégios e Kátia pontuou que "o Procon e o Detran se viraram contra a população com multas e taxas abusivas".

 

3º Bloco

 

O bloco começou com o mediador informando que assessoria jurídica da organização do debate não concedeu os pedidos de resposta aos candidatos. Márlon Reis começou o bloco falando sobre o movimento da Lei da Ficha Limpa, afirmando seu pioneirismo na criação, e perguntou o que Vicentinho pensava sobre a Lei. O senador respondeu: "eu estava lá, fui eu quem votei a Lei, o senhor sugeriu, mas quem votou no plenário fui eu, como deputado federal. Sou favorável e estou há 30 anos em dia com as leis". Márlon Reis apontou que houve movimentação para sabotar a aprovação da Lei da Ficha Limpa e pontuou que Vicentinho não teria votado, ressaltando ainda que a candidatura do senador teria o apoio de dois candidatos inelegíveis, “Marcelo Miranda e Marcelo Lelis”, disse. Vicentinho rebateu, informando que votou pela lei da ficha limpa e que não tem qualquer mancha em sua vida pública. “Os candidatos desta eleição, sub júdice, terão que responder até a última instância, certamente”, disse Vicentinho.

 

Marcos Souza perguntou a Márlon o que ele pretende fazer pela educação no Estado com relação ao atendimento aos jovens e disse que o ex-juiz é um candidato de esquerda. Márlon respondeu que é coadjuvante e não se define de nenhuma forma, pontuando que os rótulos atrapalham o debate. Sobre educação o candidato afirmou que deve ser voltada para o civismo e o empreendedorismo, e que a escola não deve interferir na orientação sexual de crianças.

 

Mário Lúcio se dirigiu a Amastha e disse que o candidato tem se apresentado como representante da nova política, mas pontuou que Amastha “coleciona notícias de corrupção na prefeitura de Palmas”. O ex-prefeito rebateu, afirmando ser "o único e verdadeiro ficha limpa presente no debate. Nunca, em nenhum momento, nunca encontraram algo que denigra a minha imagem. Nós ouvimos o delator da Odebrecht falar que Carlos Amastha foi o único político que não pediu nada para ele, e sim pediu obras para o povo de Palmas. Fui para dentro da política para fazer a diferença e pela primeira vez em 30 anos de história um político pode andar de cabeça erguida. Fico feliz em ver vocês debatendo, porque tudo o que vocês propõem a gente já fez em Palmas", disse Amastha.

 

4º Bloco

 

Pedidos de resposta feitos por Kátia, Amastha e Márlon não foram concedidos pela organização do debate. O primeiro tema do último bloco do debate foi gasto público. Quem perguntou foi Carlos Amastha a Mário Lúcio. "Como vamos colocar as finanças do Estado em ordem e alavancar o desenvolvimento daqui pra frente?".

 

"Será necessária uma reforma tributária e mais vigilância em relação à sonegação fiscal. Acordos tributários que são realizados, que favorecem políticos e empresários, e aí voltamos ao tema da corrupção. Informatizar e cortar os cargos comissionados do Estado", disse Mário Lúcio.

 

Amastha destacou que será necessário recuperar a segurança jurídica do Estado. Mário Lúcio ressaltou que há recursos que estão comprometendo o Estado, "sendo usados com fim eleitoreiro" e se referiu à gestão do governo interino de Mauro Carlesse.

 

Um novo tema foi sorteado: agronegócio. Márlon perguntou a Vicentinho, dizendo que tem ouvido pelas andanças no Estado uma antiga reclamação de que os negócios no campo sofrem com a corrupção. “O que você pensa em relação a esse problema?”, questionou o candidato. Vicentinho respondeu, afirmando que sua gestão, caso eleito, será voltada à agricultura familiar, “para que os pequenos produtores possam sustentar suas famílias e o Estado também compre seus produtos para a merenda escolar”.

 

Kátia perguntou a Márlon sobre as malhas viárias do Estado. "No governo houve um comprometimento de caixa e é preciso tomar medidas de cautela para que isso não volte acontecer. O que depredou a malha viária foi a apropriação indevida de verbas pelos gestores”, afirmou Márlon. Kátia rebateu: "nós devemos recuperar, em vez de ficar com acusações e conversa fiada".

 

A última pergunta do debate foi sobre combate à criminalidade e Vicentinho questionou Marcos Souza sobre o projeto do candidato para a segurança pública. “O tocantinense não sabe entender como poucos tem tanta segurança e a sociedade não tem nenhuma. Será necessário investir em equipamentos e tecnologia, porque os homens da segurança muitas vezes não tem como combater os bandidos”. Vicentinho também anunciou seus projetos e disse que, caso eleito, implantará a Polícia Cidadã.

 

Considerações finais dos candidatos

 

O último bloco do debate foi finalizado com cada candidato fazendo suas considerações finais e pedindo o voto do eleitor.

 

Málon Reis: “só me resta pedir o seu voto. Sou tocantinense de Pedro Afonso e é algo que ninguém me tira e não nega. Me orgulho de ter participado de processos de mudança no país, como a lei da ficha limpa e quero fazer o mesmo pelo Tocantins. Movimento ficha limpa no Palácio Araguaia. Vote 18 no dia 3 de junho, Márlon Reis e coronel Edvan”.

 

Mário Lúcio: “muito mais poderia ter sido feito pelo Tocantins, é preciso que façamos nossas escolhas, de poder fazer diferente, a corrupção é uma chaga e eu passei a vida inteira combatendo a corrupção”.

 

Vicentinho: “à população do meu Tocantins, aos 95 prefeitos e prefeitas do Estado, aos líderes, que estão conosco na base da confiança e da amizade, eu quero registrar os meus agradecimentos. Vamos fazer um governo de paz, com eficiência, para fazermos o melhor governo da história do Estado”.

 

Carlos Amastha: “fui quase excluído do debate por uma questão muito simples: se perguntassem, teriam resposta para tudo. Tem gente melhor do que eu para governar o Estado, mas entre os presentes aqui eu sei que sou o melhor para essa missão. Chega dessa velha política, chega dos mesmos. Sou o candidato ideal em função de nossa conduta e pelo que fizemos”.

 

Marcos Souza: “eu quero dizer ao tocantinense que a nossa luta por um Tocantins livre é por você e que a nossa candidatura foi aprovada sem nenhuma restrição, não arrisque o seu voto, vote em quem está realmente pronto para governar o Tocantins. Eu não recebi a Lava Jato, nem a Polícia Federal na minha porta”.

 

Kátia Abreu: “eu quero dizer, com muita humildade, que me sinto pronta e preparada para governar o meu Estado. Conheço o Estado todo, com seus problemas, quero respeitar o Tocantins, cuidando das pessoas e fazendo grandes obras. Não desistiremos de nenhuma pessoa e de nenhuma família, para lhes dar uma vida digna”.

 

Comentários (0)