Freire Jr. registra editorial do T1 nos anais da Assembléia e aponta desgoverno

“Um editorial que deve ser inserido nos anais desta casa", frisou o parlamentar ao falar do texto da jornalista Roberta Tum...

Deputado Freire Junior
Descrição: Deputado Freire Junior Crédito: Da Web

O deputado estadual Freire Júnior, do PV tocantinense, ocupou hoje a tribuna da Assembleia Legislativa e leu na íntegra o editorial que a jornalista Roberta Tum publicou em seu site, no final da semana passada, denunciando e desmascarando o descalabro em que se encontra o estado graças ao governo Siqueira Campos.

 

“Um editorial que deve ser inserido nos anais desta casa porque retrata com uma fidelidade incomum, com uma coragem assombrosa, o papel fundamental da mulher ciente das suas obrigações cidadãs e dos seus deveres democráticos” – elogiou o parlamentar.

 

Intitulado “Incômodas verdades”, o editorial critica o desfile de ambulâncias financiadas com recursos do Banco do Brasil e que serão pagas na próxima gestão, denuncia o anúncio de obras que não saem das placas, lamenta as obras inacabadas na rodovia TO 130, fala sobre o não pagamento de contratos temporários na educação, lembra que o governo continua com uma folha salarial acima do limite da irresponsabilidade.

 

“É tamanho o desfile de impropriedades, falta de planejamento e gestão nas diversas áreas do governo, que não falta assunto, fosse esse o caso, para um artigo por dia abordando todas estas situações”, escreveu a jornalista Roberta Tum.

 

Para Freire, um editorial histórico, corajoso, que deve entrar para os anais da Assembleia Legislativa do Tocantins.

 
Confira o discurso:
 

Senhor presidente.

 

Colegas parlamentares.

 

Minhas senhoras e meus senhores.

 

O discurso de hoje era para ter sido feito ontem, na sessão solene do Dia Internacional da Mulher.

 

Não pude fazê-lo, no entanto, porque a informação que me deram era que feria as regras regimentais desta casa.

 

Faço-o hoje, portanto. Em homenagem às mulheres, a todas as mulheres, eu quero reverenciar aquelas que exercem com respeito e coragem a sua cidadania, a sua independência, o seu senso de justiça, de autonomia, de liberdade.

E farei isso, senhor presidente, dando a palavra a uma jornalista séria e brilhante que nasceu goiana e se transformou tocantinense quando para aqui mudou-se na inauguração do nosso estado.

 

Falo de Roberta Tum, responsável pelo site noticioso T1, que escreveu no final da semana passada um editorial que deve ser inserido nos anais desta casa porque retrata com uma fidelidade incomum, com uma coragem assombrosa, o papel fundamental da mulher ciente das suas obrigações cidadãs e dos seus deveres democráticos.

 

“Incômodas verdades”, é o título do editorial que merece ser lido, relido, refletido.

 

Uma aula de cidadania da jornalista Roberta Tum, a quem reverencio e aplaudo.

 

Abro aspas, senhor presidente, para o que escreveu a jornalista.

 

“O desfile de ambulâncias financiadas com recursos do Banco do Brasil e que serão pagas na próxima gestão dá bem o tom pré-eleitoral. Vindo de quem criticou o ex-governador Carlos Gaguim por expor máquinas em frente a avenida Theotônio Segurado em 2010 e moveu ação contra ele por isso, parece um despropósito não? É a memória curta que favorece a repetição de práticas até bem pouco tempo condenadas como eleitoreiras.

 

Mas vamos adiante.

 

Anúncio de obras que não saem das placas, a exemplo do Hospital Regional de Gurupi (eternamente esperando o fim das chuvas para que a empresa se mobilize) é coisa comum. Lá a população deu o azar de ter sido agraciada por emendas da senadora Kátia Abreu quando a mesma ainda estava no grupo de apoio ao governo. Frequentemente sabotada para não receber os méritos da conquista a senadora já brigava – de dentro - pela obra tardiamente licitada. E nunca iniciada.

 

Ontem observamos outro fato: as fotos da rodovia TO 130, na região de Ponte Alta a Santa Tereza, onde o asfalto cedeu antes mesmo do trecho ser entregue e entrar em uso pela população. Ainda bem que foi antes, não? O problema é o dinheiro jogado fora com obra mal feita. Afinal, aquele trecho terá que ser refeito.

 

Nesta sexta-feira, 7, a agenda também não é positiva na Educação que não consegue pagar seus contratos temporários. Professores, merendeira e vigias que fazem a segurança de escolas amargam dura espera.

 

O que se escuta é que o Estado está quebrado. Não consegue cumprir todos os compromissos com pessoal, trabalhando com uma folha acima do limite da irresponsabilidade. Prioriza então o custeio da dívida por que é com o dinheiro emprestado (e que será pago nos próximos longos anos pelo contribuinte) que fará bonito na campanha eleitoral.

 

E dá-lhe lançar estradas, pontes e comprar máquinas e tratores para o PAM. Com um detalhe: de um lado do balcão, a empresa que vende é da família do agente público que do outro lado recebe e administra as máquinas. Nada que o governo avalie como ilegal, pelo visto. Quanto à questão moral... aí já são outros quinhentos.

 

Por certo que a gestão atual, do governador Siqueira Campos, tem seus méritos. Ninguém há de negá-los. Mas quando afirmei aqui que ela cobre de decepção eleitores e antigos aliados, sei do que estou falando.

 

Vejam o Move, aquele movimento que se uniu em torno do então candidato em 2010 para elencar numa pauta de campanha, as necessidades do setor cultural. E apoiaram o então candidato com este compromisso.

Pois bem, pergunte a eles se estão satisfeitos. Ou como se sentem diante, primeiro, da extinção da Secretaria da Cultura.

 

Depois do achatamento dos recursos... Onde estão os editais de Cultura, tanto tempo prometidos e protelados pelo ex-secretário Danilo de Melo? Onde está o acervo da Fundação Cultural, como as bonecas Karajás, discos e livros patrocinados, quadras e peças de Capim Dourado que faziam parte do estoque da loja de cultura também desativada junto com todo o trabalho da Fundação Cultural?

 

Tudo amontoado numa pequena salinha a qual é proibido ter acesso e fotografar. Há pouco mais de 10 dias um outro golpe: a exoneração de servidores longamente treinados na área e sua substituição por outros tantos. Segundo reclama quem sai – e que não quer se expor temendo outras represálias – trata-se de acomodação política de aliados. Novos aliados, diga-se de passagem. Muitos dos que fizeram oposição agora se juntam atraídos pelo poder da máquina para tentar fazer parte de um futuro governo. A que custo, hein?

 

Mas a herança nefasta que a nova secretária da pasta da Educação e Cultura recebeu é bem maior do que parece, maquiada nas propagandas das novas escolas de Tempo Integral - o grande trunfo de que se gaba o governo nesta área. São dívidas acumuladas ao longo dos últimos dois anos, gastou-se demais e o ex-secretário saiu sem pagar fornecedores. Dívida do governo e não dele obviamente.

 

Elas se contrapõem no entanto, a compras antecipadas para beneficiar amigos, pegando carona em atas. Basta dar uma olhada no depósito da Seduc que fica nos fundos do Colégio Militar, mais conhecido pelos próprios funcionários da pasta como “o sebosão”.

 

Lá se acumula mobiliário adquirido antes da hora para escolas que ainda nem foram construídas. E qual o problema nisto, podem questionar governistas de plantão? Nenhum, se a aquisição fosse a mais legal e transparente possível, se houvesse a necessidade premente para justifica-la e se estivessem minimamente acomodados para esperar que as obras sejam concluídas.

 

Como se vê na foto feita semana passada pela equipe do T1 Notícias, está lá o mobiliário: exposto ao raro sol que se abre nesta sexta-feira, mas muito mais sob a intensa chuva que vem caindo nos últimos meses, desde que foram adquiridos.

 

É tamanho o desfile de impropriedades, falta de planejamento e gestão nas diversas áreas do governo, que não falta assunto, fosse esse o caso, para um artigo por dia abordando todas estas situações.

 

A questão é que não torcemos contra o governo. Quanto pior ele vai, pior para todos os tocantinenses.

 

O que não dá é para ficar omissos, calados diante de tudo o que se vê. Contra toda indignação refletida nos meios de comunicação que não se calam, a moda agora é atacar e tentar descredibilizar jornalistas.

 

As poucas vozes que se erguem para revelar os desmandos e dar voz aos que reclamam se tornam alvo da campanha precipitada que o Palácio coloca nas ruas. Inclusive acionando os pistoleiros da reputação alheia, difamadores de plantão, cada um pago ao seu soldo predileto.

Não nos incomodaremos com isso. Esta eleição que se avizinha, passará. Nós permaneceremos aqui, cada vez mais habituados a reconhecer nas digitais os expedientes tantas vezes repetidos pelos guardiões da velha prática política.

 

Ao contrário de nos incomodar com os cães que ladram, incomodamos.

 

Simplesmente porque as verdades neste Estado brilham com insistência sob a luz do sol tórrido do Tocantins. Elas, as incômodas verdades que assombram os que querem se perpetuar no poder, são as testemunhas destes nossos dias.

 

Um tempo já fadado a terminar.”

 

Fecho aspas, senhor presidente, colegas parlamentares, minhas senhoras e meus senhores.

Um tempo já fadado a terminar...

 

A frase de encerramento do editorial da jornalista Roberta Tum diz tudo e é definitiva.

 

É hora de acordar.

 

É hora de mudar.

 

Porque o Tocantins merece uma alternativa de mudança.

 

 

Comentários (0)