Kátia Abreu diz que demitiu indicado de Serraglio 7 meses após pressão para nomear

Daniel Gonçalves Filho, preso na última sexta-feira durante a operação Carne Fraca da PF, foi indicado para a Superintendência do Ministério da Agricultura

Kátia disse que Daniel tinha processos administrativos no Ministério
Descrição: Kátia disse que Daniel tinha processos administrativos no Ministério Crédito: Da Web

A senadora e ex-ministra da Agricultura, Kátia Abreu (PMDB-TO) revelou, em discurso na tribuna do Senado, em sessão ocorrida nesta terça-feira, 21, que cedeu a pressões políticas de deputados do PMDB do Paraná, para nomear Daniel Gonçalves Filho como superintendente do Ministério da Agricultura, quando ela era a gestora da pasta. Durante o discurso, Kátia não citou o nome dos dois deputados que a pressionaram, mas em entrevista ao Expresso Época, disse que foram os deputados Osmar Serraglio, atual ministro da Justiça, e Sérgio Souza. Os deputados ainda não se pronunciaram sobre o caso.

 

O ex-superintendente foi preso na Operação Carne Fraca, da Polícia Federal, e aparece em gravações de conversas em que Serraglio o chama de “chefe”. Daniel é considerado pela PF o líder da "quadrilha" revelada na operação. "Esse cidadão que foi nomeado tinha processos administrativos no ministério e eu nunca vi, em todo o tempo que lá estive, e nunca tive notícias de uma pressão tão forte para não tirar esse bandido de lá", afirmou Kátia Abreu. Ela relatou sua tentativa de demitir Daniel e a pressão para mantê-lo no cargo. Por pressão dos dois, ela nomeou e só demitiu Daniel do cargo sete meses depois.

 

Durante seu discurso em plenário, a senadora disse que “não queria fazer segredos” e detalhou o processo de nomeação do indicado. “Tenho que ser sincera, porque são dois deputados do meu partido. Mas insistiram para que a lei não fosse cumprida ao ponto de eu ter que ligar para a presidente Dilma e dizer-lhe da minha decisão de demitir e que as consequências políticas eu ia arcar. Ela, imediatamente, disse: ‘Demita já! Faça o que tem que ser feito’", explicou a senadora.

 

Críticas

Ainda em discurso no Plenário do Senado, Kátia criticou a condução da Polícia Federal na operação da última sexta-feira que, em seu entendimento, é prejudicial para o setor da pecuária brasileira. “A operação policial nos frigoríficos pode representar atraso de dez anos no mercado de carnes brasileiro. Tudo por vaidade, arrogância e abuso de autoridade de um pequeno grupo da PF”, avaliou. “Desde sexta-feira que nós estamos assistindo nos canais de comunicação, televisão, rádio, jornais, redes sociais, uma verdadeira operação de destruição da pecuária de corte, bovina, suína e de aves. Isso não tem nome, isso é um crime de lesa-pátria”, disse.

 

A senadora explicou que apesar de apoiar a atividade da Polícia Federal, está preocupada com a forma como a operação foi divulgada e as consequências que pode trazer para o setor. “O preço do boi vai cair, vamos perder nossas exportações. Mas o mais grave: vamos perder empregos em uma hora crítica, em que temos tantos desempregados. Essa é uma culpa que vocês, pequeno grupo da PF, também vão carregar. Tentaram com uma ação medíocre, infantil, baixa, destruir um dos setores mais importantes deste País”, analisou a ex-ministra.

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