O superávit orçamentário de R$ 908 milhões do Governo do Estado em 2012 é considerado pelo ex-governador Marcelo Miranda e a deputada estadual Josi Nunes, ambos do PMDB, como incompatível com o discurso de crise que o Governo tem apresentado nos dois anos que se passaram.
O superávit foi apresentado na prestação anual de contas do Governo de 2012 ao Tribunal de Contas do Estado e apontou que foram cumpridos todos os limites legais além de ter tido a aplicação de 50% a mais de recursos na Saúde do que é exigido na lei. Entretanto, Miranda e Josi Nunes questionam o Governo do Estado que apontamestar paralisado e apático e afirmam que se sobrou dinheiro, faltaram ações. Miranda e Josi também são unânimes ao afirmarem que o discurso do Governo era que havia uma crise que estaria comprometendo as ações e que o superávit demonstra o contrário.
Contradição
A deputada disse que a informação do superávit contradiz todas as alegações do Governo do Estado de que havia crise e que não tinha dinheiro para investimentos. Ela disse ainda que vai analisar o balanço e na próxima semana deve se pronunciar na Assembleia Legislativa sobre o assunto. “O Governo pode transferir até 40% do orçamento para outras áreas, já tem a autorização da Assembleia e podia muito bem remanejar e fazer as transferências para áreas como a saúde que está precisando”, disse.
“Tem um superávit alto e durante os dois primeiros anos dessa gestão ouvimos o governo falar que estava numa crise. Que não tinha dinheiro para pagar a data-base dos servidores, as estradas com problemas gravíssimos”, afirma a deputada destacando que o Estado está “apático e paralisado”.
Investimentos
A deputada frisa que tem percorrido o Estado e não vê uma obra do Governo do Estado. “É bom fazer poupança com a sua casa caindo? Não adianta fazer poupança e você está doente e não pode ir ao médico. A paralisia é muito grande e o Governo comemora superávit? A própria secretária da Saúde, Vanda Paiva, confirmou que o setor está um caos”, declara, acrescentando que é importante poupar dinheiro, mas que se havia muito era interessante remanejar e fazer investimentos que são considerados por ela como essenciais “para atender as reais necessidades do Estado”.
“O discurso era de crise financeira. Os servidores públicos ficaram meses e meses esperando o pagamento da data-base. As escolas precisando de reformas, de construção de quadra e tem um superávit? Com tantas deficiências no Estado e se comemora o superávit? Não é motivo de comemoração, é motivo de preocupação”, critica Josi Nunes apontando que é “muito contraditório”.
Sem explicação
Dizendo concordar com a deputada Josi Nunes e não querer desmerecer ninguém, o ex-governador Marcelo Miranda declarou que “não tem explicação” e que “está todo mundo sem entender” como teve superávit e a estrutura do Estado está “péssima”. “É preciso levar as coisas com mais seriedade. A educação atingiu o limite de destinação mínimo de recurso e a Saúde até investiu mais que o limite legal, mas a pergunta é onde estão sendo investidos esses recursos? Pois não está atingindo lá na base, no povo que precisa. Onde está tendo os investimentos?”, disse o ex-governador.
Questionado sobre superávit na época na qual era governador do Estado (janeiro de 2003 a setembro de 2009), Miranda disse que havia, mas ressaltou que as ações de Governo davam respostas à sociedade. O ex-governador aponta que o que tem ouvido é que o Governo “está em crise” e questiona: “Como tem superávit desse tamanho se está em crise? Cabe ao governo responder o porquê. O Governo está precisando andar no Estado e ver as dificuldades que o povo está passando. A economia do Estado parou”, declarou.
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