Mourão nega problemas com liderança e diz que não é “despachante de deputados"

Com liderança questionada nos bastidores palacianos, a partir de reclamações de pelo menos quatro deputados da base, Mourão nega responsabilidade pela crise na base e dispara: "não sou despachante"

Deputado Paulo Mourão
Descrição: Deputado Paulo Mourão Crédito: Dicom/AL

O deputado e líder do governo na Assembléia Legislativa, Paulo Mourão(PT), descartou em entrevista ao T1 Notícias, que um dos problemas de relacionamento existentes entre a base e o governo seja a insatisfação de alguns parlamentares com a sua liderança.

 

De público, o deputado José Bonifácio, foi um dos que manifestou esta insatisfação há alguns dias. Nos bastidores, a informação é que chegou ao Palácio Araguaia reclamação de pelo menos mais quatro que não se sentiriam “representados” por Mourão enquanto líder. No jantar com o governador Marcelo Miranda, outra reclamação feita foi a de que os projetos do governo não estariam sendo colocados em discussão pelo líder.

 

“Não vejo que a situação de ontem ( a queda de três vetos do governador) tenha a ver com qualquer falha da liderança. Até porque tenho consciência de que tenho feito meu papel de colocar em discussão aqui os problemas vividos hoje pelo Estado. Agora eu faço minha atuação de maneira republicana. Meu papel não é ser despachante de deputado”, disse Mourão na manha desta quarta-feira, 2.

 

O líder voltou a criticar a falta de debate das matérias cujos vetos foram derrubados ontem. “Agravaram a situação financeira do Estado. Nós não tínhamos os R$ 28 milhões que todas as demandas dos professores em greve representariam e agora o governo vai ter que entregar R$ 50 milhões a empresas de transporte”, desabafou. 

 

"Pergunta se eles vão baixar preços de passagem por causa disto. O aumento já ocorreu no ano passado", disse ele contrariando raciocínio do deputado Olyntho Neto(PSDB), que declarou ao portal defender a derrubada do veto para impedir aumento de passagens no transporte coletivo, com perda para os usuários.

 

Sobre críticas feitas “em off” de que o líder não estaria conseguindo dar solução dentro do governo às demandas de deputados ele foi enfático: “duvido que alguém tenha coragem de subir na tribuna aqui e dizer isso. Até por que quando fui convidado pelo Marcelo a primeira coisa que eu disse a ele é que eu não faria esse papel. De mais a mais cada deputado tem condições de marcar sua audiência e ir ao governador diretamente pedir o que for do seu interesse”.

 

Mourão negou que parta dele qualquer discussão sobre cotas, ou indicação de cargos. “Eu não saio pedindo emprego para ninguém, não faço esse tipo de discussão”. O deputado também não atribui à falta do pagamento de emendas o descontentamento dos deputados com o governo.

 

“Eu não participei de  nenhuma reunião que tenha fixado data e valores a a serem pagos em emendas. Elas são impositivas, agora cabe ao governo, dentro da sua disponibilidade de caixa ir fazendo. Isso foi o que ficou acordado: que o governo faria o pagamento na medida que a arrecadação permitisse”, afirma.

 

Renúncia fiscal

 

O líder demonstrou preocupação com o déficit financeiro em que as contas públicas se encontram. “Quem tem essa preocupação, como eu tenho, sofre mais com esses resultados”, desabafou. Caso a alíquota de 15% fosse mantida, conforme o governo desejava, seriam arrecadados de janeiro a dezembro deste ano R$ 38 milhões 582 mil reais, de acordo com levantamento da Diretoria da Receita da Secretaria da Fazenda. somado aos R$ 9 milhões e meio que a diferença já gerou nos três meses finais do ano passado, o total da renúncia fiscal chega a R$ 48 milhões.

Comentários (0)