Mulheres são mais de 50% dos eleitores do TO, mas representatividade ainda é desafio

Conforme dados do TRE-TO, em 2020, apenas 3.004 das 8.683 candidaturas nas eleições municipais foram de mulheres; em 2023, das 531 candidaturas, 185 eram femininas, e apenas quatro foram eleitas

Crédito: Divulgação/TRE-TO

Nos últimos anos, a participação feminina no eleitorado do Tocantins tem sido um dos pontos de destaque nas eleições. Embora, sejam maioria do eleitorado, a representatividade ainda é baixa. Dados do Tribunal Regional Eleitoral (TRE-TO), apontam que em 2023, dos 200.621 eleitores filiados regulares, 90.238 eram mulheres, representando um aumento significativo em comparação a 2018, quando somavam 84.010. Atualmente, o Tocantins possui 1.118.884 eleitores regulares, sendo 568.318 mulheres, o que equivale a 50,8% do total. 

 

Apesar dessa maioria, a representatividade política feminina ainda enfrenta desafios. Em 2020, apenas 3.004 das 8.683 candidaturas nas eleições municipais foram de mulheres. Nas eleições gerais de 2022, das 531 candidaturas, apenas 185 eram femininas, resultando na eleição de apenas quatro mulheres para cargos públicos.

 

Concentração de mulheres nas câmaras

De acordo com o Ttribunal Superior Eleitoral (TSE), a concentração de mulheres em câmaras municipais é maior em cidades pequenas, pois as barreiras financeiras para campanhas são menores. Isso contrasta com cidades maiores, onde a desigualdade de recursos impede maior participação do público feminino. Quem aponta esta reflexão é a doutora em Ciência Política pela USP, Hannah Maruci, que destaca ainda que essa disparidade é agravada pelo descumprimento das cotas de gênero de financiamento de campanha por parte de partidos, o que coloca as candidatas em desvantagem, especialmente em cidades maiores, onde o custo das campanhas é substancialmente mais elevado.

 

De acordo com a presidente da Associação de Mulheres de Carreira Jurídica no Tocantins (ABMCJ), Gizella Bezerra, no Estado, só após a introdução da cota de 30% nas eleições de 2012, foi atingido 31% de candidaturas femininas. "Temos que caminhar para aprimorar a legislação criando regras de proporcionalidade para eleger mais mulheres dentro das cotas dos partidos como já existe em alguns países, ou seja, cota de eleitas e não só de candidaturas como ainda é no Brasil", disse.

 

Apesar da maioria feminina entre os eleitores, a representatividade política ainda é baixa. Uma alternativa para aumentar esse número, segundo Gizella, é fomentar a inserção das mulheres nos espaços de poder, nas diretorias dos partidos, a fim de que essas decisões partidárias beneficiem a participação feminina na política, direcionando os recursos dos fundos eleitorais e partidários para o financiamento de candidaturas de mulheres.

 

"Esse trabalho deve vir das instituições públicas, como por exemplo o programa “+ Mulher + Democracia" do TRE-TO, mas especialmente dos partidos. Deve-se passar também pela educação de meninas nos currículos escolares, por se tratar de direito fundamental de participação no sufrágio de votar e ser votada", complementou a presidente. 

 

A ABMCJ, composta por mulheres de carreiras jurídicas que abrangem o sistema de justiça e advocacia, desempenha um papel crucial na promoção da participação feminina na política. Há cinco anos, iniciou um curso nacional de formação política para mulheres, ministrado por especialistas renomadas e acessível no canal do YouTube abmcjnacional. 

 

Além disso, colabora ativamente com as secretarias das mulheres em âmbito federal, estadual e municipal, assim como com diversas agremiações partidárias pelo Brasil, organizando cursos e palestras que incentivam a presença das mulheres em cargos de poder e na disputa por mandatos eletivos.

 

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