O vice-governador João Oliveira negou ao Portal T1 Notícias que tenha proposto participar de uma farsa ao receber em sua casa na noite de domingo a senadora Kátia Abreu e o deputado federal Irajá.
“A Kátia foi minha maior parceira política. E também foi a pior, por que me humilhou. Não tinha necessidade disto”, desabafou ao final de uma entrevista de cerca de 40 minutos em seu gabinete no Palácio Araguaia.
Durante a conversa o vice-governador narrou as últimas semanas de convivência, que terminaram numa discussão estrondosa, repercutida nesta segunda-feira, 30 na imprensa.
“Quando eu cheguei da Rússia ela me disse que tinha rompido com o governo com a exoneração do Irajá. Eu disse que apoiaria ela para o senado, mas apoiaria o candidato do governo ao governo”, afirma Oliveira. “Isso me causaria um tremendo desconforto, mas foi também o que eu disse para o governador e para o Eduardo, às claras. Não tenho cara para fazer teatro. Quem conhece minha história sabe disso: sou transparente”.
Proposta de Irajá
Segundo Oliveira quem propôs montar uma farsa foi o deputado Irajá Abreu. “Quem falou nisso foi o Irajá. Pra eu ir ficando por aí até o ano que vem, e então apoiá-la. Eu disse que não”, relata.
A discussão com a senadora começou, segundo o vice, logo em seguida a ele terminar de assinar o documento de desfiliação do PSD. “Ela me disse: de você eu só preciso desta assinatura. E desdenhou meu apoio. Disse que não precisa de mim”, afirmou.
“Eu venho tentando contornar esta situação desde o princípio. Eu disse a ela que ela está cometendo um erro. Está indo para o lado de lá, onde ela só tem inimigos. O grupo dela está aqui, no governo”, avalia o vice-governador.
Segundo Oliveira, o governo tem problemas, devido à forma como encontrou o Estado, mas a senadora só dá ouvidos ao lado negativo. “Olha, que come a carne, lambe os ossos. Eu disse pra ela que vou ficar até o fim com o Siqueira. Fui eleito com ele. Vou cumprir minha missão. Se ganha, se não ganha eu não sei, mas vou ficar e fazer a minha parte”, desabafou.
Proposta de farsa "É mentira”
Sobre a acusação da senadora de que a uma certa altura da conversa João Oliveira teria dito que não pode abrir mão da chance de ser governador por nove meses para “arrumar a vida”ele reagiu: “é mentira dela. A minha vida está arrumada. Já criei meus filhos. Pequena só tem a Jordaninha”.
O vice admitiu que ganha líquido R$ 14.500,00 (Quatorze mil e quinhentos reais), e que esta é a época em que ganha menos em toda sua vida pública. “Ganhava mais como deputado estadual, federal, por que deputado tem verba de gabinete, tem outras coisas. Mas é o suficiente, por que o cargo me honra muito”, avaliou.
Segundo João Oliveira também náo é verdade que ele tenha dito que a classe política não gosta de Kátia Abreu por que ela é honesta demais. “Eu disse que ela quando ganha não agasalha, não dá guarida aos companheiros”, afirma.
Mania de superioridade
Segundo o vice, a senadora tem mania de superioridade. “Líder tem que ter humildade, saber tratar as pessoas. A Kátia acha que todos tem que acompanha-la por que ela é competente, é superior. Pra que esse poderio todo? “, questiona.
“Posso citar vários líderes com quem ela brigou ao longo dos anos: Amastha, João Ribeiro, Marcelo Miranda, Laurez Moreira, Gaguim. Agora vai perguntar se os prefeitos não gostam de mim, se os deputados não gostam de mim. Todos eles gostam”, afirma Oliveira.
Questionado sobre o que sobrou da relação com a senadora ele afirmou: “depois dessas mentiras, dessas calúnias, nada. A amizade acabou. Nunca deixei e nem deixarei de dizer que ela me fez bem, mas também me humilhou. Gritou comigo dentro da minha casa. O filho dela ficou na porta do meu quarto, sem me deixar sair. Eu estava vendo a hora de levar um murro e esperando por onde eu ia revidar. Acabou”, disse.
Ao final da entrevista, Oliveira mostrou os porta retratos no gabinete. Todos com a imagem da senadora ao seu lado. “Eu não sou traidor. Quem saiu do governo foi ela. Eu estou onde fui eleito. Se meu mandato é do PSD o dela é do PFL. Nisso ela não pensa”, finalizou.
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