Participação das mulheres na Política ainda é pequena: só 3 representantes na AL

Apesar da crescente representação feminina nos espaços de poder, o número de mulheres que ocupam estes espaços ainda é muito aquém do que poderia ser, já que as mulheres são maioria na sociedade.

Luana Ribeiro é 1ª vice-presidente da AL
Descrição: Luana Ribeiro é 1ª vice-presidente da AL Crédito: Dicom/AL

A participação das mulheres nos espaços de poder e decisão do país tem apresentado crescimento e alcançado certo destaque, mas isso não significa que as mulheres estejam representadas em número suficiente, pois o Brasil ainda possui o menor percentual de mulheres ocupando cargos políticos no ranking mundial, apesar de ter no principal cargo da República, uma presidenta.

Na Câmara de Deputados, das 513 cadeiras disponíveis, apenas 51 são ocupadas por mulheres, sendo que o PT elegeu o maior número: nove. Na última legislatura, eram 45 mulheres e destas, 22 foram reeleitas. As representantes do Tocantins na Câmara Federal conseguiram igualar os números na última eleição: são oito parlamentares, sendo quatro mulheres e quatro homens.

 

Já no Senado Federal, das 81 cadeiras, apenas 11 são ocupadas por mulheres e dos 27 senadores que foram eleitos em 2014, apenas cinco são mulheres, entre elas a senadora tocantinense Kátia Abreu (PMDB), que hoje ocupa o cargo de ministra da Agricultura, Pecuária e Abastecimento.

 

No Tocantins a realidade não é diferente da vivenciada no Brasil. Apesar de ter uma vice-governadora, dos 41 espaços de primeiro escalão do Governo somente quatro são ocupados por mulheres: na Universidade do Tocantins (Unitins), a reitora é a assistente social Elizângela Glória Cardoso; na Secretaria do Trabalho e Assistência Social (Setas) quem comanda é a Tenente Coronel Patrícia do Amaral; no Meio Ambiente e Recursos Hídricos (Semarh) é Luzimeire Ribeiro; e na Secretaria de Defesa e Proteção Social (Seds), Gleidy Braga.

 

Já na Assembleia Legislativa, a atual legislatura conta com apenas três deputadas, Valderez Castelo Branco (PP), Luana Ribeiro (PR) e Amália Santana (PT). Na última legislatura, que terminou em 2014, eram quatro deputadas.

 

Participação nos Municípios

No âmbito dos municípios tocantinenses, o quantitativo também mostra uma grande disparidade. Das 139 cidades, apenas 23 são geridas por mulheres e das 1291 vagas nas Câmaras de Vereadores, somente 116 são das mulheres. Em Palmas, nenhuma mulher foi eleita vereadora nas eleições de 2012.

 

“Como explicar que uma Casa de Leis como a de Palmas não tenha nenhuma mulher eleita? As mulheres precisam refletir que mulher tem que votar em mulher e compreender a importância de se candidatarem”, disse a secretária Gleidy Braga em entrevista ao T1.

Maria Vanir Ilídio, que foi candidata em 2010 a deputada estadual, em 2012 concorreu para vereadora de Palmas e hoje ocupa o cargo de Diretora de Políticas Afirmativas e Defesa dos Direitos, acredita que é preciso investir em informação e conhecimento, não só para as mulheres mas também para os homens.

 

“Somos mais de 50% da população em Palmas e, no entanto, as mulheres não tem essa consciência dos espaços de poder, principalmente na gestão e na política. A gente observa que as mulheres não votam em mulheres, ou seja, a própria mulher não valoriza as mulheres. Por isso é preciso fazer um trabalho de conscientização de que a mulher pode e deve ocupar os espaços, pois tem capacidade para tal”, disse Maria Vanir.

 

A diretora deu um exemplo prático: “quando uma mulher vai ao médico, já ouvi várias dizerem que não vão em mulher porque mulher não sabe de nada, que preferem ir no médico homem. Aí eu pergunto, qual a diferença? Temos que investir em formação de gênero e assim mostrar que mulher é capaz sim!”.

 

Nas eleições municipais de 2012, Palmas teve 290 candidatos e candidatas a uma vaga na Câmara, destes 87 mulheres e nenhuma delas foi eleita. Das 87 que entraram na disputa, 48 tiveram menos de 100 votos.  

 

Das 39 que ultrapassaram a casa dos 100, apenas duas mulheres conseguiram mais de 1000 votos. O coeficiente para eleição de um vereador ficou em 6.313 mil votos, entretanto, todos foram eleitos pelo voto em coligação ou pela sobra. O último vereador eleito teve 1.304 votos.

 

Ao todo, as mulheres receberam 14.965 mil votos e o eleitorado feminino de Palmas é 77.758 mil mulheres, de um total de 150 mil eleitores. 

 

Processo histórico

Em entrevista ao T1 Notícias, a secretária Gleidy Braga, destacou que há uma construção histórica que reflete na exclusão das mulheres nos espaços de poder no Brasil. Ela lembrou que o voto feminino só foi conquistado na década de 30 e sempre houve na sociedade brasileira uma resistência para a participação da mulher na política e nos espaços de poder.

 

“Temos que trabalhar para recuperar esse tempo perdido. As mulheres começaram a participar mais dos espaços políticos e nós sabemos que ainda é insignificante o número de representantes femininas e isso ocorre porque os partidos não tem agenda de inclusão da mulher”, destacou Gleidy.

 

A secretária explicou que, para que as mulheres ocupem mais espaços de poder, é preciso ter vida orgânica nos partidos políticos, ou seja, ter uma participação efetiva da vida partidária, mas é necessário que estes partidos ofereçam este espaço para as mulheres.

 

“O que se percebe é a falta de incentivo  dos partidos, apesar de existirem as politicas de cotas que preconizam um percentual de candidaturas femininas”, pontou.

 

Gleidy destacou que além dos partidos políticos é preciso haver uma preocupação dos que estão no Congresso. “Penso que para além dos partidos, é preciso discutir a reforma política de uma maneira que se garanta a paridade também no Congresso Nacional e, para isso, precisamos de mulheres sendo candidatas”.

 

A secretária lembrou, ainda, que uma lista alternada por gênero poderia incentivar as mulheres a participar do processo eleitoral. “Falta política de incentivo e o poder executivo precisa trabalhar com políticas afirmativas para envolver as mulheres”, destacou.

 

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