Turismo - É possível curtir o feriado de carnaval longe da folia: Palmas é um exemplo

O maior polo agroindustrial do Centro Oeste, Anápolis (GO), realiza o carnaval religioso “Celebrai, Anápolis é do Senhor”. Mas é Palmas que atrai até 50 mil pessoas por noite no “Palmas Capital da Fé"

Palmas Capital da Fé
Descrição: Palmas Capital da Fé Crédito: Foto: Antonio Gonçalves

Para fugir do script de samba, axé, frevo e outros ritmos, o turista encontra eventos que ocupam a agenda do feriadão e movimentam a economia do turismo no Brasil. Uma consulta ao Calendário Nacional de Eventos, do Ministério do Turismo, mostra que o mês de fevereiro oferece muitas opções para o turista que deseja viajar durante o carnaval e fugir da folia tradicional. São eventos turísticos que, a exemplo do carnaval tradicional, divulgam o turismo brasileiro e agregam valor à imagem e à economia dos destinos. A Agência de Notícias do Turismo reuniu algumas opções para aqueles que não querem ficar em casa no feriadão. Palmas é destaque nesse levantamento.

 

O maior polo agroindustrial do Centro Oeste, Anápolis (GO), realiza o carnaval religioso “Celebrai, Anápolis é do Senhor”. Mas é Palmas (TO) que atrai até 50 mil pessoas por noite no “Palmas Capital da Fé”. Os ritmos são variados: rock, sertanejo, black music, MPB, hip hop, calypso, axé e arrocha. A folia gospel vai reunir 32 atrações em cinco noites. As bandas se revezam em dois palcos na Vila Olímpica, onde ocorreram os Jogos Mundiais dos Povos Indígenas em 2015. Ao buscar um nicho de turismo diferente dos carnavais das outras capitais, sem concorrer com o modelo tradicional, o carnaval de Palmas, além de atrair visitantes e movimentar a economia do turismo, evita que a população local escape para outros destinos.

 

No distrito de Taquaruçu, famoso pelas cachoeiras e esportes de aventura, os visitantes participam do desfile de bonecos, queima de tambores e da caça à cobra Boiúna até a aldeia Taboka Grande. O encontro dos bonecos e a cobra (formada por 10 mulheres) é marcado com cânticos, coreografias e a companhia de outros personagens: Mãe-Bá, Imperial, Maculelê, Tabocão e cavalinhos, representados por crianças. Já o ritual da queima simbólica dos tambores é acompanhado por cânticos e danças ao som do berimbau. Os visitantes e moradores fazem seus pedidos e depositam cavacos de madeira nas toras (Curimbó) em chamas, simbolizando a renovação. Trata-se de mais um diferencial do carnaval do Tocantins. 

 

Interior do Tocantins 

Já no interior do Tocantins a folia de momo corre frouxa nos carnavais mais do que famosos de Gurupi, a Capital da Amizade, Porto Nacional, Arraias, Xambioá e Araguatins. As duas primeiras cidades brindarão os foliões com atrações nacionais e regionais. Em Gurupi, os blocos ditam o ritmo da festa. Arraias é destaque pela guerra com água e pó entre os participantes do carnaval e as cidades do Bico do Papagaio atraem turistas de toda região, inclusive dos estados vizinhos.

 

História do Carnaval no Brasil

A história do carnaval no Brasiliniciou-se no Período Colonial. Uma das primeiras manifestações carnavalescas foi o entrudo, uma festa de origem portuguesa que, na colônia, era praticada pelos escravos. Estes saíam pelas ruas com seus rostos pintados, jogando farinha e bolinhas de água de cheiro nas pessoas. Tais bolinhas nem sempre eram cheirosas. O entrudo era considerado ainda uma prática violenta e ofensiva, em razão dos ataques às pessoas, mas era bastante popular.

 

Isso pode explicar o fato de as famílias mais abastadas não comemorarem com os escravos, ficando em suas casas. Porém, nesse espaço, havia brincadeiras, e as jovens moças das famílias de reputação ficavam nas janelas jogando águas nos transeuntes.

 

Por volta de meados do século XIX, no Rio de Janeiro, a prática do entrudo passou a ser criminalizada, principalmente após uma campanha contra a manifestação popular veiculada pela imprensa. Enquanto o entrudo era reprimido nas ruas, a elite do Império criava os bailes de carnaval em clubes e teatros. No entrudo, não havia músicas, ao contrário dos bailes da capital imperial, onde eram tocadas principalmente as polcas.

 

A elite do Rio de Janeiro criaria ainda as sociedades, cuja primeira foi o Congresso das Sumidades Carnavalescas, que passou a desfilar nas ruas da cidade. Enquanto o entrudo era reprimido, a alta sociedade imperial tentava tomar as ruas.

 

Cordões, ranchos e marchinhas

Todavia, as camadas populares não desistiram de suas práticas carnavalescas. No final do século XIX, buscando adaptarem-se às tentativas de disciplinamento policial, foram criados os cordões e ranchos. Os primeiros incluíam a utilização da estética das procissões religiosas com manifestações populares, como a capoeira e os zé-pereiras, tocadores de grandes bumbos. Os ranchos eram cortejos praticados principalmente pelas pessoas de origem rural.

 

As marchinhas de carnaval surgiram também no século XIX, e o nome originário mais conhecido é o de Chiquinha Gonzaga, bem como sua música O Abre-alas. O samba somente surgiria por volta da década de 1910, com a música Pelo Telefone, de Donga e Mauro de Almeida, tornando-se ao longo do tempo o legítimo representante musical do carnaval.

 

Afoxés, frevo e corsos

Na Bahia, os primeiros afoxés surgiram na virada do século XIX para o XX com o objetivo de relembrar as tradições culturais africanas. Os primeiros afoxés foram o Embaixada Africana e os Pândegos da África. Por volta do mesmo período, o frevo passou a ser praticado no Recife, e o maracatu ganhou as ruas de Olinda.

 

Ao longo do século XX, o carnaval popularizou-se ainda mais no Brasil e conheceu uma diversidade de formas de realização, tanto entre a classe dominante como entre as classes populares. Por volta da década de 1910, os corsos surgiram, com os carros conversíveis da elite carioca desfilando pela avenida Central, atual avenida Rio Branco. Tal prática durou até por volta da década de 1930.

 

Escolas de samba e Trios elétricos

Entre as classes populares, surgiram as escolas de samba na década de 1920. As primeiras escolas teriam sido a Deixa Falar, que daria origem à escola Estácio de Sá, e a Vai como Pode, futura Portela. As escolas de samba eram o desenvolvimento dos cordões e ranchos. A primeira disputa entre as escolas ocorreu em 1929.

 

As marchinhas conviveram em notoriedade com o samba a partir da década de 1930. Uma das mais famosas marchinhas foi Os cabelos da mulata, de Lamartine Babo e os Irmãos Valença. Essa década ficou conhecida como a era das marchinhas. Os desfiles das escolas de samba desenvolveram-se e foram obrigados a se enquadrar nas diretrizes do autoritarismo da Era Vargas. Os alvarás de funcionamento das escolas apareceram nessa década.

 

Em 1950, na cidade de Salvador, o trio elétrico surgiu após Dodô e Osmarutilizarem um antigo caminhão para colocar em sua caçamba instrumentos musicais por eles tocados e amplificados por alto-falante, desfilando pelas ruas da cidade. Eles fizeram um enorme sucesso. Todavia, o nome “trio elétrico” somente foi utilizado um ano depois, quando Temistócles Aragão foi convidado pelos dois.

 

O trio elétrico conheceria transformação em 1979, quando Morais Moreiraadicionou o batuque dos afoxés à composição. Novo sucesso foi dado aos trios elétricos, que passaram a ser adotados em várias partes do Brasil.

 

O Sambódromo carioca e os desfiles

As escolas de samba e o carnaval carioca passaram a se tornar uma importante atividade comercial a partir da década de 1960. Empresários do jogo do bicho e de outras atividades empresariais legais começaram a investir na tradição cultural. A Prefeitura do Rio de Janeiro passou a colocar arquibancadas na avenida Rio Branco e a cobrar ingresso para ver o desfile. Em São Paulo, também houve o desenvolvimento do desfile de escolas de samba a partir desse período.

 

Em 1984, foi criada no Rio de Janeiro a Passarela do Samba, ou Sambódromo, sob o mandato do ex-governador Leonel Brizola. Com um desenho arquitetônico realizado por Oscar Niemeyer, a edificação passou a ser um dos principais símbolos do carnaval brasileiro.

 

O carnaval, além de ser uma tradição cultural brasileira, passou a ser um lucrativo negócio do ramo turístico e do entretenimento. Milhões de turistas dirigem-se ao país na época de realização dessa festa, e bilhões de reais são movimentados na produção e consumo dessa mercadoria cultural.

 

(Com informações de Geraldo Gurgel / Ministério do Turismo)

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