O Teatro Sesc Palmas recebe nos dias 24 e 25 de abril o espetáculo de dança contemporânea “Rainha”, às 20h.
Realizado pelo grupo de dança Margaridas (DF), o espetáculo é inspirado em poemas de escritoras brasileiras e estrangeiras e propõe uma reflexão sobre a condição da mulher negra na atualidade. “Rainha” aborda diferentes olhares dessa realidade, tanto questões políticas e sociais, como também o lirismo encontrado em sua escrita.
O espetáculo foi contemplado com o Prêmio Funarte Klauss Vianna em 2010, possibilitando apresentação em Campo Grande (MS), Salvador (BA), João Pessoa (PB), Recife (PE) e Palmas (TO).
"Após ler ‘O olho mais azul’ da estadunidense Toni Morrison (Prêmio Nobel de Literatura) fui picada pela curiosidade em saber sobre a identidade negra. Ao investigar junto com Cleani, descobrimos um campo vasto de criatividade e dor. Fizemos um recorte no qual se focalizaria os aspectos da mulher contemporânea negra”, explica a diretora do espetáculo, Laura Virgínia. O artista Édi Oliveira foi convidado para criar as coreografias da nova montagem, em conjunto com as intérpretes.
"Preconceito, dignidade, orgulho, consciência, altivez, baixa-estima, medo, luta. Substantivos tão diversos e contrastantes, que me ajudaram a construir uma leitura sobre a realidade heterogênea da mulher negra no Brasil atual”, revela o coreógrafo.
O Espetáculo
Para elaboração do espetáculo, o elenco fez uma pesquisa literária durante seis meses e optou por usar poemas como base da criação. A maior dificuldade foi encontrar material de escritoras brasileiras, pela ausência de publicações de mulheres negras no País. Após reunir vários textos, alguns foram selecionados para entrar em cena. Os poemas foram usados tanto como inspiração para expressar o imaginário feminino negro, como também para compor a própria dança. A marginalização social, o preconceito racial, a sensualidade estereotipada, a ancestralidade negra, são algumas das questões observadas no discurso das escritoras. “Rainha” transporta esse universo para o palco, com uma estrutura coreográfica que reflete um mosaico de palavras e movimento.
Dentre os textos selecionados para compor o espetáculo e inspirar suas cenas encontramos material das escritoras brasileiras: Carolina Maria de Jesus e Conceição Evaristo (Minas Gerais); Cristiane Sobral e Tatiana (DF); Elisa Lucinda (Espírito Santo); e Andréia Lisboa e Negra Li (São Paulo). Os poemas das artistas norte-americanas são de Toni Morrison (Ohio); Alice Walker (Geórgia); Audre Lord (New York) e Maya Angelou (Missouri). A trilha sonora reforça esse universo feminino negro utilizando as canções ‘Four women’ e ‘Images’ de Nina Simone; ‘Tarata’ interpretada por Clementina de Jesus; e ‘Ilu ayê’ na voz de Clara Nunes.
Desde 1996, Laura Virgínia investiga criar dança e literatura, de forma híbrida, resultando em diversos trabalhos solos e em grupo. Em 2004, fundou e dirigiu o grupo Margaridas, dando continuidade à sua investigação com os espetáculos: “Plenas Mulheres” inspirado nos textos de Clarice Lispector, Simone de Beauvoir e Virginia Woolf (2004), “Campo de Flores” inspirado nos poemas de Carlos Drummond de Andrade (2005), “Tu não te moves de ti” inspirado no romance-tese de Hilda Hilst (2006), “Rainha” (2007), “Samambaia” poemas de Elizabeth Bishop (2008), “Retina” – videodança (2009).
Serviço
Espetáculo: Rainha (dança contemporânea)
Local: Teatro Sesc Palmas
Horário: 20h
Classificação: 16 anos
Entrada: R$ 10,00 (usuário) – R$ 7,00 (conveniado) e R$ 5,00 (comerciário/meia)
Ingressos disponíveis na bilheteria do Teatro SESC Palmas, a partir das 19h
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