Bola dividida na Assembléia, Marcelo corre risco de repetir caso Halum X Gaguim

Toinho Andrade, Nilton Franco, José Bonifácio e Paulo Mourão: abundância de nomes da base governista para disputar presidência da Assembléia acende o sinal de alerta de que história pode se repetir

Toinho nega apoio de Eduardo: querem me queimar
Descrição: Toinho nega apoio de Eduardo: querem me queimar Crédito: Lourenço Bonifácio

Passada a primeira semana, com todas as complicações provocadas pelo anúncio de parcelamento de salários atrasados - do qual o governo recuou na quinta-feira, 9 depois de avaliar as consequências legais – as atenções começam a se voltar para a Assembleia Legislativa.

 

É lá que vão acontecer os maiores embates entre governo e oposição, tanto na aprovação de orçamento e reforma administrativa, quanto na queda de braço que será reavaliar o pacote de benefícios concedidos de forma irresponsável. Traduza-se: sem recursos suficientes em caixa para pagar.

 

É neste cenário de governo sem orçamento, que os deputados reeleitos e  os novos eleitos, assumirão seus postos no dia 1o de fevereiro.

 

Na surdina, as alianças que vão dar o tom de como será a relação de Executivo e Legislativo, já estão se construindo. Mas é um mar aparentemente calmo que pode se tornar revolto, à medida em que novos acontecimentos mudam o humor de uns e outros e transformam velhos adversários em aliados.

 

Dividir, para governar

 

Tem gente por exemplo, apostando no suposto rompimento entre o governador Marcelo Miranda e a ministra Kátia Abreu para traçar novas estratégias para a eleição da presidência da Casa. Dividir para governar, a mais antiga delas.

 

Nesta via, surgiu a tese dos que apostam que Eduardo Siqueira articularia votos do grupo oposicionista para Toinho Andrade, enxergando uma possível preferencia de Marcelo por Paulo Mourão.

 

Ouvido mais cedo pelo T1, Toinho, que está em Goiânia fazendo exames,  “pulou longe” e foi textual: “Eu nunca conversei com Eduardo sobre presidência da Assembléia. Tenho sim, a simpatia de muitos que estavam com o governo, por que a gente esteve juntos e já ouvi deles que se eu for o candidato não vão lançar outro nome. Quem tá falando isso aí quer me queimar".

 

Já Bonifácio, que indicou o secretario de Esportes, deixa claro que não fez da pasta objeto de troca e não refluiu de sua pretensão de presidir a Casa. Para isto busca os votos nas duas bancadas. Segue o raciocínio de que uma coisa é uma coisa, e outra coisa.... é outra coisa.

 

Bonifácio e Toinho buscam votos para Presidência da AL nas duas bancadas

 

Toinho, por sua vez,  teve 18 prefeitos apoiando Marcelo, mas ainda não viu sua cota de cargos acontecer no governo. Tudo está muito miúdo, muito magro neste começo, admitem alguns dos eleitos.

 

Na briga de foice pela presidência da Casa, o mais calado é o próprio governador, que assiste de longe todos se posicionarem. A exemplo de Nilton Franco, ex-prefeito de Pium, da turma dos novatos e com poucas chances de aglutinar, mas que tem mostrado disposição de pelo menos negociar para estar na Mesa Diretora, em nome do PMDB.

 

O presente flerta com o passado e relembra Gaguim

 

O fato é que o cenário que vai se montando na Assembléia Legislativa, relembra o Marcelo governador do passado, quando bateram chapa naquela Casa, de um lado o então deputado César Hallum, que tinha a preferencia de Miranda, contra Carlos Gaguim, que embora da base, tocou candidatura independente, “por fora”.

 

Marcelo, seguindo sua linha de pouca interferência nos poderes, deixou o barco correr. Ao não chamar os companheiros e deixar clara sua preferencia por Hallum, liberou todos a votar em quem quisessem. Conhecedor de como funcionam as coisas no Parlamento, Gaguim negociou as cotas e participações para cada um que o apoiou e emplacou a vitória.

 

Nem preciso dizer que o Rced foi encontrá-lo em 2009 na posição de ser governador quando Miranda foi cassado e a Assembléia elegeu seu primeiro governador pela via indireta.

 

Se pedir, leva

 

Voltando aos dias atuais, o Marcelo Miranda que assumiu o Palácio Araguaia continua com o mesmo discurso, mas acumulou experiência e encontra um clima extremamente favorável para ajudar a eleger o deputado de sua base que considerar que tem melhores condições para fazer a interlocução com o governo neste difícil começo de mandato.

 

Nos bastidores, ouvi de um deputado governista da turma dos novos que já é perceptível a preferência de Miranda por Paulo Mourão, que foi deputado federal, foi secretario de governo, foi prefeito de Porto e na campanha era o nome preferido do governador para ser seu vice, numa composição com o PT. O governador no entanto, não sinalizou de público qualquer preferência.

 

Na hora "da onça beber água”, como se diz lá em Goiás, o PT abriu da vice em favor de Marcelo Lélis, com quem já tinha compromisso e decidiu indicar o suplente da senadora Kátia Abreu. Uma escolha que colocou Donizeti na posição que está hoje: vai assumir em fevereiro um mandato singular, com condições de escrever seu nome na história do Estado.

 

O fato é que a conversa que se escuta no meio político é que para fazer Paulo Mourão, ou outro deputado na presidência da Assembléia basta que Marcelo Miranda peça os votos. Se fizer a linha democrática demais, pode repetir a história de Hallum e Gaguim.

 

A eleição terminou dia 5 e embora tenha deixado seus resquícios - causados pela gulodice com que uns avançaram sobre as bases de outros – o caso é que todos(ou quase todos) estão dispostos a fazer composições que atendam aos seus interesses.

 

Ao pedir votos o governador também terá que sacramentar compromissos, afinal a lista dos companheiros que querem o posto não está pequena. Mas faz parte da política.

 

Se permitir que a decisão fique para a véspera, como já prevê o deputado e candidato Bonifácio, a coisa pode tomar outro rumo.

 

É o que se vê nesta segunda semana de janeiro, onde muitos ainda viajam, mas todos se falam pelo celular.

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