Claudemir entrega presidência do PPS e Dertins pode recuar do projeto Tom Lyra

Caldo vem fervendo há cerca de 15 dias em reuniões internas do PPS. Ontem durante toda a tarde, Dertins buscou demover Claudemir Portugal de entregar o cargo de presidente. Sucessão em Palmas na pauta

Vereador Claudemir Portugal
Descrição: Vereador Claudemir Portugal Crédito: Foto: Ascom/Câmara

O que poderia ser um movimento do PPS para se fortalecer partidariamente e encontrar espaço mais interessante para o grupo nas eleições desse ano na Capital, caminha para ser completamente esvaziado.

 

Explico.

 

Depois de anunciar a filiação de Tom Lyra ao partido, para ser pré-candidato a prefeito (ainda que no frigir dos ovos isso servisse para garantir uma vice), o partido comandado pelo deputado Eduardo do Dertins chegou a marcar data para fazer a apresentação do candidato: ontem, terça-feira, 23.

 

O evento, como sabe quem acompanha a cobertura política da capital, minguou. A explicação oficial dada à equipe de reportagem do T1 Notícias foi de que seria adiado para respeitar o luto de um dos filiados, e pré-candidato a vereador, o professor Luciano Coelho, que perdeu o pai semana passada.

 

A verdade, no entanto, esconde uma crise interna, na base do prefeito, que tem dois vereadores do PPS: Claudemir Portugal e Etinho Nordeste.

 

Claudemir, presidente metropolitano, agiu rápido quando cobrado por Amastha sobre a atitude de Eduardo do Dertins em lançar um pré-candidato sem conversar com a gestão que o partido integra desde as eleições de 2012.

 

Fora da reunião na casa do ex-deputado Stálin Bucar, lá em Miracema, cuja foto circulou nos portais de notícias, quando o convite foi feito a Tom, Claudemir só tomou conhecimento da decisão no dia seguinte.

 

“Eu estava na fazenda de um parente e o telefone não funciona direito. Recebi as mensagens de ligação do deputado Eduardo e retornei. Aí tive que ir na estrada para ler o que estava na imprensa”, confirmou Claudemir.

 

Com preferência clara pelo projeto de reeleição de Carlos Amastha, Claudemir foi consultar sua base. Diga-se, boa parte dela acomodada na gestão desde o princípio. Com o indicativo de que não pretendem mudar a opção política a esta altura do jogo, o vereador fez a carta, que teve a anuência do metropolitano, e entregou, junto com a ata da reunião, ao deputado Eduardo do Dertins.

 

Com uma crise deste tamanho no colo, só restou a Dertins tentar contornar e adiar o evento.

 

Com Claudemir Portugal está o Major Chaves, também da ala Amastha do diretório. 

 

Se o PPS insistir no projeto de lançar Tom, perderá o presidente metropolitano e pelo menos um dos dois vereadores da capital. Até por que a janela está aberta para que Claudemir e Etinho mudem, caso queiram, para o partido de sua escolha.

 

Encontro com Dertins para contornar

O problema do PPS, revelam em off fontes do partido ao T1 Notícias, é falta de espaço para o partido na gestão. “O PPS esteve com o Amastha desde a campanha de 2012 e foi importante para ele construir a base que era PP, PPS e PC do B, mas os problemas começaram com a saída intempestiva do Aragão”, conta um filiado.

 

Ao romper com Amastha, Aragão, que era vice-prefeito, não combinou nada que garantisse o espaço do partido na gestão. “Ficamos sem uma secretaria. Já partidos que chegaram depois, como o PSD, do deputado Irajá, veio com três pastas para dentro da gestão”, reclamam.

 

Atuando como bombeiro entre o prefeito insatisfeito de um lado, e a cúpula do partido, insatisfeita de outro, Claudemir manteve a carta em que renuncia à presidência, mas marcou uma conversa entre os vereadores e o prefeito para a tarde desta quarta-feira, 24, de onde o grupo irá encontrar-se com o deputado Eduardo do Dertins.

 

Da conversa, pode sair fumaça branca, de paz, e permanência do partido na base. Ou do contrário, caminhar para o rompimento da legenda com o prefeito. Que tem tudo para manter os dois vereadores.

 

Se por um lado o partido quer maior participação na gestão (hoje quem estão acomodados são os grupos de Etinho e Claudemir), por outro Amastha precisa do tempo de TV e da musculatura do PPS na capital, numa disputa que caminha para ser acirrada, com vários nomes de oposição se posicionando no cenário.

 

Visitando o T1 Notícias esta semana, o deputado federal Vicentinho Júnior (PR) não poupou críticas ao prefeito e resumiu em uma frase o motivo pelo qual considera que Amastha perderá as eleições este ano: "ele não gera vínculo com as pessoas, não gera gratidão. Tudo que ele dá com uma mão ele cobra e toma de outra forma".

 

Por hora, pedra no sapato do prefeito na composição da base que o apoiará este ano, o PPS vai confirmando a primeira parte da frase. Alojado, mas mal acomodado, acha que não deve nada ao prefeito que ajudou a eleger.

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