Depois de provar quem manda,Coimbra pode se afastar e ceder presidência à Gaguim

O deputado Júnior Coimbra protelou até a última hora, com discurso de quem faria acordo, a composição com os Autênticos. Desligou o telefone, não atendeu nem Raupp e cravou vitória. Agora pode abrir..

Líderes do PMDB recebidos na casa da senadora
Descrição: Líderes do PMDB recebidos na casa da senadora Crédito: Lourenço Bonifácio/T1

 

Depois de uma eleição cheia de lances que repercutiram forte na cúpula do PMDB em Brasília, o deputado federal Júnior Coimbra pode se afastar sob o pretexto de percorrer o Estado como pré-candidato a governador do partido e entregar a presidência à Carlos Gaguim, primeiro vice.

 

É o que o próprio Gaguim dizia a quem quisesse ouvir, sentado numa mesa na casa da Senadora Katia Abreu no último sábado, 12, quando a senadora abriu as portas para fazer uma feijoada em que recebeu os principais líderes de seu novo partido.

 

Numa mesa, Gaguim, Dito, Pablo Castelhano, Hercy filho e mais acompanhantes. Noutra, três vezes maior, Marcelo Miranda, Josi Nunes, Osvaldo Reis, Joaquim Balduíno, Télio Ayres e diversos outros peemedebistas do grupo Autêntico.

 

Transitando entre as duas, a própria anfitriã, e outros como Jacques Silva e Lázaro, presidente do Diretório Municipal do PMDB, que recebeu a filiação da senadora, e a re-filiação de Dulce Miranda, que já havia desfiliado quando decidiu ficar. Derval de Paiva, bem quisto por todos, chegou, cumprimentou Gaguim e Dito e foi sentar-se com Marcelo e Reis.

 

Grupo do PMDB

 

Depois de ter costurado dos dois lados -  na tarde de sexta-feira chegou a ligar para o grupo de Marcelo e pedir para incluir seu nome na lista dos Autênticos – o ex-governador Carlos Gaguim pregava outro discurso. “Aqui não é o grupo do Júnior Coimbra, entendeu? Aqui é o PMDB”, dizia, reforçado por Dito Faria.

 

Sem rodeios nem meias palavras Gaguim deixa claro onde vai: quer ser senador. E se não puder, apoia Dito, com Pablo de suplente. É o G10, puro.

 

Na outra mesa Marcelo Miranda não escondia o descontentamento com as articulações de última hora e o comportamento de Gaguim.

 

Escondido até de Raupp

 

Josi Nunes, que chegou a ter o nome lançado como uma possível candidata a presidente, explicou, meio sem graça, que o acordo não vingou por que Júnior Coimbra simplesmente desapareceu depois de acenar para a nacional que faria a composição no diretório. “O deputado Júnior Coimbra não pode ser encontrado” disse Josi com sua natural diplomacia.

 

Nos bastidores, a coisa é dita no português rasgado: Coimbra sinalizou em Brasília que faria o acordo, tranquilizou a Nacional e desapareceu. Desligou o telefone -  disse para Osvaldo Reis que deixou o celular em Brasília – e não atendeu nem as ligações do presidente Valdir Raupp.

 

Tripudiando nos bastidores

 

O deputado José Augusto por sua vez, em dobradinha com Coimbra não poupou ironias quando Osvaldo Reis chegou à reunião no Hotel Rio do Sono com os nomes que o grupo indicava para a composição.

 

Reis é quem conta o bate bola entre os dois e como Coimbra se dirigia a Augusto: “hein Zé, nós vamos tirar o vice-prefeito de Araguaína, nosso companheiro, para colocar o Marcelo de vice?” Ao que ironicamente o deputado respondia: “O rapaz é vice-prefeito, tem mandato, não dá né?!

 

Neste momento, Reis afirma não ter aguentado: “eu fui pra cima deles, e disse por que é que o vice lá era importante para eles”. Coisas impublicáveis.

 

Gomes e Amastha nos bastidores

 

Depois de provar que é bom de voto: 100 a 8 com duas abstenções, o deputado Júnior Coimbra parece ter sentido o peso da manobra que fez para dar “um chapéu” nos autênticos e o troco na Nacional, que queria o acordo. “Ele mostrou quem é que tem os votos no diretório, quem é que manda. Eu daqui pra frente não acredito em mais nada, acredito no que o Júnior Coimbra diz, por que ele diz e faz”, dizia um dos mais próximos companheiros de Marcelo, revoltado, depois da eleição.

 

Para chegar ao final da sua eleição com os votos na urna, Coimbra mexeu-se bem. E contou com dois aliados. Um deles, o deputado federal Eduardo Gomes, que retorna à Brasília esta semana e recupera o foro privilegiado, após o escândalo envolvendo seu nome com o doleiro Fayed da Operação Miquéias.

 

Gomes amanheceu no oitavo andar do Paço, na JK na sexta-feira de manhã para falar com o prefeito Carlos Amastha. Segundo se ouve, para pedir ajuda ao prefeito e reforçar Coimbra no cumprimento de seus compromissos na reta final da eleição.

 

O mesmo Amastha estava na expectativa da vitória para fazer a cena da entrada na Assembléia Legislativa e simbolicamente cravar uma derrota sobre a adversária que escolheu: senadora Kátia Abreu. Esta passou bem longe da disputa. Estava em Santa Catarina fazendo uma palestra no dia da eleição.

 

Confirmada por telefone a vitória, ele surgiu. “Me chamaram pra receber, eu nem fui. Receber ele porque?” contava Gaguim, o primeiro vice-presidente.

 

Passado o rescaldo, as eleições do Diretório Estadual do Tocantins repercutiram forte em Brasília. “Ficou provada a fragilidade de caráter do deputado Júnior Coimbra”, disse ao Portal uma fonte ligada à Nacional.

 

“Não, agora ele deve se afastar e ir cuidar de visitar os municípios, ele é pré-candidato a governador”, me disse Gaguim no sábado, confirmando que se prepara para assumir a presidência.

 

“Candidato a governador ou a vice?” brinquei. “Não, o Júnior não consegue levar o partido pro Siqueira. Isso não”, respondeu o ex-governador.

 

Então tá, Gaguim...!

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