Marcelo Miranda e a polêmica dos quadros: a boa política na lata do lixo

Amigos, recebi na última sexta-feira, 25, via whatsapp as fotos dos quadros do ex-governador Marcelo Miranda, jogados no lixo da Assembléia Legislativa.

 

Rapidamente o assunto se alastrou, movido mais pelo sentimento de indignação de muitos, do que propriamente pelo dano que a ação pudesse causar. São quadros antigos, de uma gestão que ficou lá atrás. Pode-se alegar que tornaram-se inservíveis, peças a retratar um momento da história que passou.  Então, sendo assim, por que o alarde?

 

Não é tão difícil de entender, considerando que apenas na sexta-feira, foram 19 telefonemas de funcionários da própria Assembléia e transeuntes para a casa do ex-governador. O movimento de “desova” dos velhos quadros soou para estes como uma agressão. Tanto pelo ato quanto pela forma. Os quadros, a princípio ensacados, terminaram, muitos deles expostos entre o lixo da caçamba.

 

O ato simbólico, em que a atual gestão da Casa - comandada por um ex-peemedebista que participou dos dois governos recentes do PMDB  o de Marcelo e o de Gaguim – descartou os quadros, soou como desrespeito, afronta ou provocação. E olha que antes de Sandoval, governaram o Legislativo Coimbra e  Moreira, sem que ninguém se desse ao trabalho de jogá-los fora. Li que o presidente da Casa vai abrir uma sindicância para descobrir quem jogou fora. Bom saber também com ordem de quem.

 

As viúvas de Marcelo

 

Corre na rede sempre que se relembra alguma coisa boa do passado, ou quando se critica algum ato do governo atual, a alcunha de “viúvas do passado” como uma pecha pejorativa utilizada pelos defensores do grupo que comanda atualmente o Palácio Araguaia, contra os que perderam a eleição em 2010. São as viúvas de Marcelo. Dá o que pensar: viúva de marido vivo. Ou alguém tem dúvida de que Marcelo está mais vivo do que nunca nos ares da política que se respira no Tocantins?

 

No ato de menosprezar ou diminuir os que alimentam pelo ex-governador carinho ou admiração, há pelo menos dois erros de avaliação.

 

O primeiro, é  ao diminuir as pessoas, desprezar a boa política que Marcelo praticou. Talvez nem tanto para os companheiros políticos de ontem, que o criticam hoje, porque por certo queriam ou esperavam mais de sua caneta de governador. Mas ao contrário, para os mais necessitados. Política que valorizava gente. Bom trato com as pessoas. Dificuldade em perseguir.

 

Este foi Marcelo Miranda no poder. Em que pesem os óculos a perder de vista, o erro de ter dado aqueles fatídicos 25% de aumento que ainda hoje tem seus impactos sobre a folha e se arrastam nos tribunais, ou qualquer outro reparo administrativo em uma gestão e meia à frente do governo.

 

O segundo erro que comentem os adversários do ex-governador, é subestimar o poder do voto, a voz rouca das urnas. Qual foi a última eleição que Marcelo Miranda perdeu? Se não é senador hoje, depois de ter conquistado a segunda vaga disputada em 2010, não foi por falta de votos. Com Rced e tudo a lhe desgastar a história.

 

O fato é que se formos colocar na ponta do lápis – bem demonstram as pesquisas de intenção de voto há um ano das eleições – as viúvas de Marcelo são milhares. Quisesse a atual gestão da Assembléia descartar os quadros de maneira mais digna, poderia tê-los enviado ao gabinete da deputada Josi Nunes, por exemplo. E por certo não faltaria fila na porta para buscar um. Ou diferente: num ato de cordialidade, poderia a atual gestão tê-los enviado à casa do ex-governador. Onde a peregrinação é grande por parte de amigos e correligionários de Miranda.

 

Qualquer solução teria sido melhor do que a bobagem de jogar no lixo os quadros e explicitar nas ruas e nas redes sociais a polêmica que se causou no fim de semana. Ela revela algumas verdades nuas e cruas.

 

Já dizia Maquiavel que existem duas maneiras do governante se manter no poder e conduzir o povo: ser amado ou ser temido.

 

O grande lance da carreira política de Marcelo, foi escolher a primeira via. Governou com respeito aos outros. Tratou seu povo com amor. É por estas e outras que o tocantinense lhe perdoa os erros e releva os resultados desfavoráveis na justiça.

 

O que a claque adversária reluta em entender é que para ser melhor do que ele terá que fazer mais, exibir mais da verdadeira simpatia e competência. Diferente dos quadros, a boa prática política não se joga nem se encontra nas latas de lixo da história.

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