Uma lista de assinaturas começou a circular para referendar a proposta de instituir o auxílio-moradia para deputados, num valor de R$ 3.500,00 por mês, só que retroativos. Sim, pasmem: retroativos.
Ouvindo deputados contrários a esta idéia, apurei que a estratégia é que a Mesa aprove a resolução e que os deputados interessados solicitem o benefício. Assim, poupa-se o constrangimento de debater o tema em público, chamando novamente a atenção crítica do cidadão para a Casa.
Não adianta.
Renovada em mais de 50% nestas eleições, a Assembléia Legislativa sofrerá, sem sombra de dúvidas o desgaste de uma manobra como esta.
O que está em discussão, no entanto, não é só isto. Articula-se ainda um aumento no número de servidores nos gabinetes. De uma fonte da Casa escutei que a proposta seria de elevar toda a verba de gabinete - incluindo cargos(salários) e gasolina - para algo em torno de R$ 150 mil.
Quando foi discutido publicamente o auxílio-moradia provocou reações indignadas nas redes sociais, o que terminou inibindo os deputados a aprová-lo. Outra forma de compensar o que consideram perda foi encontrada na ocasião.
Perdendo a noção, mais uma vez
Na hora do apagar das luzes deste governo, iniciado por Siqueira e que será concluído por Sandoval, parece faltar noção de bom senso tanto ao Executivo quanto ao Legislativo, na figura de seus representantes.
Se os deputados parecem querer “organizar a vida” dos que perderam as eleições, dando-lhes melhores condições inclusive de acertar pendências que um processo eleitoral sempre deixa, o governador também parece estar longe do candidato, que há poucos dias bradava ética e responsabilidade com a coisa pública na TV.
Só a dissociação entre as duas personalidades – o governador, do governador-candidato - explica que Sandoval Cardoso publique uma dispensa de licitação para alugar uma casa, que segundo corre no meio político, teria sido presente de seu sogro a sua esposa, Marcela, e teria sido adquirida em 2009.
O fato irrefutável é que Cardoso reside ali há anos e só decidiu locá-la às expensas dos cofres estaduais depois que perdeu as eleições. Milionário, como declarou ao TRE, o governador não precisa disto. Mas parece querer tudo que pode e não só o que necessita. O que é uma pena.
O esgotamento do modelo político em que vivemos está boa parte neste espírito - do quanto mais melhor, ou do “se é legal, por que não?”- , que impera na maioria dos políticos que nos representam, salvo honrosas exceções.
Os pacotes de bondades que não cansam de chegar do governo à Assembléia Legislativa só escancaram a evidente intenção de se dar bem – sacrificando a coletividade para privilegiar categorias que rendem votos – custe o que custar.
Afinal, quem vai pagar a conta, na visão estreita e limitada dos que assim procedem, é o próximo governador eleito.
Ledo engano. Quem paga por todos estes absurdos somos nós todos, cidadãos, eleitores.
Resta saber até quando suportaremos com paciência esperando que uns e outros criem juízo.
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