Amigosl terminou a queda de braço entre a senadora Kátia Abreu e os aliados do governo que tentaram barrar a realização de audiência pública para debater, no Senado Federal, as aplicações podres feitas em fundos podres em cinco estados da Federação, especialmente no Igeprev do Tocantins.
Aqui, de R$ 2, 5 bilhões, aproximadamente, o Instituto já perdeu cerca de R$ 298 milhões quer foram literalmente jogados fora, em aplicações que afrontaram normas definidas pelo Bacen por segurança para salvaguardar recursos de fundos de pensão. E mais de R$ 200 milhões estão em aplicações temerárias que ainda não venceram. O Ministério da Previdência Social no entanto já considera que R$ 500 milhões foram feitos em aplicações ilegais.
Tudo isso aí é gerido por normas nacionais. A quadrilha que atuou no Igeprev Tocantins, incentivando seus gestores a fazerem aplicações em fundos podres de interesse do doleiro Fayed – com conexões em terras tocantinas pra lá de conhecidas – atuou também em outros estados.
É tanto que três deputados que no mínimo fizeram lobby a título de amizade para Fayed, estão atolados até o pescoço na história, investigados em processo que corre no STF dado a seu foro privilegiado.
Os bastidores da guerra
Para tentar derrubar a audiência pública, primeiro agiu Vicentinho Alves, que procurou o presidente da CAE, Lindenberg Farias para apresentar requerimento pedindo a suspensão da sessão. Mas Vicente não é membro da comissão. Diante do desgaste previsível, recuou. O governo então tentou com Gim Argello, do PTB de José Geraldo, que recém abrigou Eduardo Siqueira, num movimento de aproximação da base da presidente Dilma.
Argello protocolou o requerimento e não foi à sessão de ontem, terça-feira, na CAE. Aí foi a vez da entrada em cena do senador José Agripino, ex-aliado da senadora Kátia Abreu no Democratas. O partido não engole a escolha que a senador fez pelo recém-fundado PSD de Kassab. No Tocantins apostaram na cisão, ficando com a deputada Professora Dorinha e com o deputado estadual Osires Damaso, que foi líder do governo até outro dia.
Agripino, como se sabe, protagonizou a cena de ontem na CAE, conseguindo jogar pra frente a apreciação do requerimento. Tudo com base na resolução 01/2013 da própria CAE. Kátia acusou a manobra, e responsabilizou a deputada Dorinha em agir a mando do governo. A professora negou.
Parecia definido que o assunto morreria daqui para o ano que vem. Mas Kátia Abreu é do tipo que não desiste. Sua fama em Brasília é conhecida.
De ontem para hoje, a senadora revirou os bastidores, buscou ajuda da assessoria técnica do PMDB no Senado e virou o jogo.
Foi para a sessão extraordinária que votaria aprovação do empréstimo para o governo do Acre e colocou seu requerimento em pauta. Para ser votado, precisava ser avaliado o de Argello, que novamente não compareceu à sessão, enviando um substituto para fazer a defesa.
Nos bastidores, Kátia forçou o acordo para que seu requerimento entrasse em pauta primeiro, aproveitando-se do quórum garantido pela articulação do Acre. Ameaçou até pedir vistas do pedido de empréstimo para garantir ter seu requerimento votado. Conseguiu colocar em pauta.
O resultado foi aprovação por unanimidade.
É até de se esperar que o governo não envie representante à audiência pública no Senado, como fez na Assembléia Legislativa na audiência convocada pelo Sargento Aragão.
Este, hoje vive um dia de alívio e satisfação. Falando com o portal no começo da semana fez um desabafo: estava se sentido de mãos atadas. “Um escândalo desse e a gente não consegue tirar das quatro linhas do Estado. Precisamos de ajuda para tentar recuperar esses recursos da aposentadoria do servidor”, disse.
A meia dúzia de vozes destoantes – incluindo aí os sindicatos de servidores - agora ganharão eco no Senado. Já não era sem tempo!
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