Senador Ataídes aponta falhas na Providência Social e afirma que o empresário brasileiro tem "insuportável carga tributária e previdenciária&amp

O senador Ataídes Oliveira apontou erros estruturais que segundo ele, compromete o Sistema da Previdência Social para as próximas décadas durante discursso na noite desta terça, 7, no Plenário do Senado Federal....

Em longo discurso realizado no inicio da noite desta terça, 7, no Plenário do Senado Federal, o senador Ataídes Oliveira apontou erros estruturais que segundo ele, compromete o Sistema da Previdência Social para as próximas décadas. Ataídes falou em nome do empresário brasileiro que tem "insuportável carga tributária e previdenciária" e com "uma preocupação imensa com os aposentados e pensionistas do nosso País".

Visão de empresário

Apoiando-se em sua experiência como empresário, Ataídes ressaltou que "nunca conheci uma empresa que fosse capaz de sobreviver nas condições que hoje opera a Previdência Social do Brasil". Nos últimos dez anos, revelou o senador tocantinense, a Previdência necessitou de aporte do Tesouro Nacional na ordem de R$ 190 bilhões.

Para o parlamentar, que é um dos mais bem sucedidos empresários do Tocantins e Goiás, há necessidade imediata de modificar a gestão da Previdência. Na sua avaliação, se o órgão fosse considerado como uma empresa qualquer, "os credores já teriam pedido seu fechamento há muito tempo".

Apesar de reconhecer que do ponto de vista conjuntural, no curto e médio prazo, a Previdência Social no Brasil é uma empresa viável, Ataídes reconheceu que o Sistema precisa ser gerido de maneira diferente. "Ela exige uma reforma imediata", vaticinou Ataídes dizendo que era "impossível calar diante do déficit previdenciário que se repete ano após ano e que apresenta saldos negativos na casa dos bilhões"

Balanço

Em seu discurso Ataídes trouxe números: a arrecadação no ano 2000 foi de R$ 57,15 bilhões. A despesa, em benefícios, foi de R$ 66,48 bilhões. Isso representou um saldo negativo de R$ 9 bilhões. Já, em 2010, arrecadamos R$232,45 bilhões e tivemos uma despesa de R$245,74 bilhões, perfazendo um negativo de R$12 bilhões. Ao somar os dez anos, são R$ 198,74 bilhões negativos.

Combate as Fraudes

Ataídes Oliveira propôs em Plenário uma série de medidas para minimizar o déficit da Previdência Social. Entre elas o combate às fraudes que, segundo ele, são um dos principais responsáveis pelo saldo negativo nas contas do órgão. O senador deu alguns exemplos de como as fraudes ocorrem ainda hoje, como o preenchimento irregular da guia GFIP que pode permitir a criação de diversos vínculos empregatícios "fantasmas" em uma única guia.

Embora admita ter havido avanço na legislação, com a divisão do trabalhador em geral (com as leis do custeio e de benefícios, que instituem o chamado o Regime Geral de Previdência Social) e o trabalhador do serviço público (no Regime Próprio da Previdência Social), o senador Ataídes considera que "trata-se de legislações modernas, mas não resolveram de vez os problemas que ainda persistem.

Alíquotas, informalidade e aposentadorias precoces

Entre eles, citou o alto índice das alíquotas que incidem sobre a folha de pagamento (31%), que coloca o Brasil em 4º lugar, atrás apenas de Argentina, Hungria e Itália em contribuição da Previdência; o alto contingente da população ocupada na informalidade; o contingente expressivo da população que não contribui sobre a remuneração; e a falta de limite mínimo de idade para aposentadorias precoces.

Dívida com a Previdência

Outro problema, apontou, é a não cobrança de créditos de empresas ativas falidas, de órgãos públicos ou de empresas como a Varig, Vasp e Transbrasil. Os cem maiores devedores da Previdência, ressaltou, devem cerca de R$ 50 bilhões.

Previdência Rural

Da mesma forma, o saldo negativo de R$ 50,7 bilhões da Previdência Rural deve-se ao extinto programa de Contribuição Previdenciária sobre a Comercialização Rural (Funrural) e não aos trabalhadores rurais, "os que de fato pegam na enxada", disse o parlamentar, e trabalham de "sol a sol" para colocar os alimentos na mesa dos brasileiros.

Previdência da União, Estados e Municípios

O parlamentar apresentou dados que o ministro da Previdência Social, Garilbaldi Alves, trouxe à Comissão de Assuntos Sociais (CAS) em audiência pública recente, que demonstram que a União, os estados e os municípios também são responsáveis em boa parte pelo rombo da Previdência. Os Estados e o Distrito Federal arrecadaram R$ 33 bilhões, mas tiveram uma despesa (benefícios) de R$ 64 bilhões o que resultou um saldo negativo de R$ 31 bilhões de reais. As capitais, R$ 5 bilhões de arrecadação, R$ 7 bilhões de despesas e um negativo de R$ 2 bilhões de reais.

Para o senador, pior são as contas da União que em 2010, pagou benefícios a civis e militares da ordem de R$ 73,9 bilhões, contra R$ 22,7 bilhões de caixa, somando um déficit da ordem de R$ 51,2 bilhões que ao final, o Tesouro Nacional teve de assumir.

Ao final, Ataídes Oliveira, reconheceu que "ainda não encontramos a fórmula justa para calcular as aposentadorias e pensões no Brasil". Para ele, é preciso que o assunto retorne ao Congresso Nacional para melhor discussão e vigilância, pois "é evidente que empresa que tem uma arrecadação de R$ 232 bilhões tem de dar certo". (Da Ascom)

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