Os produtores rurais do Tocantins já tiveram acesso a cerca de R$ 400 milhões, até o fim deste mês de agosto, às linhas de crédito do Plano Safra, somente junto ao Banco da Amazônia (BASA). Em todo o Brasil, um valor total de R$ 187,7 bilhões deve ser injetado na economia para subsidiar a produção e o aperfeiçoamento agropecuário. O Plano Agrícola e Pecuário, mais conhecido como Plano Safra 2015/2016,tem o objetivo de garantir linha de crédito para custeio e financiamento no setor Agropecuário.
Quanto ao volume de recursos em relação à safra anterior, o Plano teve um aumento na ordem de 20%, já que, para 2014/2015 foram injetados R$ 156,1 bilhões para o financiamento, e o foco principal é o médio produtor.
Em linhas gerais, os produtores rurais tem acesso prioritariamente ao crédito para a aquisição de máquinas agrícolas e para ampliar a capacidade de armazenamento e ainda continuam os limites adicionais de financiamento para retenção de matrizes bovinas, aquisição de bovinos para engorda em regime de confinamento e aquisição de reprodutores e matrizes bovinas e bubalinas.
Segundo o superintendente do Tocantins do Banco da Amazônia (BASA), Marivaldo Melo, a demanda de produtores cresce a cada ano e em 2015 a meta prevista já foi cumprida em 70%, no que diz respeito ao custeio. “Temos bastante demanda e temos conseguido viabilizar ao produtor rural o acesso ao crédito para que ele tenha condições de aperfeiçoar a sua produção”, relatou Marivaldo.
Juros baixos
A taxa de juros reduzida é o fator que chama a atenção dos produtores para buscar o financiamento. Neste ano o Plano Safra trabalha com a taxa de 7,75% ao ano para os médios produtores e 8,75% para os grandes, no que diz respeito ao financiamento para custeio. Já para a categoria investimento, a taxa de juros varia de 7 a 8,75% para os produtores que tem um faturamento de até R$ 90 milhões.
Dificuldades
Conforme o T1 Notícias apurou, alguns produtores rurais tem tido dificuldades em conseguir o financiamento, foi o que relatou Renato Figueiredo, que trabalha com o plantio de soja e outros grãos na região norte do Tocantins. “Tenho tido que buscar dinheiro fora do Estado pois conseguir o financiamento está muito enrolado, muito complicado”, explicou o produtor.
Como Renato busca financiamento por meio de trade, e as operações são feitas em dólar com juros altos, o produtor informou que deve ter uma perda, apenas com juros, em torno de R$ 400 mil nesta safra. “Não culpo os bancos, pelo que vemos o dinheiro não está sendo repassado, tendo em vista a crise instalada no Brasil”.
O produtor rural de Darcinópolis, Marcílio Fernandes Marangoni, informou ao T1 que não busca o financiamento, mas conhece a realidade de muitos produtores que não conseguem ter acesso a linha de crédito. “O governo anuncia que tem o dinheiro e tem, mas na hora que o produtor vai buscar, o que se ouve aqui é que não se consegue”, relatou.
Diante da dificuldade, Marcílio falou das perdas que os produtores acabam tendo, já que a maioria deles buscam as operações feitas por meio de trade e com a alta do dólar os produtores são os mais prejudicados.
Requisitos para acesso ao crédito
A informalidade pode ser uma das principais dificuldades enfrentadas pelos produtores atualmente para conseguirem o crédito. “Os produtores que nos procuram e são orientados a trabalhar na formalidade e depois eles voltam e nos agradecem”, relatou Marivaldo.
De acordo com as informações do superintendente, o primeiro passo a ser dado pelo produtor rural é o cadastro junto ao banco que vai subsidiar o crédito com a apresentação de toda a documentação necessária.
Para o financiamento de custeio, que são as despesas do dia-a-dia da produção, o produtor não tem a necessidade de elaborar um projeto, bastando apresentar a documentação necessária e estar apto para firmar o contrato de crédito.
No que diz respeito ao financiamento para investimento, Marivaldo informou da necessidade um projeto. “O produtor precisa planejar e prever as garantias usuais que todos os bancos exigem como a questão ambiental que a cada dia se torna mais necessária, pois ele precisa ter o compromisso de recuperar e precisa saber como recuperar a reserva legal deles”, disse.
O Certificado de Cadastro de Imóvel Rural (CCIR) tem sido um grande impeditivo no que tange ao acesso ao crédito, segundo o superintendente. “O fato de necessitar o georreferenciamento tem sido um grande problema, pois nem todos fazem”, relatou.
Para o superintendente “os produtores as vezes acham que para se ter acesso ao crédito é exigido muita burocracia” o que segundo ele é extremamente necessário. “Trabalhamos com recursos públicos que precisam ser investidos da forma correta”, ponderou.
Produzir com qualidade
Durante sua entrevista ao T1 o superintendente do Basa falou sobre a necessidade de uma produção com qualidade. “Economistas nos falam que o agronegócio representa mais de 35% do PIB do Brasil e hoje é muito atrativo, tem mercado. Está muito bem”, relatou o superintendente ao alertar sobre a necessidade de aproveitar o crédito do governo federal para investir em tecnologia e planejamento. “O Subsídio vem em boa hora para que o produtor possa produzir com segurança e possa se planejar para que em momento de aperto, momentos climáticos por exemplo, ele saiba lidar com as situações”, disse.
Para ele “planejamento é fundamental” e o produtor tem condições de hoje “aproveitar o recurso para investir em tecnologia”. O superintendente do Basa voltou a falar sobre a necessidade de se produzir com a preocupação ambiental. “É preciso aumentar a capacidade produtiva evitando novos desmatamentos. Diversificar o negócio é uma importante saída”, destacou.
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