Desde 1991, ano da criação da Lei nº 8.213, que trata da contratação de portadores de necessidades especiais (PNEs), empresas de todos os setores buscam cumprir o percentual mínimo exigido de funcionários com deficiência. Mas, atingir os números exigidos não tem sido tarefa fácil no Tocantins.
No município de Paraíso do Tocantins, a 60km de Palmas, a agroindústria Frango Norte, uma das maiores do estado, tem se esforçado para conseguir novos funcionários PNEs e, também, para manter os já contratados. A empresa tem atualmente um total de 1.002 funcionários, de acordo com o gerente de Recursos Humanos, Francisco de Assis Gomes, e enfrenta dificuldades para manter os portadores de necessidades especiais no trabalho.
Na tentativa de atrair novos funcionários nessas condições e, também, para manter os 27 PNEs empregados, a Frango Norte oferece alguns benefícios aos funcionários como cesta básica, bônus por assiduidade e presença e seguro de vida.
De acordo com o gerente de RH da agroindústria, há uma resistência muito forte dos familiares dos PNEs por causa do trabalho e, ainda, por conta do benefício que os deficientes recebem sem trabalhar. “A própria família não acredita na capacidade dele [PNE]”, comenta.
Enfrentando a família em busca da independência financeira
A resistência da família nesses casos é confirmada por Milton César Santana, de 24 anos. O jovem é portador de necessidades especiais e trabalha na Frango Norte há dois anos e meio.
Santana sofreu um acidente aos 10 anos de idade, quando foi atropelado por um caminhão e teve a perna direita muito machucada. Após um ano de tratamento em hospitais do Tocantins e de Goiás, os médicos decidiram amputar parte do membro. A adaptação não foi fácil, segundo ele, mas com o tempo a situação foi superada.
Em entrevista ao T1 Notícias Milton Santana contou que a família não apoiava a tentativa de um emprego, mas que ele acreditava no próprio potencial e decidiu correr atrás da oportunidade.
“Foi um impacto muito grande na família, todo mundo me tachava como louco e ainda questionava como eu ia largar o benefício [aposentadoria], que era uma coisa 100% segura, por uma coisa que não sabia se daria certo ou não. Só que eu confiei, eu via em mim mesmo a capacidade de conseguir e crescer mais, tanto financeiramente quanto intelectualmente”, relata o jovem.
Milton Santana enfrentou a resistência da família e conseguiu seu primeiro emprego com registro na carteira de trabalho. O jovem ingressou na agroindústria no cargo denominado “Auxiliar de Serviços I” e atuava no setor de embalagem de derivados. Sempre demonstrando interesse em crescer na empresa, ele já foi promovido duas vezes e hoje está no setor financeiro da agroindústria.
O gerente de RH destaca que a deficiência de Milton Santana, ou de qualquer outro colaborador, não impede que ele se destaque e consiga cargos melhores dentro da empresa.
Serviço
Os Portadores de Necessidades Especiais (PNEs) interessados em uma vaga de trabalho na agroindústria podem encaminhar currículo para o e-mail: recursoshumanos1@frangonorte.com.br.
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