O Tocantins está novamente vivendo uma tendência de aumento nas notificações de suspeita de Covid-19. É o que mostram os números e esse movimento de novas contaminações é uma tendência já detectada nacionalmente.
A previsão dos especialistas é que o mês de junho traga uma terceira onda de contaminação.
É neste cenário que a pressão feita pelos proprietários de escolas privadas surtiu efeito sobre governo e prefeituras, forçando a reabertura das escolas particulares “com todos os protocolos de segurança”.
E eu pergunto: que segurança se pode oferecer sem vacina?
Como obrigar professores a retornarem a aulas presenciais sem vacinar? É um Ode à insensatez.
“Ah, mas vacinamos quem tem comorbidade”. Não é suficiente. Não é correto.
Em entrevista ontem ao T1 Notícias, a prefeita de Palmas, Cinthia Ribeiro, argumentou que não justificaria liberar as aulas na rede particular e não liberar na escola pública. Os protocolos adotados garantiriam - hipoteticamente - uma segurança aos profissionais.
A verdade é que nem a vacina garante que o educador vá contrair a doença. Mas ela é a única segurança que a gente tem de que – se contrair - o vírus chegará com menos força, evitando o agravamento de casos e a morte.
Na lentidão em que a vacinação segue no Brasil e no Tocantins – Palmas tem vacinado mais rápido, mas não tem vacinas suficientes para uma vacinação mais eficiente – e com a resistência de uma parte significativa da população em usar máscara e fazer o distanciamento social, não tem como dar certo.
Esse cenário: vacinação lenta e baixo distanciamento social é a fórmula para vivermos uma nova fase de lotação de leitos.
Qual a dificuldade em esperar mais 30 dias e vacinar os professores, merendeiras, auxiliares administrativos e todo o corpo escolar?
O argumento de que outras categorias não pararam de trabalhar e seguem sem vacina, não convence.
As crianças, como se sabe, são vetor de transmissão do vírus. Com seu metabolismo mais acelerado, eliminam com mais facilidade o Sars-Cov e desenvolvem os sintomas da doença em número menor. O que não evita os casos de agravamento e morte de crianças e adolescentes. É uma roleta russa genética, ainda não completamente decifrada.
Mesmo que não desenvolva, a criança carrega o vírus para a casa, onde contamina a família, que ainda não vacinou.
A eficácia das vacinas também varia e o tempo de imunização é baixo. Em São Paulo por exemplo, os profissionais de saúde já precisam vacinar novamente, pois os testes mostram que não estão mais imunizados.
Por tudo isso, entendo que governo e município cometem um erro grave nessa retomada de aulas presenciais. Ainda que com 50% de ocupação. Ainda que com todos os “protocolos de segurança”.
Meus filhos, por enquanto, seguem em casa. Até que a vacina chegue para todos nós. O prejuízo é grande? É. Já vai mais de um ano fora da escola. Mas acredito que esse é um tipo de prejuízo que se recupera.
Já a vida, não.
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