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É “loucura” coletiva ou crime? Autoridades e instituições não podem se acovardar

Bolsonaristas inconformados promovem manifestações na porta de quartéis, na entrada de cidades, à margem de estradas, pedindo (pasmem) que o Exército Brasileiro derrube o regime democrático

Imagem ilustrativa
Descrição: Imagem ilustrativa Crédito: Divulgação/Ascom TRE-TO

Neste 7 de novembro, por todo País, Bolsonaristas inconformados promovem manifestações na porta de quartéis, na entrada de cidades, à margem de estradas, pedindo (pasmem) que o Exército Brasileiro derrube o regime democrático Republicano e tome o poder no País.

 

Parece um delírio coletivo, de parte da população brasileira, mas não é. É um flerte com a ruptura de tudo que foi conquistado com a Constituinte de 1988 e que tornou a sociedade que vivemos mais equilibrada, com a garantia de direitos fundamentais.

 

Do mesmo lado e misturados temos a elite patronal do agro e segmentos ligados a ele, mas não só. Na outra ponta, mas misturados nesse delírio coletivo pessoas que não viveram a ditadura militar, não sofreram perdas com ela, e não têm a menor memória do que seja isto. Mas morrem de medo de um fantasma chamado “comunismo”.

 

Se perguntarmos para os “grevistas” golpistas que fecharam suas empresas hoje o que é este comunismo, não saberão explicar. Vão comparar o Brasil com a Venezuela, para dizer que viveremos dias de carestia e de fome, de desvalorização da moeda, de privação da liberdade. A mesma liberdade de ir e vir da qual estão privando trabalhadores de chegar aos seus postos de trabalho... ainda, em algumas cidades brasileiras.

 

Eles não sabem dizer por que em quatro governos do PT (Dois de Lula, um de Dilma e o último, desta, interrompido pelo golpe) este comunismo nunca chegou. As restrições impostas por governos que identificam como comunistas ao redor do mundo, nunca chegaram.

 

A verdade é que eles nem sabem que ditadura é esta que estão pedindo. O que querem na verdade é impedir a diplomação de Luis Inácio Lula da Silva, eleito democraticamente no último domingo, 30 de outubro, presidente do Brasil para os quatro anos que virão de 2023 a 2027.

 

Tentam retirar de suas manifestações o nome do “mito”, os adesivos dos carros e nas mensagens repassadas aos milhões nos seus grupos de WhasApp orientam a militância a desvincular de Bolsonaro o que estão tentando fazer. Sob o argumento de que se for identificado como o principal interessado nisto o presidente derrotado nas urnas pode ser preso.

 

Será que acham que enganam alguém? 

 

O que a direita de Aécio, derrotado por Dilma naquela sua reeleição, levou quase dois anos para fazer, usando o Congresso Nacional, bolsonaristas inconformados querem fazer agora, antes da diplomação e posse do presidente eleito.

 

Mas o que pode ser pior do que a falta de conhecimento de regimes de governo, a falta de empatia com as famílias dos milhares de torturados e mortos pela ditadura militar que governou o País, a falta de maturidade emocional para aceitar uma derrota nas urnas?

 

A leniência das autoridades. A omissão de polícias militares que entregam a militantes o controle de rodovias, acesso a cidades, e se recusam a cumprir o seu papel institucional.

 

Isso é grave!

 

Democratas de mãos sujas

 

No Tocantins, o governo e a polícia esperaram pacientemente completar as 72 horas programadas pelos manifestantes que fecharam estradas sob o argumento de evocar um artigo da Constituição que não serve aos seus fins. Só fizeram o desbloqueio depois deste horário. Enquanto isto, pacientes perderam consultas, pessoas ficaram retidas em bloqueios, sem dinheiro para se alimentar. Outros – os que puderam -  tiveram que gastar com hotéis e motéis para pernoitar. Postos de combustível ficaram desabastecidos, supermercados viram seus estoque baixar. Um prejuízo imensurável.

 

No caso do bloqueio de estradas, o crime está caracterizado no art. 253 do Código Brasileiro de Trânsito, mas o dano não pode ser coberto com multas entre R$ 300,00 e R$ 17 mil reais.

 

Esta leniência tem preço. Político e social.

 

Candidatos eleitos nas urnas, apoiando protestos contra a lisura destas mesmas urnas, que nome se dá a isso? Ultrapassa a conivência, beira a irresponsabilidade.

 

Enquanto autoridades se omitem, os movimentos seguem.

 

Sem qualquer indício ou prova de fraude, toda essa gente alimenta o ódio, as notícias falsas e insuflam o boicote aos resultados. Não é mais questão de opinião. Os limites já foram ultrapassados faz tempo. É o flerte com a ditadura. É crime. 

 

Tanto a propaganda pública de processos violentos e ilegais para a alteração da ordem política ou social, quanto a incitação de animosidade entre as forças armadas e classes sociais ou instituições civis já estão previstas na Lei de Segurança Nacional (7.170/83 – artigo 22), na Lei dos Crimes de Responsabilidade (Lei 1.079/50) e no próprio Código Penal (artigo 287).  

 

Se estas ações forem ignoradas num jogo de “deixa fazer, são cidadãos de bem”, abre-se um abismo perigoso. 

 

As maiores democracias do mundo já comemoram o retorno do Brasil ao círculo de países que prezam pelo cuidado com o Meio Ambiente, que asseguram direitos civis, que investem na ciência e na pesquisa, que combatem a fome.

 

O mercado deu sinais positivos: novos investimentos, queda do dólar frente ao real.

 

Lula retorna à cena depois de uma semana de descanso, Geraldo Alckmin comanda a transição junto ao vice, senador eleito Hamilton Mourão.

 

Que a direita se organize e volte às urnas em 2026, melhor representada. Que estas pessoas que estão nas ruas melhorem, se informem. Que o brasileiro mediano deixe de ser alvo fácil da máquina de fakes.

 

Tudo isso, é o que a gente espera. Mas a paz social não cai do céu. Autoridades constituídas e instituições precisam fazer seu papel.

 

A democracia é um bem muito caro para ser jogado na lata de lixo da história.

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