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Meu adeus a Zequinha, o mais improvável amigo que o TO me deu

Meu amigo José Carlos Aires Gomes dos Santos, o Zequinha, morreu nesta quarta-feira, 16; deixa esposa Shirley Alves Araújo Aires, três filhos e seis netos

Crédito: Arquivo pessoal

Com o tempo, a morte já deveria ter se tornado menos estranha para mim…


A morte de amigos, de familiares. A partida de quem um dia amei.

 

Percorrendo as ruas de Palmas no entardecer desta quarta-feira, 16, no final do dia, já depois das cinco me pego pensando em como será o dia da minha morte…

 

O dia que as cores de Iku descerem na terra para sombrear os jardins 

 

Como hoje para o querido Zequinha…


O Zequinha do Brito, Zequinha do Gomes, Zequinha da Dra Cynthia, do neto que ele tanto amava… dos netos.


Eu nasci na baixada da avenida Anhanguera, lá na distante Jataí…


Ele nasceu nas barrancas do Rio Tocantins, na distante Porto Nacional.


Nenhuma lógica nos uniria a não ser a do improvável que fez com que nos encontrássemos décadas depois na nossa Palmas do pôr de sol tão lindo como o de hoje, que cai enquanto seu corpo é velado em Porto Nacional.


Não posso com velórios nem com cortejos. É proibição do Odu que me rege…


Descumpri quando minha mãe morreu, naquele março de 2021, em plena pandemia, e eu não tinha outra opção que não fosse cuidar de seu corpo esquálido, velá-lo e sepultá-lo na nossa bela Taquaruçu.


No dia seguinte, não esperava ninguém para o sepultamento que não a família e aos nossos poucos amigos residentes na serra.

 

Eis que as primeiras horas da manhã, lá pelas sete e meia, chega Zequinha e sua esposa para me levar um abraço.


Todo cuidadoso, cheio do álcool em gel e das máscaras foi me prestar sua solidariedade.

 

O conheci na política, nos bastidores do governo Marcelo Miranda. Conversamos muito! Eu, ele, Ricardo Ribeirinha e Luciano Coelho. Estávamos sempre dividindo impressões sobre os acontecimentos. Ele me dando dicas, antecipando acontecimentos.

 

Zequinha e suas fontes em Brasília, suas premonições. Quando tive Covid-19, ele ligava no hospital, recomendou cardiologista, me colocou em contato com a filha médica, Dra Cynthia.

 

Depois ele adoeceu. Conversamos pelo Whatsapp, nos vimos uma vez e vieram as internações, as melhoras e as recaídas. A internação na UTI. Eu prometendo ir vê-lo em casa e nunca dava certo…

 

Hoje o dia amanheceu esquisito. Meus filhos tiveram crises. Nenhum foi para a escola. E eu dentro de casa com esse gosto amargo na boca sem saber o que era que estava no ar me fazendo querer ficar apenas dentro de casa.

 

No fim do dia veio a notícia, me atravessando como um raio, pelo WhatsApp.


Como assim? Zequinha não era imortal? Como vai ser agora sem seus salmos todo dia de madrugada, as fotos raras de vez em quando, os arquivos das revistas.

 

Um de nossos amigos comuns, Nego Nen, tenho certeza, deve estar atravessado por essa espada incomoda da morte, tanto quanto eu.

 

Sem palavras. Descansa em casa companheiro, quando chegar à sua morada no céu.

 

Já imagino a fila te esperando: Dr. Brito, Salomão, entre tantos outros com quem rimos, conversamos e ombreamos nossa caminhada pela terra.

 

Numa das últimas ligações eu disse: "te amo! Deus te proteja e te guarde!", ele respondeu: "também te amo minha amiga! Você sabe do grande carinho e admiração que tenho por você”. Foi nossa despedida. Agora guardo as boas lembranças… Nós dois num domingo na casa do Japiassu. Os bastidores das campanhas. Todas as vezes que cuidou de mim…

 

Até um dia meu amigo! Gratidão por tudo! Meu abraço na alma, hoje que os sinos dobram por ti.

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