A pauta do dia desta quinta-feira, início do mês de julho, é o pacote de obras e serviços, programas sociais de reforço alimentar e iniciativa de lançamento de primeiro emprego que o governo anuncia.
Coletiva na tarde desta quinta-feira deve explicitar tudo que o governo vem fazendo e pretende fazer neste cerca de um ano que resta a Mauro Carlesse antes do início do processo eleitoral do ano que vem, que pode ser antecipado em abril, com a desincompatibilização do governador. Isso, caso se confirme sua postulação ao Senado.
Do Mauro Carlesse cordato, que não se refere a adversários na maioria do tempo, vimos surgir outro Carlesse no discurso de apresentação das instalações do HGG em Gurupi. No geral, a população segue sua vida alheia a discursos políticos, mas quando se trata de briga, barraco, ou quando um líder sobe o tom, os acessos explodem nas matérias de cunho político.
Foi o que aconteceu quando dois veículos deram destaque ao tom enviesado do discurso do governador, falando do passado recente do Estado. E que provocou reações adversas da bancada.
Embora não cite nomes, Carlesse se irrita com quem já faz pré-campanha para sucedê-lo. Enxerga nos adversários – e aí temos Laurez Moreira (adversário do seu domicílio eleitoral) e o ex-governador Marcelo Miranda, que pretende o Senado – alguma hipocrisia.
Laurez, porque foi deputado estadual, federal, compôs governo anterior e, em Gurupi, encarnou a oposição a Carlesse. Miranda porque deixou o governo em situação precária, com salários atrasados, comprometido com a Lei de Responsabilidade Fiscal e completamente desenquadrado. Sem condições de investimentos, como os que se vê hoje.
Nos bastidores é sabido que irrita o governador o tom de Ronaldo Dimas e Laurez Moreira ao colocar que querem “colocar o Estado de volta nos trilhos do desenvolvimento”.
Como assim? Questiona o Staff de Carlesse, lembrando que Dimas foi secretário de Estado em governos não tão competentes assim. A mesma incoerência enxergam em Laurez Moreira. Um discurso que poderia “enganar os incautos”.
Sobre Marcelo Miranda, a deputada federal, dona Dulce, respondeu em nota o discurso do governador, sem se referir ao marido, ex-governador, mas dizendo nas entrelinhas que os prefeitos entendem melhor a realidade do Estado que o governador. E que por isso direciona a eles os recursos de sua atuação como deputada. O clima entre Dulce e o governo Carlesse já foi melhor.
Já o deputado Tiago Dimas, líder da bancada federal, respondeu em nota, o discurso do governador, lamentando o tom, e incitando-o a dizer os nomes de quem não estaria trabalhando para o Estado. Afinal, trabalhar para o Estado não significa necessariamente carrear recursos para que o governo os administre...
É um clima ruim, que não constrói boas relações esse bate e rebate entre governo e bancada. Mas é do processo democrático.
Não se espera que o governador tenha unanimidade, mesmo contando com 22 dos 24 deputados estaduais, quase sempre, nas suas votações.
Ocorre que em todo fim de governo caminha para dissensões, afinal é momento de renovação de poder expectativa de poder. E Carlesse deixará um vácuo no governo, devendo escolher bem o sucessor, para conseguir uma vitória. Não há eleição ganha por antecipação.
É este espaço que companheiros e adversários almejam: o comando do governo pelos próximos quatro anos.
A questão é que não pode haver retrocesso. O Tocantins não aguenta mais tanta instabilidade como vivemos nos dois últimos mandatos que antecederam Mauro Carlesse.
Sobre isso, na sagacidade que lhe é própria, o senador Eduardo Gomes falava com o Blog há duas semanas, que não dá para esquecer que dos três últimos governadores do Estado, dois foram presos.
O Estado, independente de governo, ainda responde judicialmente por atos e contratações de obras, estradas e serviços nos governos Sandoval Cardoso e Marcelo Miranda.
Carlesse escolheu outro caminho. E o que está claro no seu discurso é que não pretende deixar o tocantinense esquecer um passado tão recente.
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