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O dia em que a paixão venceu o medo e Palmas se mostrou soberana, acima dos milhões

A história desta eleição, foi escrita em duas batalhas: primeiro e segundo turno. Prevaleceu um traço do eleitorado de Palmas: a rebeldia... sob as bençãos de Deus e do povo, Eduardo é eleito

Crédito: Divulgação

Atravessei com dificuldade o espaço que separava o estacionamento de fundo do Espaço Cultural até a grande praça, levando Leonardo, meu filho de 13 anos pela mão.

Chegamos de Uber, num Byd, o carro do futuro, dirigido por uma mulher que não é de Palmas e não entendia bem o que estava acontecendo. A cidade tomada de alegria. Pessoas buzinando nas ruas, o Espaço Cultural lotado.

 

O curto trajeto não foi suficiente para explicar a ela do que se tratou esta eleição. Esta vitória suada, sofrida, vivida literalmente a cada dia, a cada noite, a cada hora da reta final, com o coração na mão.

 

Mas resumi: a paixão venceu o medo. A resistência venceu o dinheiro. E no final foi tanto dinheiro oferecido – para postar foto no Status, para comparecer a uma reunião, para segurar bandeira na rua – que o povo, abusado, já pegava dela, convicto em votar nele. 

 

Um sentimento que se revelava no grito que tomou conta da praça: “Eu/ vim /de graça!”

 

Depois de tirar meu filho de casa para me acompanhar até a festa da vitória e tirar do celular (que é o mais difícil), fui situando-o no que estava acontecendo alí. Para que ele nunca se esqueça. Para que um dia ele possa contar aos seus filhos o momento histórico que ele próprio estava assistindo ali: “Leonardo, esta é a primeira vez que Palmas tem segundo turno numa eleição de prefeito”.

 

Isabelly, minha caçula, 11 anos, atípica, nível moderado, já estava em cima do palco desde as cinco e meia da tarde. Foi a todas as reuniões que pode, carregada pela tia Iran dela, e pela amiga irmã Cecília. Esteve sempre pronta, desde o primeiro dia em que eu fui às ruas -  16 de agosto -  com um carro de som, um jingle tocando para pedir votos para vereadora.

 

Ela gosta de uma campanha. Gosta de dançar ao som de “Dudu,Dudu... ai meu Dudu”. As crianças aliás, foram um capítulo a parte nesta eleição. Tem gente que torce o nariz, que não gosta...

 

Mas afinal, para quem estamos construindo a cidade que queremos? Senão para os nossos filhos...

 

Desde a eleição histórica entre Lula e Bolsonaro eles andam comigo, balançam bandeira comigo, dão um trabalhinho em uma ou outra reunião. Sou uma mãe que educa no modo africano: crianças não devem ser separadas da nossa vida, seja da espiritual, seja da política. A aldeia educa a criança. 

 

Voltando ao Espaço Cultural. 

 

Depois de resumir os motivos de tanta euforia para a moça do Uber, fui contar para o meu filho o que significava aquele momento. Não que ele fosse entender a complexidade de tudo. Mesmo assim, eu disse a ele, em 10 minutos o que foi a história dessa eleição.

 

Deus foi mais. Foi maior que os homens e mulheres que tentaram comprar o futuro desta cidade para dividi-la entre si, seus parceiros de negócios, movidos – muitos deles – além da ganância, pela força do ódio. 

 

O ódio ideológico, o ódio que separa as pessoas pelas suas religiões, o ódio contra tudo que é diferente deles e do que eles acreditam.

 

Cansei de ouvir questionamentos

 

“Ah, mas Eduardo representa a volta do Siqueirismo...

Ah, mas Eduardo representa o atraso...

Ah, mas Eduardo isolou a esquerda...

Ah, mas...”

 

Em campanha, o que não é vitória, é lição.

 

Ainda vamos ter muito tempo para avaliar o que foi e o que poderia ter sido.

 

Por hora, o que posso dizer é que tudo foi perfeito, por que chegamos ao resultado desejado: a derrota do modelo de campanha política que trabalha com a pressão, a coerção de pessoas, o pagamento de tudo que deveria ser espontâneo, para forjar um resultado.

 

Ao meu filho eu disse o que digo a vocês hoje: Deus foi maior, o compromisso de homens e mulheres com o destino de Palmas para os próximos anos foi maior. Tudo caminhou da forma necessária a este resultado. Sem Cinthia, Geo e a Federação no primeiro turno, não haveria segundo turno. Esta guerra se dividiu em importantes batalhas. E estou feliz e aliviada de ter lutado nela, na condição de dirigente partirária e candidata.

 

E  mais:não existe o meu Deus, o nosso Deus e o Deus do outro.

 

Deus é um só. 

 

E Eduardo vai ser prefeito, por que soube, do dia 6 de outubro ao dia 27, unir em torno dele todos os apoios necessários para chegar a este resultado.

Não chegou sozinho. Chegou cercado e abraçado por todos nós. E que bom que ele é Siqueira. Porque só sendo quem ele é para ter conseguido a derrota sobre a máquina. 

Só sendo quem ele é, para oferecer aos seus eleitores, a confiança de que sabe fazer, de que fará. 

 

E do alto dos seus 66 anos chega temperado por tudo que viveu, vitórias e derrotas, luto e renascimento. Capacidade de abraçar e dialogar. De governar para toda Palmas.

 

Se a configuração da política do Estado muda a partir do resultado de Palmas?  Não tenha dúvida, mas isso é tema para outra conversa.

 

Por hoje, estou de alma lavada. Estamos. Valeu a pena cada dia de luta, desde o primeiro turno até aqui.

 

E somos todos vitoriosos por construir este capítulo da nossa história.

 

Fica a lição: dinheiro é bom.... e todo mundo gosta! Mas dinheiro sem empatia, sem solidariedade, sem verdade, sem amor ao próximo não compra uma eleição. 

 

Aqui, não.

 

 

 

 

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