Desocupação do Museu do Índio provoca tumulto com a PM no Rio

Advogado foi detido após pular muro para intervir em negociação

 

Mais dois manifestantes foram detidos, na manhã desta sexta-feira (22), durante a tentativa de desocupação do antigo Museu do Índio, no Maracanã, na Zona Norte do Rio. Por volta das 9h30, o clima ficou tenso quando o advogado Arão da Providência, que diz ser irmão de um dos índios que vive no prédio, pulou o muro para falar com os indígenas. Ele foi repreendido pelos PMs do Batalhão de Choque, contido com uso de força e levado para o camburão. Outra manifestante, Mônica Bello, também foi detida após discutir com os policiais.

Durante a madrugada, outros três manifestantes, todos estudantes, já tinham sido detidos. A PM usou spray de pimenta e gás lacrimogênio para tentar conter o tumulto.

De acordo com o representante do movimento, Afonso Apurinã, dez pessoas saíram e aceitaram o acordo proposto pelo Governo. No entanto, segundo o líder, 50 indígenas ainda resistem a deixar o imóvel. A PM cerca o local desde as 3h.

Mais de 50 policiais, além de vários carros e motos da corporação, cercam o prédio um dia após o Governo dar o ultimato aos índios. No local será construído o Museu Olímpico.

 

Detidos
Pouco antes das 7h, funcionários do Governo chegaram ao museu para negociar a desocupação. Os índios, muitos encapuzados, resistem a sair do imóvel. Estudantes e simpatizantes do movimento fazem manifestação com cartazes, pendindo a permanência dos índios.

Durante a madrugada, três pessoas que participavam do ato foram detidas.  Para dispersar o tumulto, a PM usou spray de pimenta e gás lacrimogênio

Por volta das 9h30, o clima ficou tenso quando um manifestante tentou pular o muro para falar com os índios e foi impedido pelo Batalhão de Choque. Ele resistiu e foi apoiado por um grupo, contido pela PM com bombas de gás.

Trânsito complicado
A Radial Oeste, uma das principais vias da Zona Norte do Rio, foi fechada, por volta das 6h30, para a desocupação.

Dez minutos depois, a via foi reaberta, mas o trânsito continuou muito complicado, principalmente no sentido Centro. De acordo com o Centro de Operações da Prefeitura do Rio, a melhor opção para os motoristas é a Avenida Visconde de Niterói.

O grupo de indígenas que ocupa o local, que deu ao museu o nome de Aldeia Maracanã, está no imóvel desde 2006. A 8ª Vara Federal Cível do Rio concedeu imissão de posse em favor do governo estadual e os índios foram notificados em 15 de março.

A Secretaria de Assistência Social e Direitos Humanos ofereceu, além do Hotel Santana, três opções de moradia provisória, até que o Centro de Referência Indígena seja construído na Quinta da Boa Vista, também na Zona Norte, além do Hotel Santanna, no Centro.

Segundo o secretário estadual de Assistência Social, Zaqueu Teixeira, os indígenas terão que se deslocar para o hotel, onde terão alimentação e um andar exclusivo. Os índios que não quiserem ficar no local poderão aceitar ficar provisoriamente em três áreas sugeridas pelo Governo: um terreno em Jacarepaguá, próximo ao Hotel Curupati; o abrigo Cristo Redentor; ou área ao lado do barracão da Odebrecht, na Rua Visconde de Niterói. 

Zaqueu Teixeira deu um prazo de um ano e meio para a construção do Centro de Referência Indígena. Até lá, os índios poderão escolher um dos locais sugeridos, caso aceitem a proposta. Se recusarem, a Justiça poderá obrigar a saída.

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