Festa do Carmo começa nesta 5ª com mistura de religiosidade e cultura

Acontece em Monte do Carmo a tradicional Festa do Carmo a partir desta quinta-feira, 16, até sábado, 18. O festejo reúne as festas de Nossa Senhora do Carmo e do Rosário e do Divino Espírito Santo.

Festa é acompanhada por milhares de pessoas
Descrição: Festa é acompanhada por milhares de pessoas Crédito: Carlla Morena

A Festa do Carmo, uma das mais tradicionais do Tocantins, tem início nesta quinta-feira, 16, e segue até sábado, 18, em Monte do Carmo. A festa reúne o festejo do Divino Espírito Santo, Nossa Senhora do Carmo e Nossa Senhora do Rosário em uma só temporada. Hoje e amanhã, até o almoço, é o momento do reinado do imperador e da imperatriz, quando, após o meio dia, inicia-se a festa da rainha de Nossa Senhora do Rosário, que segue até o almoço de sábado, 18.

 

Segundo a carmelitana e servidora pública Késia Magalhães, a junção dos festejos se deu ainda no século XIX quando os padres decidiram unir a festa de Nossa Senhora do Carmo, do Divino e de Nossa Senhora do Rosário no mês de julho, especificamente nos dias 16, 17 e 18. “Como as pessoas não tinham carro e para virem para a cidade era muito difícil, os padres decidiram colocar as três festas juntas para que todos pudessem ter condições de participar”, relatou.

 

Como o calendário da festa é fixo, o domingo de páscoa é o ponto de partida com a saída das folias que passam 40 dias propagando a palavra de Deus pelas cidades vizinhas. Neste momento os foliões levam seus instrumentos musicais (caixa, pandeiro e viola) e através dos cantos e ritos próprios fazem o convite para a grande festa do Carmo e colhem donativos para a realização da festa no mês de julho.

 

Para a historiadora e mestre em Educação, Marinalva do Rêgo Barros, “um dos aspectos relevantes do município é o encontro marcante da religiosidade com uma cultura secular que se manifesta em um rico calendário anual de festividades, constituindo um mosaico marcado por referências africanas, ibéricas e indígenas”. Ela completa dizendo que “a expressão dessa cultura e religiosidade constitui-se patrimônio cultural de imensurável valor para o município, o estado e o país, e representa uma marca identitária do povo tocantinense”.

 

Escolha do imperador e da rainha

De acordo com as informações de Késia, que acompanha a festa desde seus oito anos de idade, tanto o imperador quanto a rainha são escolhidos por meio de sorteio, mas em alguns casos a responsabilidade é conferida sem o sorteio levando em consideração promessas que são feitas e pessoas que pedem a oportunidade de realizar a festa.

 

“A cada ano que eu participo me dá um balsamo de vida nova, de recomeço, de batismo renovado. Hoje mesmo eu olhando para a imagem de Nossa Senhora, que tem um significado muito grande, refleti que cada ano é uma emoção diferente”, avaliou ao destacar que a festa faz parte de suas raízes. “Meu pai foi rei em 1978 e toda a minha família, paterna e materna, sempre esteve engajada e realizando festas ao longo dos anos”.

 

Festejos do Imperador

A festa consiste na coroação do imperador, com missas, celebrações, a festa do imperador e no final ele finaliza seu o reinado já apresentando à comunidade o novo imperador já escolhido para iniciar o trabalho para a festa do próximo ano.

 

Ainda nesta quinta, 16, o antigo imperador, do ano passado, passa a coroa para o novo imperador, que este ano é o Padre Jairon, pároco da comunidade. A cerimônia acontece à noite e amanhã, dia 17, é a grande festa do Divino Espírito Santo, celebrada durante a missa matutina.

 

Festa da Rainha

A festa da rainha, que tem início por volta das 15 horas do dia 17, tem como ponto alto a caçada da rainha, que neste ano vai contar com 14 pares de caçadeiras e caçadores, montados a cavalo, além dos tradicionais caretas. A caçada segue pelas ruas da cidade, acompanhada pela população que segue a pé, ao som de tambores, até o botequim onde a rainha dança com os caçadores. A cada ano os figurinos são renovados e remetem às roupas de época utilizada pela corte europeia.

 

A noite é celebrada a missa onde é feita a coroação da Rainha e do Rei e logo depois é realizada a festa com café e bolo típicos como amor perfeito, bolo de mãe, quebrador, trovão, além de vários sabores de licores, danças de tambor e baile.

 

Neste ano, Egislene Gomes é a rainha e disse ao T1 que se dispôs a realizar a festa pela fé. “Minha mãe foi rainha em 2007 e eu vi a fé e o amor das pessoas. Foi quando eu falei que também ia ser rainha pelo amor e pela fé”, disse Egislene, ao informar que a festa em devoção de Nossa Senhora este ano é dedicada aos seus avós Gabriel Matos e Eliza Gomes. “Eles eram nossa estrutura e foi através deles que tivemos a oportunidade de conhecer essa tradição”.

 

 

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