Imagine acordar e não ter de digitar uma única pesquisa: o seu assistente digital já preparou seu resumo matinal, listou opções de itinerário e até comprou o que você precisa para o café. Para muitos, essa cena parece saída de um filme de ficção. Mas, segundo Silva et al. (2024), “agentes autônomos simples podem afetar significativamente a capacidade de descoberta criativa de grupos humanos” . Em outras palavras, o futuro da busca pode ser um parceiro ativo — e não mais uma caixa de texto estática. O que muda na prática?
Antigamente, ao visitar um site, tínhamos que digitar palavras-chaves e explorar centenas de links para encontrar algo útil. Hoje, agentes de IA, baseados em grandes modelos de linguagem (LLMs), tomam a dianteira: eles definem metas, aprendem com os próprios erros e entregam soluções personalizadas sem que você precise digitar cada etapa do processo (Johnson & Pérez, 2025) . “Sempre que penso em planejar uma viagem, o ‘Aiko’, meu agente virtual, já cuida de passagens, hotel e até me recomenda restaurantes com base no meu histórico."
Veja uma analogia para melhor entendimento: pense no correio tradicional, você vai ao caixa, despacha cartas e aguarda a entrega. Agora, imagine um carteiro que antecipa suas correspondências, seleciona o que é urgente, organiza sua correspondência diária e até responde alguns emails por você. Esses agentes de IA funcionam exatamente assim, deixam de ser meros mensageiros e se tornam pilares ativos do fluxo de informação.
Agora, por que os sites tradicionais entrarão em crise? Devido a alguns fatores essenciais: Curadoria inteligente: o agente filtra automaticamente o conteúdo relevante, economizando horas de navegação. Proatividade: ele gerencia sua agenda, pagamentos e consultas, tudo de forma automatizada. Aprendizado contínuo: adapta-se aos seus gostos e necessidades, tornando-se mais eficiente a cada dia
Pórem, nem tudo são flores: há riscos reais de privacidade, bolhas de filtro e dependência excessiva. O Pew Research Center alerta que, apesar das promessas, especialistas temem que a descentralização do controle sobre a informação gere novas formas de desigualdade e desconfiança.
Ai vem a pergunta: Quem detém o controle? Você já parou para pensar em quem programa esses guias digitais? Se quem define parâmetros e limites é uma empresa ou uma plataforma única, trocamos o poder de grandes portais pela influência de pouquíssimos detentores da tecnologia de ponta.
Portanto podemos concluir que na transformação imperativa: as empresas e usuários deverão migrar de interfaces reativas para plataformas com agentes autônomos. No campo da ética e governança: desenvolver políticas transparentes de uso de dados e incluir mecanismos de supervisão humana. Na capacitação do usuário: ensinar a interagir conscientemente com agentes, conhecendo seus limites e responsabilidades. O que devemos fazer agora? Experimentar assistentes baseados em IA em pequenas tarefas diárias. Participe de fóruns e debates sobre regulação de inteligência artificial. Acredito que estamos muito perto dessa evolução da internet.
Leia Life 3.0 (Tegmark, 2017) e Superintelligence (Bostrom, 2014) para entender os fundamentos históricos e filosóficos dessa revolução.
Referências
- Bostrom, N. (2014). Superintelligence: Paths, Dangers, Strategies. Oxford University Press.Johnson, A., & Pérez, L. (2025).
- Rise of the Agentic AI Workforce. IEEE Computer Society Magazine.Pew Research Center. (2023, June 21).
- As AI Spreads, Experts Predict the Best and Worst Changes in Digital Life by 2035.Silva, J. et al. (2024).
- Simple autonomous agents can enhance creative semantic discovery. Nature, 614, 58–67.
- Tegmark, M. (2017). Life 3.0: Being Human in the Age of Artificial Intelligence. Penguin Books.
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