Olhar econômico: uma análise do PIB do TO e suas perspectivas de desenvolvimento

Prof. Dr. Francisco Viana Cruz.
Descrição: Prof. Dr. Francisco Viana Cruz. Crédito: Divulgação

O Produto Interno Bruto (PIB) é uma métrica macroeconômica que representa o valor total dos bens e serviços finais produzidos em uma região durante um período específico, sendo fundamental para avaliar a saúde econômica e a capacidade produtiva de uma nação. O PIB per capita, obtido ao dividir o PIB pelo número de habitantes, permite comparações no padrão de vida médio.

 

Não obstante a sua utilidade para economistas, formuladores de políticas e investidores é crucial. Cabe, no entanto, atentar para as limitações, pois não abrange todos os aspectos do bem-estar econômico, desconsiderando a distribuição de renda, qualidade de vida e impactos ambientais. Apesar disso, o PIB é uma medida que reflete o desempenho financeiro de uma região, indicando o valor total de produção durante um período determinado.

 

No contexto específico do estado do Tocantins, o PIB tem apresentado crescimento significativo, evidenciando os esforços para atrair investimentos e desenvolver setores estratégicos. Um dos setores que contribui significativamente para a economia do Tocantins é o agropecuário, que desempenha papel destacado, com ênfase na produção de grãos (soja e milho) e pecuária, contribuindo expressivamente para a balança comercial.

 

A agroindústria emerge como uma força com potencial significativo na economia do Tocantins, apesar de encontrar-se em uma fase inicial de desenvolvimento. Esta indústria detém a capacidade intrínseca de agregar valor à produção primária. Além disso, a produção mineral, energia (usinas hidrelétricas), e turismo apresentam oportunidades de crescimento no PIB tocantinense.

 

Os setores de comércio e serviços desempenham papel importante na economia do estado, impulsionados pelo crescimento urbano e expansão empresarial. Palmas, como centro de desenvolvimento, atrai investimentos e se consolida como polo administrativo e comercial, com destaque para os setores de serviços, comércio varejista, serviços financeiros e tecnologia. Outros centros urbanos relevantes são Araguaína e Gurupi.

 

A análise dos dados recentemente apresentados pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) acerca do PIB oferece uma visão essencial sobre a dinâmica econômica da economia do Tocantins. O notável aumento de 9,2% no crescimento do produto representa um aumento vigoroso em relação ao ano de 2020, apresentando o segundo maior crescimento entre os estados brasileiros, atingindo o valor de 51,8 bilhões de reais. O setor agropecuário se destaca como motor desse crescimento, contribuindo com cerca de 28% na composição do PIB estadual com 13,4 bilhões de reais. Enquanto isso, a participação da indústria na formação do PIB mostra-se em declínio representando não mais que 11%, ou seja, 5,1 bilhões, tornando-se cada vez menos expressiva. Já o setor de serviços, por sua vez, mantém sua posição como o segmento com a maior participação no PIB do estado com 28,3 bilhões representando 61%. Vale ressaltar a contribuição do Tocantins na composição do PIB nacional é de 0,57%.

 

A aglutinação e disparidade nos níveis do PIB entre os municípios tocantinenses sinalizam uma notável assimetria econômica. A soma dos PIBs dos dez principais municípios, notadamente Palmas, Araguaína, Porto Nacional, Gurupi, Paraíso do Tocantins, Formoso do Araguaia, Campos Lindos, Lagoa da Confusão, Guaraí e Colinas do Tocantins, alcança a cifra de 28,5 bilhões de reais, estes municípios representam aproximadamente 55% da economia do estado.

 

Contrastando com essa concentração econômica, a avaliação do desempenho dos dez municípios de menor expressão econômica, a saber, Rio da Conceição, Oliveira de Fátima, Taipas do Tocantins, Novo Alegre, São Félix do Tocantins, Lavandeira, Tupiratins, Chapada de Areia, Santa Terezinha do Tocantins e Novo Jardim, revela uma contribuição que não atinge sequer 1% do PIB total do estado. Esta disparidade ressalta uma notável centralização da atividade econômica nos municípios de maior porte, indicando que apenas 7% dos municípios tocantinenses respondem por mais de 50% do PIB estadual.

 

Nesse sentido, em vista da necessidade de uma análise mais aprofundada sobre os fatores subjacentes a essa distribuição desigual, considerando aspectos como a implementação de medidas que promovam o desenvolvimento econômico regional de forma mais equitativo em todos os municípios. É importante mencionar que o estado ainda enfrenta desafios socioeconômicos, como a necessidade de promover a inclusão social e reduzir as desigualdades regionais e setoriais. O desenvolvimento de políticas públicas voltadas para a educação, saúde e infraestrutura social é fundamental para garantir que o crescimento econômico beneficie toda a população. Outro ponto relevante é a preservação ambiental.

 

Assim, para consolidar e impulsionar ainda mais o desenvolvimento do Tocantins, é crucial promover a sustentabilidade em todas as esferas. Isso inclui práticas agrícolas sustentáveis. A diversificação da agroindústria, explorando nichos de mercado e investindo em pesquisa e desenvolvimento, é crucial para impulsionar seu crescimento. A criação de parcerias estratégicas entre o setor privado, instituições de pesquisa e o governo pode catalisar inovações, promovendo a adoção de práticas mais eficientes e sustentáveis.

 

No cenário internacional, o Tocantins pode explorar oportunidades de comércio exterior, especialmente na ampliação das exportações de produtos agrícolas e minerais. Parcerias estratégicas e acordos comerciais podem abrir novos mercados e atrair investimentos estrangeiros, fortalecendo a economia estadual.

 

No âmbito cultural, valorizar e preservar as tradições locais pode fortalecer a identidade tocantinense. Eventos culturais, festivais e atividades que promovam a diversidade e o patrimônio cultural contribuem para o fortalecimento da coesão social e atraem turistas interessados na rica herança cultural da região.

 

Em resumo, o Tocantins, com seu potencial econômico diversificado e riqueza natural, está em uma posição estratégica para alcançar um desenvolvimento sustentável e inclusivo. O equilíbrio entre crescimento econômico, preservação ambiental, inclusão social e investimentos em capital humano é a chave para construir um futuro próspero e resiliente para o estado, desde que haja um planejamento estratégico e investimentos adequados.

 

*Por Prof. Dr. Francisco Viana Cruz, economista e professor – IFTO.

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