Bonilha aposta no fechamento da escala usando médicos com salário abaixo do teto

O secretário de Estado da Saúde, Samuel Bonilha, disse que espera fechar a escala com plantões extras de médicos sem ultrapassar o teto salarial. O secretário disse que espera diálogo da classe médica

Samuel Bonilha, secretário da Saúde
Descrição: Samuel Bonilha, secretário da Saúde Crédito: Bonifácio/T1Notícias

A Secretaria da Saúde (Sesau) vive um impasse quanto ao fechamento da escala de médicos para este mês nos hospitais do Estado. Com a carga horária dos profissionais que trabalham atualmente nas unidades, somente com os plantões regulares, a escala de algumas especialidades só fecha até a terceira semana do mês, em média, dependendo do hospital. No caso do Hospital Maternidade Dona Regina, por exemplo, como explicado ao T1 pelo diretor clínico Paulo Lázaro, a escala de médicos pediatras só fecha até o dia 22.

 

Os médicos do Estado decidiram não fazer mais os plantões extras porque o pagamento será incorporado à remuneração dos profissionais, não podendo ultrapassar o teto salarial, que é próximo a R$ 25 mil.

 

Em reunião na quarta-feira, 11, o Ministério Público Estadual (MPE) recomendou que a Sesau e o Sindicato dos Médicos (Simed) chegassem a um acordo para que a escala fosse fechada. Conforme explicou a promotora Ceres Gonzaga Rezende ao T1 Notícias, “a Sesau explicou que alguns médicos poderiam fazer os plantões até que chegue ao teto. A Sesau vai fazer uma nova escala de trabalho considerando as especialidades médicas, de forma que se cubra o mês todo sem atingir o teto”. A recomendação é que o acordo seja feito até o dia 19.

 

O secretário de Estado da Saúde, Samuel Bonilha, disse ao Portal que a Secretaria tem médicos suficientes para fechar a escala de Pronto Socorro. “Se não conseguirmos fechar, vamos fazer o que nos foi recomendado pelo Ministério Público. Temos condições de fechar no Pronto Socorro. Nas outras especialidades que não têm profissionais, há possibilidade de que eles façam os plantões extras, pois têm profissionais que ganham menos de R$ 24 mil que podem fazer os extras até que se atinja o teto”, pontuou. De acordo com o secretário, o responsável pela escalação dos médicos é o diretor clínico da Unidade.

 

Ainda sobre o fechamento da escala e o risco de que não haja médicos para o atendimento à população, Bonilha ponderou: “é uma ação conjunta entre a classe médica e a gestão. Eu não quero entrar em conflito nenhum. Nós estamos disponibilizando os profissionais para que essa escala seja fechada”.

 

O secretário confirmou que há déficit de médicos na rede estadual. “Nós pagamos os plantões extras justamente por isso, é uma realidade do nosso Estado. Não existem médicos suficientes, principalmente para as especialidades”, disse.

 

Conforme explicou o secretário, a escala dos profissionais funciona da seguinte forma: os médicos com carga-horária de 20h por semana fazem três plantões de 24h por mês; os médicos que têm carga-horária de 40h por semana fazem seis plantões de 24h por mês; e os médicos com 60h por semana fazem nove plantões de 24h mensalmente. Dessa forma, as datas em que os profissionais realizam seus plantões regulares, se no começo do mês ou no final, não mudaria o cenário, já que uma semana do mês não estaria coberta por falta de médicos.

 

O secretário disse ainda que já tem a autorização para a contratação de pelo menos 70 médicos para diversos hospitais do Estado. Segundo a Sesau, 26 profissionais já estão trabalhando nos seguintes hospitais: Hospital Regional de Alvorada, Hospital Infantil de Palmas, Hospital Geral de Palmas, Hospital Regional de Araguaçu, Hospital Dona Regina, Hospital Regional de Guaraí, Hospital e Maternidade Tia Dedé, Hospital Regional de Paraíso, Hospital Regional de Araguaína, Hospital Regional de Augustinópolis e Hemocentro de Palmas.

 

Hospital Dona Regina

O Hospital Dona Regina conta hoje com 104 médicos lotados. O T1 Notícias aguarda resposta da Sesau referente a quantos profissionais seriam necessários para que a escala do hospital fechasse sem a necessidade dos plantões extras.

 

Questionado sobre a situação do Hospital Dona Regina, que segundo informado ao T1 está sem diretor geral desde janeiro, o secretário disse que “tem o diretor técnico, o Fábio Moraes, que está entregando o cargo. Já estamos fazendo convites para que algum médico assuma a diretoria”.

 

Sobre a falta de pediatras no hospital, prevista para o dia 23, o secretário disse que deve dialogar com a classe médica. “Vamos dialogar, essa será nossa premissa básica. Se não, o Ministério Público vai esperar a nossa comunicação e vamos fazer isso. O que não pode é a população ficar desassistida”, disse ao afirmar que o Simed ainda não fez nenhuma sinalização de acordo.

Comentários (0)