Em visita ao HGP, Musafir e secretários são alvos de reclamações de pacientes

Pacientes e acompanhantes que aguardam por cirurgia e outros procedimentos nos corredores do HGP aproveitaram a visita surpresa do Comitê de Gestão da Crise para protestar e pedir providências

Secretários visitam HGP
Descrição: Secretários visitam HGP Crédito: Foto: Twitter/Secom

O Comitê de Gerenciamento da Crise, composto pelos secretários do staff de decisão do governo do Estado, reuniu-se nas primeiras horas da manhã desta terça-feira, 1º de março, para percorrer as instalações do Hospital Geral de Palmas, numa visita surpresa, liderada pelo secretário de Saúde, Marcos Musafir.

 

A imprensa acompanhou a equipe composta ainda pelo secretário de Governo, Lyvio Luciano; do Planejamento, Davi Siffert; da Casa Civil, Télio Leão Ayres; da Comunicação, Rogério Silva; Luiz Antônio da Rocha, da Controladoria Geral; Geferson Barros, da Secad; e Sérgio do Vale, da Procuradoria do Estado. Pelo menos por três vezes os secretários foram alvo de protestos, reclamações e pedidos de ajuda por parte de pacientes internos e familiares que aguardam nos corredores pela solução de problemas variados, incluindo cirurgias eletivas, como é o caso do gastrônomo Julio César, internado há dez dias no corredor, com hérnia de disco. 

 

“Aqui falta álcool para fazer assepsia, falta agulha da fina, estão colocando aquela mais grossa na veia da gente. Estou aqui à base de morfina e só opera aqui se for amigo de político. Tem que ter misericórdia com uma coisa dessas”, protestou. Ele chamou a atenção do secretário Marcos Musafir, por duas vezes. Na segunda, protestou aos gritos: “cadê o dinheiro dos nossos impostos? Tem que ter solução nesse hospital”.

 

A equipe foi alvo ainda do descrédito de outros pacientes. “Só querem mídia. Para de filmar e vem resolver os problemas da saúde”, gritou uma paciente numa maca no corredor, próximo à sala de exames de imagem. Na saída do centro cirúrgico, no momento mais tenso do enfrentamento feito por pacientes e acompanhantes, a filha de uma interna idosa, que aguarda cirurgia se descontrolou, cobrando solução do secretário. Musafir parou para conversar, mas não conseguiu dialogar com a moça: “eu posso falar? Ninguém está aqui para acabar com a Saúde”, tentou o secretário. “Eu não vou calar a boca. Tenho que falar pela minha mãe”, gritava a senhora. “Nós estamos trabalhando para resolver isso”, respondeu o secretário. “Então resolva, eu quero acreditar. Resolva”, respondeu alterada a senhora.

 

Enfrentamentos são diários

Segundo a diretora do Hospital, Renata Duran, que acompanhou a equipe pelos corredores e dependências do HGP, o enfrentamento é diário, provocando estresse entre os servidores que trabalham com as condições que têm, mas respondem aos pacientes e seus acompanhantes pela falta de insumos, medicamentos e pela superlotação do hospital.

 

“Isso aqui já esteve pior. Na primeira vez que eu vim eram cerca de 115 pacientes aqui. Já saíram muitos”, disse Musafir durante a visita ao HGP. O secretário mostrou aos colegas as situações das quais depende de mais recursos para resolver, entre elas as obras paralisadas, que precisam ser retomadas. “Aqui temos problemas com fornecedores que não entregam medicamento diante do primeiro atraso”, explicou.

 

No Centro Cirúrgico o secretário foi informado que hoje, terça-feira, só são realizadas cirurgias de emergência por que falta de compressa a luvas descartáveis. A quantidade que ainda existe esta reservada à cirurgia de emergência. “Nem urgência estamos fazendo hoje”, informou a diretora do hospital.

 

Uma das profissionais que acompanhou a equipe pela visita desabafou em off. “É muito bom que o secretário venha e mostre aos outros como estamos trabalhando aqui. Assim quem sabe ele consegue o apoio necessário para resolver. Aqui além de trabalhar sem muito do que necessitamos a gente ouve as reclamações todos os dias. Esse enfrentamento acontece conosco diariamente, é um estresse”, argumentou.

 

Determinação de resolver

O secretário Marcos Musafir informou em coletiva no final da visita que está demandando novos recursos ao Ministério da Saúde para todas as necessidades que tem detectado nestas primeiras semanas à frente da Sesau. “Vamos pedir para insumos, equipamentos, para o combate à dengue, à Zika, ao Chicungunya”, explicou.

 

Falando em nome do comitê de Gerenciamento da Crise, o secretário de Governo, Lyvio Luciano avaliou que foi importante a visita do comitê ao HGP. “A determinação do governador é resolver, de um jeito ou de outro. Sei que a situação é grave, mas vamos resolver, vamos sair dessa crise”, finalizou.

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