Empresários debatem estratégias para enfrentar a crise no país, durante Encontro

Evento, que foi aberto pelo presidente da Fieto, Roberto Pires, contou com as presenças do jornalista Arnaldo Jabour e do economista Gustavo Loyola

Arnaldo Jabor faz palestra em evento
Descrição: Arnaldo Jabor faz palestra em evento Crédito: Bonifácio/T1Notícias

O Encontro Estadual da Indústria realizado pela Federação das Indústrias do Estado do Tocantins (Fieto) nesta terça-feira, 1º, abordou os desafios do setor no Tocantins e no Brasil em tempos de ajuste e contou com as presenças do jornalista Arnaldo Jabour e do economista Gustavo Loyola. Para o presidente da Fieto, Roberto Pires, a presença dos dois nomes foi importante para tratar da crise anunciada em 2014 e deflagrada neste ano. “A Fieto quer entender um pouco mais essa crise e as perspectivas para o futuro. Esse é um momento bom para debater”, afirmou Roberto Pires.

 

O presidente da Fieto avaliou que “a situação é difícil” e destacou que a crescente da carga tributária diminui a competitividade. “A indústria já teve uma participação no PIB nacional de 30% e hoje está abaixo de 15%. Dá para a gente entender o quanto o setor vem sofrendo. O Brasil vai superar essa crise, mas a movimentação política está contrária aos interesses de quem produz e realmente emprega”, disse Roberto Pires ao T1 Notícias.

 

Para o presidente, sair da crise não é fácil, pois a competitividade precisa ser mantida mesmo com as adversidades. “Passamos por um momento de ajustes e nós estamos bem no meio deles e tenho certeza que nossa competitividade será muito afetada nesse ano”, avaliou.

 

Diante das dificuldades, Roberto Pires explicou que era preciso trazer Jabor e Loyola para que os empresários tivessem condições de compreender melhor o momento atual de crise, que na avaliação do jornalista Arnaldo Jabor, “ninguém sabe ao certo o que vai acontecer” e ele iniciou sua palestra informando ao público que ia “tentar falar um pouco sobre esse tema misterioso chamado Brasil de hoje”.

 

De acordo com o jornalista o formato da crise do Brasil é inédito. “Há uma erupção de erros em todos os quesitos e setores”, disse Jabor ao fazer uma abordagem sobre o modelo da política brasileira e o sentimento vivenciado desde a época da colonização do país que é a “ideia de atraso e desenvolvimento”.

 

O jornalista abordou temas como a escravidão e herança trazidas de que o trabalho é para gente inferior, o que propicia cada vez mais adeptos à corrupção. Pra Jabor há, no brasileiro, uma espécie de cultivo da impossibilidade e ele ressaltou que a corrupção antes da atual crise “tinha o caráter amenizado por ser um vício pessoal”, mas segundo ele “hoje é um mal muito mais espalhado”.

 

Na sua avaliação, a presidente Dilma Rousseff (PT) “é incompetente, burra e teimosa” e o jornalista justificou sua fala afirmando que o modelo atual de gestão do Brasil é pautado na divulgação midiática e pseudo-ideológica.

 

Ajuste tardio, mas necessário

Para o economista Gustavo Loyola, o Brasil demorou muito para reagir economicamente à crise. “O ajuste é necessário, mas é preciso criticar o fato de ser o governo o responsável pelos problemas e ter tardado em atacar esses problemas, inclusive por influência eleitoral, porque se fizesse esse tipo de política lá em 2014 a situação seria diferente”, relatou o economista ao informar que na atual conjuntura “a dose do remédio tem que ser muito mais forte”.

 

Segundo Loyola falou ao T1 a economia e a política brasileiras estão mostrando que o país está no meio de uma recessão e para ele o ajuste na economia não tem como ser adiado. “Reduzir o déficit público, reduzir a inflação e criar condições para a retomada da confiança dos empresários e dos consumidores” foram algumas das medidas relatadas pelo economista como necessárias.

 

“A grande dificuldade que estamos enfrentando é a falta de confiança no governo. A Dilma está no seu pior momento de popularidade, o noticiário veicula pontos negativos a todo tempo e o governo vem perdendo sucessivas batalhas na Câmara e no Senado”, destacou Loyola, ao avaliar que “a grande dificuldade é entender como retomar a confiança”.

 

Para o economista, o Brasil não deve sair “tão cedo dessa crise”, já que no seu ponto de vista 2016 vai ser melhor que 2015, mas ainda com um crescimento praticamente zero. Somente em 2017 que Loyola acredita que o Brasil vai ter um crescimento um pouco maior.

 

“A economia brasileira é vítima de anos e anos de erros sucessivos da política econômica e no que o governo resolve corrigir esses erros é a sociedade que sofre. Reduziu preços da energia elétrica dois anos atrás e o que aconteceu agora? Nós tivemos o maior aumento de energia de todos os tempos e a inflação explodiu por causa disso”, relatou.

 

O evento contou com as presenças da vice-governadora Claudia Lelis (PV), do deputado Mauro Carlesse (PTB), do prefeito de Pedro Afonso, Jairo Mariano (PDT) e de diversos empresários como o presidente da Acipa, Fabiano do Vale.

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